Molinari: recusou várias ofertas de compra
Desde que a Volkswagen do Brasil confirmou em agosto que a famosa Kombi deixará de ser fabricada, um certo sentimento de nostalgia já toma conta dos aficionados pelo veículo. Também nas revendas Volkswagen foi registrada uma correria para garantir os últimos exemplares.
“Nos dois últimos meses aumentou muito o emplacamento de Kombis novas aqui na cidade”, confirma Eduardo Breda, gerente da Miranda Veículos, revendedora Volkswagen. Ele admite que tão logo foi anunciado o fim da fabricação seu setor tratou de avisar os potenciais clientes para que, se quisessem, reservassem um veículo novo.
Por conta da desistência do veículo, a montadora lançou sua última edição. Serão 600 unidades da Kombi Last Edition com pintura especial “saia e blusa” (teto em branco com o restante da carroceria em azul), rodas aro 14 e calotas pintadas de branco, assentos com revestimento em vinil nas mesmas cores do exterior, bordados exclusivos e o que a Volkswagen aponta como equipamentos exclusivos: numeração no painel, rádio com entrada para cartão de memória e conexões USB/MP3 e Bluetooth (destoando de todo o visual clássico da edição), novo grafismo no painel de instrumentos, certificado de autenticidade e adesivo especial marcando os 56 anos de produção no Brasil (lançada na Alemanha em 1950, a Kombi é feita por aqui desde 2 de setembro de 1957). O custo disso tudo: R$ 85 mil.
Atualmente, a Kombi convencional é vendida nas configurações Furgão (R$ 44.918), Standard (R$ 48.429) e Lotação (de passageiros, e na qual se baseia a série Last Editon, a R$ 52.211).
Eduardo Breda disse que por conta do custo final a Miranda abriu mão de trazer o veículo,mas pode tentar conseguir um via encomenda caso alguém se habilite. Segundo estimou, em 50 anos de atividade, a Miranda deve ter comercializado cerca de 1,2 mil desses veículos
Evilázio Moino, da direção da Miranda e um dos grandes nomes em mecânica de automóveis de toda a região, acha que a decisão da Volks foi precipitada. Embora reconheça que os argumentos usados pela montadora para acabar com a linha de produção (obrigação em colocar air bag e freios ABS em todos os veículos nacionais a partir do ano que vem) sejam legítimos, avalia que abrir mão de um veículo que atende preferencialmente o pequeno empreendedor é um grande erro estratégico. “A montadora tem capacidade técnica para criar um substituto a altura e que receba os dispositivos de segurança necessários sem aumentar em demasia seu custo de fabricação”, defendeu.
Saudosismo
A notícia também deixa triste muitos fãs que o veículo tem na cidade. Ademir Molinari, 59, tem uma modelo 73 já há 32 anos. Comprou de segunda mão de um padre e a usa para entregar material de uma loja de decoração. “É pau para toda obra. Dificilmente quebra. Nunca fiquei na mão com a minha e já tive várias propostas de compra, mas não vendo”, afirmou. “Fiquei triste com a notícia”, comentou.
Wágner Jorge Baptista, 55, gerencia um negócio de transporte de estudantes e usa a Kombi para atender estudantes que moram na zona rural. “Para estrada de terra não tem outra. Só a Kombi”, garante. Ele contou que tem uma relação de proximidade com o veículo. “Até para entregar pão eu já usei a Kombi”, disse. Ele acredita que o final da fabricação inevitavelmente vai aumentar o valor das Kombis. “Vai se criar um mercado negro” exagera.
O autônomo Valter Aparecido Amábile, 54, faz carretos e usa uma Kombi com caçamba, ano 85. “Estou muito satisfeito com ela. É claro que da forma como a gente trabalha, carregando peso, pegando estrada, não podemos negligenciar em sua manutenção. Mas posso garantir que ela agüenta o tranco. Fico triste em saber que deixará de ser fabricada”, lamentou
Wágner: na zona rural é única
Eduardo Breda: vendas aumentaram depois do anúncio
Evilázio Moino cobra um substituto a altura
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