Através de coletiva de imprensa realizada na manhã de ontem, o presidente do Cristália, Ogari de Castro Pacheco, o presidente da Oscip (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) Irmã Angélica, Carlos Marangão, a administradora hospitalar da Santa Casa, Silmara Sant’Ana, e a enfermeira chefe do hospial, Helen Catarino, apresentaram o balanço do primeiro ano de atuação à frente da instituição filantrópica. Assim como foi relembrado em dezembro de 2013 a Irmandade Santa Casa de Misericórdia de Itapira estava em vias de fechamento iminente, com o caixa de apenas R$156, dívidas com fornecedores, prestadores e bancos na casa dos R$ 3,3 milhões, salários de funcionários atrasados, UTI (Unidade de Terapia Intensiva) desativada, poucos leitos em funcionamento, falta de medicamentos, materiais e mantimentos, descredenciamento do SUS e pendência da Certificação do Ministério da Saúde como Entidade Filantrópica. “Quando fomos convidados para ajudar a Santa Casa, entendemos que para poder melhorar o panorama havia necessidade de algo estruturado e organizado, ou seja, uma Oscip, que representa a sociedade e é composta de membros dispostos a trabalhar no sentido de recuperar a Santa Casa e de trazer sua contribuição sem conotação partidária ou ideológica que não fosse de servir à sociedade. Acredito que conseguimos”, disse Pacheco.
Carlos Marangão, presidente da Oscip, destacou que o cenário encontrado em 2013 apontava perda de qualidade do hospital como entidade filantrópica e, portanto, foi necessário um extenso processo de treinamento em qualidade de RH e desempenho, com padronização de atendimento, melhoria contínua e comunicação, tudo em parceria com consultores voluntários de Itapira e região. “Estamos no meio de um processo de construção de um modelo administrativo de sustentabilidade, que demanda de um tempo de trabalho muito maior do que percorremos até aqui e também de recursos financeiros para investimentos. Nosso foco tem sido a gestão, que tem que ser técnica, eficiente e colaborativa. Não rompemos em nada com o passado, mas estamos trabalhando de forma coordenada focando qualidade imediata, redução de desperdícios, perdas de processos, melhoria contínua, flexibilidade”, pontuou.
Entre os pontos destacados no comparativo entre os meses de dezembro de 2013 e 2014 ficou evidenciada a redução de parte da problemática encontrada pela Oscip. Além da posição do caixa de R$ 603,9 mil, as dívidas com fornecedores foram renegociadas restando R$ 363 mil, as dívidas com prestadores de serviços foram quitadas, os salários dos funcionários está em dia, a UTI voltou a funcionar alcançou taxa de 60% de ocupação e a certificação junto ao Ministério de Saúde está regularizada. Além disso, novos convênios foram firmados, como é o caso da Amil, e outros estão em fase de negociação, como a Saúde Bradesco e SulAmérica. Dentre os investimentos, houve a reforma das instalações elétricas da lavanderia na ordem de R$ 60 mil, aquisição de equipamentos para o Centro Cirúrgico com verba de R$ 120 mil, além a elaboração de projetos para Ampliação do Pronto Socorro, Reforma da Recepção e Reforma do Pavilhão Virgolino de Oliveira. “Chegar em um hospital com esse déficit e risco iminente de fechamento deixa claro que não era possível reverter essa situação em apenas um ano. Esse é um projeto a médio e longo prazo. E a saúde financeira da entidade deve ser atingida depois de três de trabalho. Conseguimos reduzir cerca de 50% do déficit é isso e muito bom visto que haviam dificuldades em várias áreas”, explicou a administradora hospitalar Silmara Sant’Ana.
Conforme destacou a administradora, ainda há muito para avançar, mas é necessário destacar o que já foi feito até agora, como a negociação com bancos, fornecedores e prestadores, melhoria nos processos de aquisição de insumos e medicamentos e redução de estoques visando a fórmula clássica de aumentar receitas e reduzir estoques. “Não reinvestir no hospital reflete diretamente no atendimento do usuário. Precisamos focar no que é o nosso negócio, que é o de atender as pessoas e fazer a prestação de serviços médicos”, disse Sant’Ana.
Ainda no tocante de números, foi mencionado o aumento de 16% nas diárias hospitalares e 10% nos atendimentos do pronto socorro “Foi um crescimento ainda maior nas internações cirúrgicas, o que significa que estava acontecendo uma evasão de pacientes para outras cidades. E agora o profissional médico está sentindo segurança e as melhorias e trazendo os pacientes para cá. Isso indica credibilidade”, complementou a administradora.
Na visão de Pacheco, os números mostram uma curva de tendência para o ponto de equilíbrio financeiro e, para auxiliar nesse processo, estão previstos alguns eventos beneficentes, assim como ocorreu no ano passado com o show de Jorge Aragão. Em primeira mão, ele anunciou que no mês de junho Itapira receberá uma apresentação especial de Sérgio Reis e Renato Teixeira, ícones da música raiz. O dinheiro arrecadado será destinado para compra de equipamentos hospitalares. O empresário também mencionou a possibilidade de buscar apoio junto a empresas e indústrias da cidade para novos investimentos, principalmente nas reformas de hotelaria.
Ainda dentro do planejamento deste ano, Silmara Sant’Ana mencionou as negociações com a Secretaria Municipal de Saúde para a oferta de exames de diagnóstico aos pacientes SUS. “Ainda não está bom, mas muito melhor em todos os sentidos, desde a alimentação ao atendimento do pessoal. É difícil dar percentuais, mas eu diria que alcançamos pelo menos 50% do trabalho a ser desenvolvido”, declarou Pacheco.
O presidente da Oscip, Carlos Marangão, também aproveitou a oportunidade para pedir aos membros da irmandade para que retornem às suas atividades e colaborem com o desenvolvimento do hospital. “Não objetivamos lucros, mas sim superávits”, concluiu.
Dengue
Durante a coletiva, os membros da mesa foram indagados sobre a questão da dengue no município. Ogari de Castro Pacheco enfatizou que o atendimento está sendo oferecido e todas as orientações do protocolo do Ministério da Saúde estão sendo seguidas. “Os casos estão sendo atendidos e tudo o que vem para a Santa Casa é notificado para a Vigilância Epidemiológica”, afirmou.
A enfermeira chefe Helen Catarino também aproveitou da oportunidade para apresentar o número de notificações do Pronto Socorro nos últimos meses. Em outubro foram 13, novembro 56, dezembro 121 e até o dia 29 de janeiro 158. “São casos suspeitos e positivos considerados virgens, ou seja, que não haviam passado em nenhum outro estabelecimento médico anteriormente”, explicou
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