O advogado Thomás Antonio de Moraes, especialista em direito previdenciário,comentou as recentes medidas tomadas pela presidente Dilma Rousseff (PT), neste início de segundo mandato, mais notadamente na área da Previdência Social, com o objetivo de promover o chamado “ajuste fiscal”. Para ele, embora o governo esteja agindo de uma forma correta “no atacado” (sinalizar ao mercado que vai cumprir a promessa do ajuste fiscal) peca, segundo seu entendimento no varejo. “Estas medidas especificamente (na área previdenciária) acabam penalizando as pessoas mais pobres”, observou.
Por meio de uma Medida Provisória (que depois terá que ser analisada pelo Congresso Nacional), Dilma estabeleceu, por exemplo, que a pensão por morte, fica definido que será preciso comprovar o pagamento de 24 meses da contribuição previdenciária para ter acesso. Exceção para casos de mortes por acidentes de trabalho. Será preciso ter dois anos de casamento ou união estável. O valor a ser recebido será de 50% do salário-benefício para o cônjuge, seguido de acréscimos de 10% por dependente até poder completar 100% do total do vencimento. O benefício mínimo segue sendo de um salário mínimo por pensão.
Com relação ao abono salarial ogoverno determinou o aumento do prazo de afastamento pago pelo empregador antes do início do pagamento do auxílio-doença pelo Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), de 15 para 30 dias para segurados empregados. Também será fixado um teto no valor do auxílio-doença, equivalente à média das últimas 12 contribuições.
O governo também alterou as regras de concessão do seguro-desemprego. No primeiro pedido, serão necessários 18 meses de trabalho com carteira assinada e não mais seis meses. Para a segunda solicitação do seguro-desemprego, o trabalhador deverá ter contribuído durante 12 meses para o INSS. Já no terceiro acesso ao benefício, o trabalhador precisará ter ocupado um emprego formal pelo tempo mínimo de seis meses.
Moraes lembra que neste caso específico os trabalhadores mais jovens serão prejudicados. “Ninguém pode assegurar que o comportamento da economianos próximos meses irá garantir a atual taxa de pleno emprego. Se o emprego declinar, seguramente os trabalhadores com menor experiência estarão no olho do furacão e desassistidos com relação a um direito essencial”, criticou.
O advogado defendeu ainda que temas abrasivos como estes deveriam necessariamente serem discutidos pelo Congresso Nacional. “Tudo o que se refira a direitos adquiridos dos trabalhadores e da populaçãomais pobre, tem que antes passar pelo Congresso Nacional. Eu não tenho dúvida de que a partir do momento em que esta pauta foi integrada ao cotidiano dos congressistas, vai gerar muita discussão”, concluiu.
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