“Alguma coisa acontece no meu coração/ que só quando cruza a Ipiranga e a avenida São João”....quem não se lembra da canção “Sampa” de Caetano Veloso sobre este famoso cruzamento do Centro? A música sempre toca na cabeça de quem passa pela esquina. E não pára por aí, exatamente nesta esquina está o Bar Brahma (Av. São João, 677) – com cardápio de beliscos variados, e claro, chopp gelado. Agora, imaginem tudo isso assistindo ao “Demônios da Garoa” cantando “Trem das onze” ao vivo? Às quintas-feiras tem.
Caminhando mais um pouco chegamos ao Vale do Anhangabaú, e girando 360°, os quatros cantos trazem algum cartão postal da cidade: Viaduto do chá, o Prédio dos Correios, o antigo Banespa, o Edifício Martinelli e o recém-restaurado Teatro Municipal (Praça Ramos de Azevedo s/n), que acabou de completar 100 anos. Todos eles com muita história interessante que é uma delícia descobrir. Por exemplo, a construção do Teatro Municipal, que aconteceu em meados do século XX, foi inspirada na Ópera de Paris. Não só a bela fachada, mas também o interior impressionam pela riqueza de detalhes. Vasculhar tudo isso com os olhos já é um espetáculo. Além dos vários concertos de ópera, dança, orquestra e outros, o Teatro foi palco do famoso movimento que trouxe importantes transformações culturais para o país – “Semana de Arte Moderna de 22”. Nesta semana tumultuada e transformadora, esteve presente, entre tantos outros importantes nomes, o nosso conhecido Menotti del Picchia, autor do poema “Juca Mulato”.
O Teatro Municipal tem uma programação incrível e de preços variados. Tem que assistir algum espetáculo, pelo menos uma vez, e sentir o que é estar num Teatro deste porte.
Tomando o metrô Anhangabaú e descendo na estação Luz, nos deparamos com duas impressionantes construções: a Pinacoteca do Estado e a Estação da Luz. É bom lembrar que agora tem um terceiro ponto a ser visitado, colado com a Estação da Luz – O Museu da Língua Portuguesa. Curioso aprender a origem de algumas palavras cotidianas e tantas outras surpresas da nossa língua.
A Pinacoteca é toda feita de tijolos à vista, quase rústica, e está na frente do que já foi o primeiro parque público da cidade, e hoje é cheio de esculturas de artistas Brasileiros que se fundem com as enormes árvores – O Parque da Luz.
Difícil acreditar que uma construção ainda tão atual seja o museu mais antigo da cidade. O interior da Pinacoteca é prazeroso, graças a uma enorme claraboia entra luz natural e você não se sente enclausurado, como em muitos museus. O acervo de artistas Brasileiros impressiona e as exposições temporárias também. Aos sábados, é grátis!
A vizinha, Estação da Luz, foi toda construída com material trazido da Europa, já pegou fogo, já foi reconstruída e continua linda. Hoje é possível tomar o Expresso turístico, com locomotivas que levam para Jundiaí e Paranapiacaba.
Última parada, atravessando o Parque da Luz em direção ao Bom Retiro, bairro que já foi predominantemente de Judeus, a dica é experimentar o Restaurante Grego Acrópoles (Rua da Graça, 364). O lugar é pequeno e simples, todo em azul e branco, cheio de quadros pendurados, de lugares da Grécia, claro. Cardápio, só para decidir a bebida, pois a comida você escolhe nos panelões da cozinha. O Mussaká (espécie de lasanha grega) é muito saboroso, mas também tem lula recheada, polvo e outras especialidades gregas. Se tiver sorte, vai encontrar o dono, um simpático senhorzinho que faz questão de cumprimentar todos os clientes, e que até hoje cuida da compra dos itens do restaurante. Clima bem informal.
Nesse clima informal, encerro e aproveito para dizer que estarei ausente na próxima coluna. Por um bom motivo: férias!
Dica da Nat: Não resisti em deixar outra dica gastronômica. Filet do Moraes (Praça Júlio de Mesquita, 175). É um tradicional restaurante do Centro, que tem também filial na Alameda Santos. Ambiente muito simples, mas pouco importa, porque depois que o generoso filet banhado em alho chegar, não vai conseguir prestar atenção em outra coisa até o filet sumir do seu prato....
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