Um desencontro de informações publicado por uma mídia local nesta semana acabou gerando desconforto para a Secretaria Municipal de Saúde. A publicação tratou o fato de uma família ter recusado o atendimento médico oferecido pelo Hospital Municipal como desaparecimento de bebê.
A notícia se espalhou com tanta rapidez, que imediatamente as emissoras de TV da região começaram a buscar mais informações, inclusive na Delegacia, sobre um possível sequestro dentro do hospital. A má interpretação dos fatos teve início com um boletim de ocorrência registrado por uma enfermeira do Hospital Municipal de Itapira na última segunda-feira, 10, às 19h30. No documento, a representante do serviço público relata que uma mãe retirou sua filha, de 12 dias, que estava internada sem autorização ou comunicação prévia e a levou.
Na tarde de quinta-feira, 13, a reportagem do jornal A Cidade entrou em contato com a secretária de Saúde, Rosa Ângela Iamarino, para esclarecer os fatos. Ela imediatamente tratou de desmentir os comentários de desaparecimento e sequestro que estavam circulando. “O que foi divulgado é uma mentira. Ninguém desapareceu, muito menos foi sequestrado”, exclamou.
Segundo o prontuário médico e declarações dos funcionários, a paciente de 12 dias deu entrada no Pronto Socorro do Hospital Municipal no último dia 10. Ela apresentava cor amarelada e a família decidiu procurar assistência. O bebê foi atendido e chegou a fazer um exame de sangue e os resultados apontaram o diagnóstico de icterícia neonatal. Diante disso, o plantonista resolveu internar a menina para que o tratamento de fototerapia, também conhecido como banho de luz, pudesse ser realizado.
O bebê foi encaminhado ao setor e seus responsáveis foram orientados quanto ao método do procedimento e a importância do mesmo. Durante a conversa, a técnica de enfermagem que fazia o atendimento acabou descobrindo que a mãe havia feito cesárea em Mogi Guaçu e ainda não tinha retirado os pontos. A funcionária explicou que era necessário retirá-los, pois poderia trazer problemas, e disse ainda que o hospital poderia fazer isso.
Em seguida, a mesma técnica se ausentou para descer até a UTI Neonatal para pegar o berço aquecido e o aparelho de fototerapia. Porém, quando ela retornou para o quarto não mais encontrou a criança e seus responsáveis.
“Imediatamente tentamos fazer o boletim de ocorrência online, que é um procedimento de praxe no caso de evasão de paciente. Porém, não conseguimos e a funcionária se dirigiu até a delegacia local. Como havia muita gente naquele horário e ela era gestante, o próprio policial que ali estava orientou que ela retornasse mais tarde. E assim foi feito. No período da noite uma de nossas enfermeiras foi até lá e registrou o B.O.”, explicou Rosa.
De acordo com a secretária, logo após os pais levarem a criança foram iniciados procedimentos para localizar a paciente e o serviço de saúde tentou entrar em contato com a família pelo telefone que fica no cadastro. Por diversas vezes ninguém atendeu até que conseguimos falar com a mãe do bebê. Ela foi orientada a levar a criança de volta para o hospital, pois a doença era grave e necessitava de tratamento. O hospital também comunicou sobre o registro do Boletim de Ocorrência. Mesmo assim, a mãe se negou a retornar e desligou o telefone dizendo que procuraria assistência em Mogi Guaçu, pois era de lá e ia procurar um serviço particular. “No dia seguinte, pedimos ao Conselho Tutelar e à enfermeira do Posto de Saúde para que fossem até a casa da família, mas ninguém foi encontrado. Depois acionamos o Cras (Centro de Referência de Assistência Social). Eles descobriram o local de trabalho do pai e foram até lá, mas descobriram que ele estava de férias”, complementou a secretária de Saúde.
Apesar do ocorrido, Rosa disse que o único fato realmente incomum é que os responsáveis não assinaram o Termo de Recusa de internação e que o Serviço de Saúde não pode obrigar ninguém a se submeter a qualquer procedimento ou tratamento. “No caso, essa criança de12 dias estava acompanhado do pai e da mãe, que são os responsáveis. Quando ela passou pela recepção a funcionária chegou a questionar a saída, mas os pais disseram que ‘estavam indo embora de alta’. Fizemos tudo o que deveríamos ter feito, mas em nada justifica desaparecimento ou seqüestro de paciente. Tudo está arquivado no prontuário”, concluiu Rosa Iamarino.
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