Após o terremoto de 8,8 pontos na escala Richter e o tsunami que devastou o Japão nesta sexta-feira (11), o governo pediu por um número limitado de equipes estrangeiras de busca e resgate.
As últimas informações oficiais, divulgadas às 16h50 (horário de Brasília) pela polícia japonesa, dão conta de pelo menos 384 mortos, 947 feridos e 707 desaparecidos. Entretanto, a imprensa local já fala em mais de mil vítimas e outras 100 mil desaparecidas. Com o amanhecer deste sábado (horário local), os números da devastação devem aumentar.
"O Japão pediu equipes internacionais de busca e resgate, mas somente algumas", disse à agência Reuters Elisabeth Byrs, porta-voz da agência da ONU para a coordenação de assuntos humanitários, em Genebra. Mais cedo, o órgão disse que cerca de 68 equipes de busca e resgate de 45 países estavam à espera do pedido de Tóquio.
O epicentro do terremoto foi no oceano Pacífico, a 400 km de Tóquio, a uma profundidade de 32 km. Os primeiros tremores foram identificados às 14h46 (2h46, horário de Brasília).
A costa do país foi a mais atingida. Apenas em Sendai, uma das cidades mais afetadas, mais de 200 corpos foram encontrados pela polícia na praia, segundo a agência de notícias local Jiji Press.
O terremoto gerou um tsunami que invadiu cidades da costa leste do Japão com ondas de até 10 metros que arrastaram barcos de pesca e outras embarcações pelas cidades. Vários veículos e casas ficaram submersos.
Ondas gigantes teriam viajado pelo Pacífico a uma velocidade de cerca de 800 km/h, antes de atingir a costa do Japão.
Diversas réplicas estão sendo registradas ainda no país: uma delas, de 6,6 pontos de magnitude, atingiu o noroeste do Japão.
As comunicações no Japão estão prejudicadas. Os celulares estão funcionando com limitações e a telefonia fixa, em Tóquio, com irregularidade.
O metrô da capital japonesa foi paralisado, os carros detidos nas estradas, os aeroportos foram fechados e os prédios foram evacuados após o soar das sirenes e os chamados à evacuação.
A refinaria de petróleo Cosmo, na cidade de Chiba, perto de Tóquio, pegou fogo, com as chamas de até 30 metros de altura. Incêndios em refinarias de outras cidades também foram reportados.
O ministro do Comércio e da Indústria japonês, Banri Kaieda, admitiu a possibilidade de um pequeno vazamento na usina nuclear de Fukushima, província no nordeste do Japão.
Sobreviventes da tragédia relatam frio e escuridão na área atingida já que a rede elétrica foi bastante danificada.
Inicialmente, a Agência de Meteorologia Japonesa noticiou que a intensidade do terremoto havia sido de 8,9 pontos na Escala Richter, informação corrigida depois para 8,8 pontos.
De acordo com agências de notícias, este é o maior tremor que atinge o país em sete anos, e o 7º maior na história, segundo dados do Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS). Já a Agência de Meteorologia Japonesa afirmou que este foi o terremoto mais forte registrado no Japão.
O último terremoto de grandes proporções registrado no Japão aconteceu em 1932, em Kanto. O tremor de magnitude 8,3, matou 143 mil pessoas, segundo o USGS. Em 1996, um tremor de magnitude 7,2, em Kobe, deixou 6.400 mortos.
O terremoto abalou prédios em Tóquio e fez com que as autoridades emitissem um alerta sobre tsunamis. O sismo provocou 14 incêndios em edifícios da capital japonesa.
A metrópole japonesa está condicionada a suportar fortes terremotos sem que se produzam danos materiais e sua legislação proíbe, por exemplo, que os edifícios estejam em contato para evitar que um arraste o outro durante os sismos.
O fornecimento de energia elétrica foi interrompido na capital e em regiões vizinhas, afetando cerca de 4 milhões de residências. Por precaução, prédios foram evacuados.
Imagens do canal de televisão NHK registraram fumaça saindo de um prédio em Odaiba, bairro de Tóquio, logo após os tremores. O mesmo canal exibiu outra reportagem na qual carros e barcos foram varridos na prefeitura de Fukushima, após o tremor.
