De acordo com uma pesquisa feita pela médica do trabalho Margarida Barreto, 43% dos pesquisados relataram já terem sofrido algum tipo de agressão moral no ambiente de trabalho. São profissionais que se dizem humilhados por seus superiores ou pares.
De acordo com a médica, a humilhação no ambiente de trabalho – ou assédio moral – está diretamente ligada a uma hierarquia autoritária ou mesmo de colegas de trabalho que se sentem os veteranos e “donos do pedaço”.
Uma seqüência de agressões desencadeia a ansiedade da vítima, causando no perseguidor o medo e a raiva.
A humilhação se dá de várias formas, desde chamar atenção aos berros na frente de outras pessoas até ignorar a presença da pessoa. Em algumas situações um sorriso de deboche pode ter um efeito catastrófico.
É muito comum, por exemplo, pessoas que nem sequer dão bom-dia quando chegam no ambiente de trabalho, como se o outro não estivesse ali. É um duro golpe na auto-estima da pessoa.
A humilhação atinge o indivíduo em sua auto-estima, mina suas emoções e faz com que ele se sinta indeciso, inseguro e confuso. O trabalho se torna um pesadelo.
Em consulta médica, há queixas de dores pelo corpo, insônia, medo, depressão, choro fácil, aumento da pressão arterial, diminuição da libido, dores de cabeça e distúrbios digestivos.
Uma das formas de se defender da humilhação é compartilhar o problema com os colegas, pedir a opinião deles. A solidariedade ajuda muito nessas horas. Se ainda assim a pessoa continuar sentindo dificuldades, deve procurar se afastar da esfera de influência do agressor.
Como resultado da pesquisa, há diversas formas de agredir alguém. Uma das formas mais comuns é através do medo. Por exemplo, um chefe insinuando que a situação lá fora não está fácil, gerando um sentimento de pena pelo alerta e estar sendo poupado da “guilhotina” ou forçando o subordinado a solicitar demissão.
De acordo com Margarida, há vários tipos de agressores.
O mais conhecido é o humilhador pitbull. Ele é agressivo, perverso em palavras e atos. Demite friamente e quase por prazer.
Há o humilhador profeta, que se acha o dono da verdade.
Um outro tipo de agressor é o troglodita, aquele chefe brusco, grotesco, eu mando você obedece.
Existe também o humilhador tigrão. Ele se impõe pelo medo adotando medidas grosseiras e se sente realizado por ser temido.
Por fim, o mais perigoso de todos é o grande irmão. Aquele que se aproxima das pessoas, dá tapinhas nas costas, conhece detalhes da vida pessoal e usa essas informações de forma desonesta.
Fonte: Jornal Administrador Profissional.
Não existe uma legislação especifica sobre o assunto. O que existe é o artigo 483 da CLT que prevê a rescisão pelo empregado em casos como a cobrança com rigor excessivo ou quando o empregador pratica contra o funcionário ou de sua família atos lesivos à honra e à boa fama.
Normalmente o funcionário assediado depõe contra a empresa quando dela se desliga, através de reclamação trabalhista.
O que acabamos de ler é uma realidade da maioria das empresas, deixando pessoas tensas e estressadas, levando muitas vezes ao afastamento do trabalho.
O caminho é o trabalho de conscientização e prevenção, através das lideranças internas.
Antonio Bento Rodrigues
Gerente de RH da Metal 2 e Coordenador do GRHUM
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