Apesar dos 69 anos de idade e quase 40 de carreira ao lado do “companheiro e irmão” Robertinho, o cantor e compositor Leo Canhoto, ainda exibe aquele visual característico de cabelos compridos, chapelão e óculos escuros que tem sido sua marca durante todos estes anos. No domingo, 01, antes de subir ao palco do Recinto Agropecuário “Carmen Ruette de Oliveira” para cantar para o público que foi prestigiar a décima-primeira edição da Tratorata, ele conversou com a reportagem do jornal A Cidade.
Bem disposto e bem articulado nas respostas, ao contrário do parceiro que é pessoa de poucas palavras, Léo Canhoto, ou Leonildo Sachi, natural de Anhumas, que fica no interior de São Paulo, disse que estava satisfeito em retornar a Itapira, onde já havia se apresentado numa ocasião em um circo mambembe e chegou a rodar algumas cenas do célebre filme Chumbo Quente, em 1979, na cidade. “Rapaz, mudou tudo, a cidade cresceu muito”, impressionou-se.
Apesar de não figurar com regularidade nas paradas de sucesso das emissoras de rádio como era comum em meados dos anos 70 e 80, o cantor garante que a popularidade da dupla jamais foi abalada. “Fazemos em média de três a quatro shows por semana e temos levado em alguns locais do país público de até 40 mil pessoas”, garante. A dupla, mais o sanfoneiro Weslei Matorazzo, 26, (ex- Paula Fernandes), percorre o país e a maior receptividade é encontrada em estados das regiões Centro-Oeste e Norte do país.
Indagado a respeito do que pensa da popularidade, da fama e dinheiro dos astros da chamada “sertanejo universitário”, Leo Canhoto disse que ainda não assimilou direito o que esse pessoal toca. “É uma música assim meio diferente, mas que caiu no agrado principalmente da molecada”, contemporizou. Ele diz que se trata de um movimento muito diferente da música de sua geração, que revelou exponentes como Milionário e José Rico, Duduca e Dalvan, João Mineiro e Marciano, Lio e Léo, entre outros, e da geração subsequente que tem como ícones Chitãozinho e Xororó, Leandro e Leonardo, Zezé di Camargo e Luciano, João Paulo e Daniel, entre outros.
Tocou em um ponto interessante, o do uso de instrumentos eletrônicos, fartamente utilizados hoje em dia e que, segundo ele, foi uma novidade introduzida pela primeira vez por ele e pelo parceiro. “Nós introduzimos recursos eletrônicos numa época em que isso era vi sto quase como uma heresia”, afirmou. “Usamos bateria, harpa e teclados eletrônicos, mais com a pretensão de criarmos uma espécie de efeito especial para composições que fazíamos e que acabou fazendo muito sucesso e que acabou, evidentemente, inspirando outros artistas”.
Goiás
Leo Canhoto contou ainda que veio a conhecer o colega em Goiás, em apresentações artísticas levadas naquele estado. José Simão Alves, o Robertinho, de idade não revelada, é natural de Buriti Alegre-GO. Decidiram que tinham uma “boa química” para cantar juntos e assim nasceu a dupla, cujo apogeu foi vivenciado no final dos anos 80, antes do chamado segundo ciclo da música sertaneja. Leo Canhoto é o principal compositor das músicas da dupla e é dele a maioria delas. “Usamos poucas músicas de outros autores”, finalizou.
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