Diversas pessoas ficaram feridas na queda do telhado de um edifício no centro de Tóquio onde 600 estudantes participavam de uma cerimônia de entrega de diplomas, de acordo com os bombeiros.
Na província de Fukushima, nordeste do Japão, uma represa rompeu e casas foram tragadas, segundo informou a agência de notícias Kyodo.
O serviço de trem-bala para a região norte do país foi suspenso e as atividades do aeroporto Narita, em Tóquio, estão interrompidas. Outras fontes dizem que o serviço de trens e aviões não está funcionando “em grande parte do país”, segundo as agências de notícias.
Em Sendai, edifícios ficaram em chamas, o aeroporto, no distrito de Miyagi, foi fechado depois de ser inundado com carros e demais veículos que estavam nos arredores durante o tremor, e as estradas estão repletas de lamas.
Um trem de passageiros da empresa East Japan Railway Co. está desaparecido, segundo informou a agência japonesa Kyodo. O trem estava perto da estação de Nobiru, no percurso que liga Sendai a Ishinomaki, no momento do terremoto.
Outras imagens mostram o nível da água subindo rapidamente na cidade costeira de Miyako, na prefeitura de Iwate. Dezenas de carros estavam boiando nas águas do porto e vários barcos estão à deriva. O parque de diversões Disney de Tóquio também ficou inundado por causa do tsunami.
O governo do Japão chegou a emitir um estado de emergência na usina nuclear de Fukushima devido a uma falha no seu sistema de resfriamento registrado após o tremor. O governo mandou evacuar 2.000 pessoas que residem nos arredores da usina.
O ministro do Comércio e da Indústria japonês, Banri Kaieda, admitiu a possibilidade de um pequeno vazamento na usina, depois de funcionários relatarem um aumento da pressão em um dos reatores, após o terremoto.
O primeiro-ministro do Japão, Naoto Kan, afirmou que o terremoto causou "maiores danos" no nordeste do país, mas que as instalações de energia nuclear na área não foram atingidas e não há risco de vazamento de material radioativo. O chefe de gabinete Yukio Edano afirmou que o estado de emergência foi uma precaução.
Em Viena, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) informou que as quatro usinas nucleares japonesas situadas perto da área atingida pelo terremoto foram fechadas por segurança.
A agência de notícias Kyodo disse que um incêndio ocorreu na usina nuclear Onagawa, da Tohoku Electric Power Company, no nordeste do Japão após o terremoto.
Em outro incidente, a província de Fukushima, local de uma usina nuclear da Tokyo Electric Power, disse nesta sexta-feira que o sistema de resfriamento do reator estava funcionando, negando uma informação anterior de que a instalação teve problemas.
Brasileiros
Segundo nota do Itamaraty, não há notícias de brasileiros feridos pelo terremoto. Atualmente a comunidade brasileira no Japão é de 254 mil habitantes, sendo que a maior concentração está na região centro-sul do país, área menos atingida pelo terremoto.
A Embaixada do Brasil em Tóquio está trabalhando em regime de plantão 24 horas e solicita que pedidos de informação sejam dirigidos ao endereço eletrônico [email protected], já que há dificuldades de comunicação por telefone, especialmente em linhas de celular.
O Núcleo de Atendimento a Brasileiros (NAB), que está em contato com a rede consular no Japão, colocou linhas de atendimento à disposição do público: (61) 3411 6752/6753/8804 (de 8h às 20h) e (61) 3411 6456 (de 20h às 8h e finais de semana). Consultas poderão ainda ser dirigidas ao endereço eletrônico [email protected].
A região onde se encontra o Japão foi atingida por outros terremotos durante a semana. Na quarta-feira, a costa norte do país foi atingido por um terremoto de 7,3 pontos localizado no Oceano Pacífico, que não deixou danos. Um dia depois, várias réplicas, a maior delas com magnitude de 6,8 pontos na escala Richter, voltaram a sacudir a costa nordeste do Japão.
Terremotos são comuns no Japão, o país que registra a maior atividade sísmica. Localizado em uma área chamada de "Anel de Fogo", região onde ocorrem 90% dos tremores de todo o mundo, o Japã contabiliza cerca de 20% dos terremotos do mundo, com magnitude acima de 6 pontos na escala Richter.
*Com agências internacionais
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