O presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), prometeu anunciar amanhã (13) a ordem de chamada dos deputados para votação nominal do processo de admissibilidade do pedido de impeachment da presidenta Dilma Rousseff no próximo domingo (17). Deputados da base aliada acusam o peemedebista de tentar manipular a votação para influenciar o resultado em prol do afastamento de Dilma.
Presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha anuncia cronograma de votação do pedido de impeachment da presidenta Dilma no plenário
Cunha disse hoje (12) considerar ?bobagem? a discussão sobre o tema, apesar de admitir que ainda não definiu qual critério adotará. Na votação do impeachment do ex-presidente Fernando Collor, em 1992, o então presidente da Câmara, Ibsen Pinheiro, chamou os deputados por ordem alfabética, como querem agora os aliados do governo.
?De qualquer maneira que for feita a chamada, vai ter mais gente de um lado do que do outro. Um lado precisa de dois terços e o outro de um terço [dos votos]. Então, acho isso bobagem?, ironizou Cunha. Perguntado sobre a demora na definição dos critérios, o peemedebista disse que está ?analisando o regimento?.
Segundo Cunha, o Artigo 187, parágrafo quarto, do Regimento Interno da Câmara disciplina o processo de votação. No entanto, a Resolução número 22, aprovada em novembro de 1992, após a cassação de Collor, mudou o rito de chamada dos deputados.
?O que tem é a interpretação pelos precedentes. Vou fazer uma decisão bem fundamentada e vamos ler em plenário?. Cunha disse não acreditar que a ordem da votação possa influenciar no resultado final. ?Influenciar o quê? Todos os 513 deputados vão ser chamados, todos vão exercer seu direito a voto. Você acha que alguém vai chegar lá influenciado por alguma coisa? Isso é querer contar história. As pessoas têm ou não condição de ter os votos. Todo mundo vai chegar lá decidido. Tenho que cumprir o regimento?.
O vice-líder do governo, Paulo Teixeira (PT-SP), contudo, disse que Cunha age como um ?juiz de futebol parcial?. Os governistas temem que o início da votação por estados cujos deputados têm maior tendência favorável ao impeachment provoque o chamado ?efeito manada?, levando os colegas, principalmente os indecisos, a optarem por votar pelo afastamento imaginando que o resultado não será alterado.
?O presidente da Câmara quer fazer a regra conforme seus interesses. É importante dizer que ele não é imparcial, tenta tirar a presidenta Dilma Rousseff porque ele, na ordem sucessória, passa a ser vice-presidente da República?, disse Teixeira.
Para o petista, a regra ?mais democrática?, seria a adotada na votação do impeachment de Collor. ?A regra é clara: a ordem de votação deve ser por ordem alfabética ou, respeitando o regimento e a Constituição, começando pelos estados do Norte e terminando pelos estados do Sul. Ele quer fazer uma regra rompendo com o regimento, que favoreça o resultado que ele quer. No linguajar popular, esse juiz está no bolso do time que quer o impeachment, esse juiz é parcial?, acusou.
Votação no domingo
Outro ponto de tensão entre governistas e o presidente da Câmara é a votação do impeachment no fim de semana. Para a base aliada, marcar o desfecho do processo para o domingo provocará ?comoção social?, com risco de enfrentamento entre os defensores e os contrários ao impeachment.
?Ele quer convulsionar o Brasil, quer que haja conflitos. Por isso quer marcar em um domingo?, argumentou Teixeira.
Cunha considera mais seguro realizar a votação no domingo. ?Estamos na sequência. Pior é a gente adiar esse processo e fazer em um dia útil, em que se tem a vida normal, as pessoas trabalhando e uma Esplanada [dos Ministérios] ocupada. [No final de semana] pelo menos, se tem condição de dar segurança a todos aqui. Não vejo nenhum problema. Nós não estipulamos o dia de domingo?.
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