O comerciante Muhhamad Abdel H-Ali, de Catanduva-SP, conheceu a Festa de Maio por acaso há quase 40 anos e de lá pra cá nunca mais abandonou o evento. Proprietário de uma barraca de doces, ele faz cerca de dez festas ao ano e foi em uma dessas que ouviu falar de Itapira. “Em 1978, eu estava na cidade de Brotas fazendo a Festa de Santa Cruz e um dos colegas me falou pra vir pra cá, pois era uma cidade muito boa. Eu decidi vir, mas fui à igreja do Centro e fiquei muito bravo com quem tinha me indicado, achando que tinham me enganado. Foi então que uma pessoa me disse que a festa era no São Benedito”, conta ele.
Com o caminhão carregado de mercadoria, ele chegou à Festa de São Benedito e se deparou com a ausência de espaço para montar sua banca de doces. Sem ter o que fazer, ele acabou inventando uma história para a diretora do IEEESO (Instituto de Educação Estadual Elvira Santos de Oliveira), atual Escola Estadual Elvira Santos de Oliveira, e conseguiu se instalar no portão do ginásio. “Eu menti dizendo que minha mulher estava grávida pra ter a ajuda dela. Fiquei no portão e gostei da venda e do povo. Fui muito bem acolhido”, relembra.
No ano seguinte, ele ficou em frente ao portão da escola e posteriormente conheceu o amigo Edésio Ramos de Oliveira, que o ajudou a ganhar mais visibilidade na festa. “Tenho uma recordação muito bonita do povo de Itapira, que nos acolheu muito bem”.
Nesses 37 anos, o compromisso de ‘seo’ Muhhamad sempre foi o de oferecer produtos de qualidade com preço baixo. Atualmente instalado na Rua Cônego Guerra Leal, que desemboca no Largo São Benedito, ele traz variedades em cocadas e doces típicos com promoções que atraem ainda mais fregueses dos que os que já são fiéis.
Aos 70 anos, casado, pai de quatro filhos, Muhhamad acredita que a vocação para os doces tenha vindo de seu pai, que já foi padeiro. Quando criança, ele buscava por uma renda extra e viu uma oportunidade ao notar os vendedores de doces que iam até os bares de sua cidade. Foi então que deu início à produção do doce de banana, que fez muito sucesso e foi o precursor de todas as outras especiarias.
Hoje, ele conta com a ajuda da esposa, do irmão e dos netos para seguir em frente com o empreendimento, desde a produção dos produtos ao atendimento aos clientes. Neste ano, ele conta com a ajuda das netas gêmeas Samira e Sara e do neto Yusef.
Sem falhar um ano sequer, o comerciante agradece ao santo padroeiro pela força em continuar participando da tradicional festa itapirense. Em todos esses anos, ele acompanhou o crescimento do evento, seja nos quesitos espaço, atrações e econômico. “O mundo está crescendo e a festa acompanhou”. Questionado sobre a sua força para se manter ativo na festa depois de tanto tempo, novamente ele se refere à religiosidade. “Essa força é Deus que dá. E enquanto Ele me der forças de andar vou continuar vindo aqui”, finalizou.