No dia 03 deste mês foi celebrado o Dia Internacional do Deficiente Físico, condição esta que de diferentes formas se manifesta em milhões de pessoas ao redor do mundo. Em Itapira são centenas de portadores das mais variadas formas de deficiência física.
O aposentado Benedito Rafael da Costa entrou para o time há cerca de três anos. A diabete ocasionou a necessidade da amputação de sua perna esquerda. Foi apenas o início de um processo que tinha tudo para ser traumático.
Como se costuma dizer, desgraça pouca é bobagem. A esposa Carmem, com quem era casado há 40 anos, adoeceu e veio a falecer em seguida, segundo o viúvo, por causa da amputação. O único filho, Ricardo, sargento da Polícia Militar lotado em São Paulo, queria levá-lo para morar com ele. Benedito bateu os pés, ou melhor, bateu o pé e não quis ir. “Disse para ele não se preocupar que eu me adaptaria. Assim aconteceu”, revelou.
Benedito disse que aos poucos foi assimilando as dificuldades inerentes a uma pessoa com sua deficiência. Aprendeu a manejar rapidamente a cadeira de rodas. Conta que no começo tinha empregada para cuidar da casa, mas a dispensou pouco tempo depois. “Eu fazia as coisas melhor do que ela”, garantiu.
Apreciador de boa música e de bons pratos, ele mesmo faz tudo em sua casa. Quando recebeu a reportagem nesta semana, disse que tinha ele mesmo pintado as paredes. Na garagem um triciclo movido a bateria elétrica que encomendou de um mecânico especializado no assunto de Arthur Nogueira-SP.
Morador na rua Arthur Bernardes, no Jardim Itamaracá, Benedito começou a ter problema por causa da subida acentuada até sua casa. “O triciclo não chegava em casa. Não tinha força. Daí enviei ele para um amigo que me propôs uma outra solução e resolvi o problema instalando uma catraca sobressalente acionada por corrente de motocicleta”, relatou.
Para tudo o aposentado tem uma resposta pronta na boca.Afirma que é uma pessoa feliz, apesar das adversidades. “Lavo, cozinho, assisto televisão, ouço música e passeio bastante”, conta. Sua rotina consiste também em ir a supermercado, ao banco e ao posto de saúde pegar medicamentos. “Faço tudo de maneira prazerosa. Não gosto de reclamar, embora, às vezes as pessoas sempre nos surpreendam do lado negativo. Sou cauteloso, não sou burro, tenho força de vontade, não sou mau humorado e nem estressado”, elencou.
Adaptações
Em sua casa, foi adaptando aos poucos utensílios e eletrodomésticos para suas necessidades pessoais. Os interruptores por exemplo, foram instalados mais abaixo do que normalmente ficam nas paredes. O fogão, a geladeira e a máquina de lavar roupas ficam sempre posicionados de forma a facilitar sua ação. Coisas que não enxerga por exemplo nas ruas. “Infelizmente as ações do Poder Público de uma forma geral são paliativas e quase nunca levam em consideração as dificuldades de pessoas na minha situação. Temos muito que avançar nesta luta”, cobrou. E, para finalizar, disse que está em vias de conseguir uma prótese que vai, segundo projetou, tornar menos problemática sua locomoção. “Em breve estarei dando meus passinhos”, festeja.