João Batista: foi bom enquanto durou
Quem olha de perto o autônomo João Batista Rossi Duarte, 45, teria enormes dificuldades para enxergar nele o personagem mais famoso entre crianças da maior parte do planeta durante a celebração do Natal: Papai Noel. A pelo morena e, principalmente, o biotipopróximo do esbelto, afastam toda e qualquer possibilidade de que alguém venha a contratá-lo para a função.
João Batista Duarte, apesar das evidências em contrário, exerceu de 1998 a 2000 a função de Papai Noel oficial da cidade. Ele relembra que na época possuía um corpanzil bem maior, com sobras nas cinturas, que segundo ele, dava para enganar com algum enchimento.
O convite foi feito assim meio que por acaso. “O Gonzaga ( o advogado Luiz Gonzaga Monteiro de Faria) teve algum problema do qual não me lembro, e não pôde assumir a função. Já estava meio em cima da hora. Aí o Ferrarini (Luis Henrique Ferrarini, ex-vereador) me disse que a Associação Comercial estava querendo preencher a vaga e me sugeriu conversar com o Zé Luiz (José Luiz Lopes, ex-presidente da ACEI). Conversamos e como ele percebeu que eu estava mesmo muito interessado e que eu gostava muito de crianças,acabou dando certo”, recordou.
No começo, Duarte conta que ficou sem saber exatamente como se portar. Mas, em seguida, desenvolveu um método próprio, que consistia em interagir com as crianças de maneira a deixá-las mais a vontade, como um animador de auditório. “Eu sempre deixava alguma coisa no ar para que aquela criança ali do meu lado matasse a charada e desta forma ficasse mais a vontade. Dava muito certo”.
Havia também o lado que cortava o coração. “Não foram poucas as vezes que eu recebia pedidos da criança cujos pais eram pobres. Era sempre uma situação muito triste no meu interior. Mas, evidentemente, que a gente tentava deixá-la contente. Uma vez, contei para a minha mãe (Áurea Rossi, falecida em 2001) o caso de um menino que queria um boneco do homem aranha e ela comprou o brinquedo e me fez dar a ele. Precisei segurar as lágrimas”, revelou.
Ao lado da mãe, ele se viu numa saia justa quando o filho Junior, hoje com 18 anos, fitou-o depois que uma criança lhe puxou a barba. “ O Junior tinha ido até a casa do Papai Noel com a minha mãe. Ele percebeu que era eu pelo meu nariz. Neguei, mas depois que passou a época do Natal cheguei nele e contei a verdade. Não teve trauma, ele aceitou bem a iniciativa”, relembra.
O falecimento da mãe em 2001 abortou sua participação como Papai Noel. Desde então, vem lutando para sobreviver. Acabou se tornando vendedor autônomo e até dois anos atrás era possível ser visto em frente ao antigo Clube XV de Novembro, com seus pertences. “Levei alguns tombos que me causaram dificuldades. A gente acaba confundindo amizade com negócio e fui lesado. Mas nada que a gente não consiga reverter”, mencionou.
Atualmente, João Batista Duarte arrumou um trabalho no Instituto Samaritano e se diz satisfeito. “Estou contente, num momento muito bom, com saúde e trabalhando”, afirmou. Indagado se não sente algum tipo de nostalgia quando vê o Papai Noel atendendo a criançada, disse que bate uma enorme saudade, mas que, aquele período em sua vida, ficou definitivamente para trás.”Hoje os projetos são outros, as prioridades são outras. Bola para frente!”, encerrou.
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