Com direito a uma festiva recepção ocorrida na manhã de ontem na sede da Usina Nossa Senhora Aparecida, quando 27 romeiros que participam da 21ª Romaria Itapira/Aparecida juntamente com diversos amigos e familiares foram recepcionados pela empresária e benemérita dona Carmen Ruete de Oliveira; teve início o considerável desafio para estas pessoas que movidas por uma fé inabalável, esperam transpor a pé, até a próxima quinta-feira, dia 18, cerca de 300 quilômetros que separam Itapira de Aparecida, no vale do Paraíba.
O tamanho do desafio não assusta os mais ‘veteranos’ como o comerciante Pedro Luis Sartori, 58, que participa de sua 18ª caminhada, e o aposentado José Luiz Belini, 59, que realiza sua quarta participação. Os dois conversaram com A Cidade na companhia de Renato Pavinatto, duas caminhadas nas costas, mas que neste ano declinou do convite. “Não estou bem preparado para o desafio”, justificou.
Aliás, o termo “bem preparado” não é só retórica. “O ideal é que você se prepare, tenha um condicionamento razoável senão sofre bastante”, comentou Sartori. Ele e o colega Belini alegam que realizam com certa frequência caminhadas, mas que se apoiam principalmente no fato de estarem habituados a enfrentar este tipo de desafio com certa regularidade. “Já fomos não faz muito tempo a Bom Jesus do Pirapora também caminhando e tudo transcorreu da melhor forma possível”, comentou sobre participação em Romaria na cidade localizada na região metropolitana de São Paulo e também famosa por atrair romeiros.
Apesar da maioria já tem tido experiência parecida, Sartori reconhece que no grupo seguem alguns ‘novatos’ que, na sua opinião, deverão sentir a rotina puxada de se caminhar em média 50 quilômetros por dia. É o caso do designer gráfico Tiago Pompeu, que participa pela primeira vez. “Acho que não terei problemas, estou espiritualmente preparado. É isso que vale”, afirmou. Belini demonstra mais preocupação com quatro mulheres que integram o grupo. “Normalmente as mulheres sentem maior dificuldade. Em outras romarias também tivemos mulheres e demos um jeito de contornar os problemas surgidos”, revelou.
Menos mal que acompanhando os romeiros terá um ônibus durante todo o trajeto e nele seguem além das malas, material de primeiros socorros. “A gente tem em mente realizar todo o percurso integralmente. A fé nos motiva a isto. Agora, caso haja algum imprevisto, temos que ser responsáveis e estarmos preparados para qualquer situação que ocorra”, disse Jorge Jaconi, que ao lado de Sartori e Belini tem atuado na organização do evento.
Desafiados pelo cansaço, sol, chuva e por muitas bolhas nos pés, estas pessoas percorrerão caminhos que misturam paisagem rural e montanhas a perder de vista. Segundo cronograma estabelecido, depois da recepção na Usina, os participantes iniciariam um périplo por cidades mineiras. Pernoitariam ontem em Jacutinga, partindo hoje às 4h00 com destino até Inconfidentes, onde deveriam chegar por volta das 16h00. Saída à 1h00 e previsão de chegada em Pouso Alegre, passando por Borda da Mata, às 16h00. Nova saída às 4h00 rumo a Paraisópolis, num trajeto predominantemente rural, passando por Conceição dos Ouros e chegada prevista para às 17h00. Na terça-feira, o grupo sai de Paraisópolis às 3h00 rumo à divisa com São Paulo na Serra da Matinqueira, passando por São Bento do Sapucaí, até Santo Antonio do Pinhal, onde pernoita.
Basílica
No dia seguinte visitam um local famoso também por causa da peregrinação, o distrito de Engenheiro Lefréve onde existe a capela de Nossa Senhora Auxiliadora e local famoso também por causa da vista que oferece aos visitantes. Aí 80% do desafio já terá sido superado. Descida em direção à Pindamonhangaba às 16h00, novo descanso e no dia seguinte a partir das 3h30 novamente na estrada para chegar em Aparecida, distante 32 quilômetros, ás 11h00 na quinta-feira. “Se eu disser que a gente consegue descrever com precisão o sentimento de estar defronte à basílica (a Basílica Nacional de Nossa Senhora de Aparecida) depois de todo este sacrifício, estarei faltando com a verdade. É um sentimento indescritível. Só a fé pode explicar o que move tantas pessoas a aceitar este desafio”, conjecturou Pedro Sartori. “É uma forma que a gente encontra para agradecer a Deus e a Nossa Senhora por tudo que temos em nossas vidas”, reforça Belini.
Sartori, Pavinato e Belini: desafio movido pela fé
Participantes foram recepcionados na manhã de ontem pela empresária Carmen Ruete de Oliveira