Ao anunciar na semana passada que pretende implantar até o final de abril uma equipe de apoio da Guarda Municipal para atuar exclusivamente na zona rural, o Prefeito José Natalino Paganini acabou indo de encontro a um antigo anseio da comunidade itapirense que reside e trabalha fora da área de abrangência urbana. Sua decisão encontrou respaldo por exemplo no seio do Sindicato Rural de Itapira, uma das mais tradicionais entidades representativas do setor produtivo rural em toda nossa região.
Os irmãos Gabriel e Renato de Mello Sartorelli, respectivamente atuais diretor-presidente e diretor – tesoureiro do Sindicato manifestaram sua surpresa e aprovação pela implantação da medida. “ Achamos que a medida chega em boa hora. Quando por ocasião de uma sucessão de ocorrências policiais registradas no segundo semestre do ano passado e que causou enorme insegurança entre produtores rurais de toda a cidade, tivemos a iniciativa de sugerir ao antigo comando da Secretaria de Defesa Social, que pensassem em algo parecido com o que foi anunciado agora”, contou Gabriel.
Renato revelou que no início do ano foi surpreendido pela visita de um emissário da própria Secretaria de Defesa Social, o qual, disse a ele e seu irmão de forma genérica que precisava de informações a respeito de toda a extensão da zona rural e que isso visava a compilação de informações para planejar uma ação mais eficaz de atendimento para a área rural. “ Já imaginava que algo estava sendo planejado, mas, evidentemente, assim como as demais pessoas, não tinha ideia do que estava sendo planejado”, esmiuçou.
Questionado de que forma a entidade poderia contribuir para o sucesso desta empreitada, Gabriel foi taxativo. Segundo ele, o Sindicato “infelizmente não possui dotação própria” que eventualmente possa ajudar materialmente na execução do programa, mas que a entidade oferecerá toda sua rede de contatos e de informações para ajudar naquilo que seja possível. “ A iniciativa é extremamente importante, e como tal merece todo apoio dos produtores rurais”, defendeu.
Segurança
O assunto, evidentemente, ganhou repercussão nos meios de segurança do município. José Carlos Domingues, presidente do Conselho Municipal de Segurança (CONSEG) avalia que a medida anunciada reflete uma “clara e manifesta cobrança do setor rural por mais condições de segurança”. Ele, com apoio e iniciativa do comando da 3ª Cia de Policiamento Militar de Itapira, tem sido protagonista de encontros com moradores da zona rural desde o final do ano passado com o objetivo de criar uma rotina de participação destes moradores nas discussões sobre segurança. Domingues disse que não se trata de criar um outro órgão somente para cuidar dos interesses dos ruralistas “um Conseg Rural”, mas fazer chegar até os moradores destes locais mais distantes este tipo de discussão. “ A questão da violência e da criminalidade não tem fronteiras. Neste aspecto devemos fortalecer o policiamento comunitário”, filosofou.
O oficial comandante da 3ª Cia, Capitão Luciano Peixoto, também vem com bons olhos a criação de um apêndice, “uma linha auxiliar” em sua definição, na fiscalização da zona rural. Principal incentivador de encontros com moradores e produtores da zona rural para incluir a questão da segurança no rol de suas preocupações, Peixoto dedica tal interesse ao assunto que elegeu o assunto como objeto de uma monografia que irá realizar para conclusão de um curso de especialização que está realizando em nível de segurança pública.
Cauteloso, como em outras ocasiões quando instado a falar sobre os limites de atuação da Guarda Municipal no tocante a tarefas constitucionalmente determinadas somente ao policiamento a cargo das Secretaria de Segurança Pública , Peixoto reforça o discurso da legalidade. “ Vejo, evidentemente, com bons olhos que haja esta determinação do município em investir numa estrutura que venha a melhorar a cobertura do atendimento para a zona rural que por si só é muito extensa. Mas, nunca é demais lembrar que este serviço deve ser integrado àquele já exercido pela própria Polícia Militar, funcionando como uma linha auxiliar”, reforçou.
O comandante lembra ainda quando determinou no segundo semestre do ano passado que as rondas a cargo da Rocam se tornassem mais frequentes na Zona Rural, acabou sentindo uma receptividade muito boa. “ Muitas pessoas nos disseram que ficaram surpresas com a presença do policiamento. A ideia foi exatamente mostrar para os moradores a importância do policiamento comunitário. É este trabalho que estamos querendo fortalecer”, encerrou.
Gabriel ( direita) e Renato: medida bem recebida no setor
Domingues: criar hábito de se discutir a questão da segurança
Capitão Peixoto: reforçar o conceito de policiamento comunitário