Nesta quinta-feira, dia 4 de março, às 17h, a itapirense Assistente Arilza Coraça e a técnica Lais Elena Aranha concederam uma brilhante entrevista, na sede do portal Cidade de Itapira. Pelo portal participaram Renato Silva e Nino Marcati, do jornal Tribuna de Itapira, Tobias Valdissera, do A Cidade, Beto Coloço, e Aline Canto do Gazeta Itapirense.
PERGUNTA: Como tem sido conviver com a mídia depois da conquista do campeonato da Liga de Basquete Feminino pelo Santo André?
ARILZA: O assédio da imprensa esportiva foi tão grande que acabou sendo muito desgastante para nós podermos atender a todos.
PERGUNTA: Nos outros campeonatos não eram assim?
ARILZA: Não. No campeonato paulista nós fomos finalistas. No jogo final, em Santo André, com o ginásio lotado e com a presença do nosso prefeito Aidan, acabamos perdendo, e não houve esse retorno de mídia que deu o campeonato nacional.
LAIS: Foi por causa do Brunoro, com a entrada da BSB, ele, praticamente, está cuidando do marketing da Liga. Finalmente, o basquete começa a se estruturar, ganhar espaço na mídia e atrair patrocinadores. Passamos por momentos difíceis. Hoje, superados.
PERGUNTA: Dá para imaginar o basquete num novo caminho. Podemos esperar bons frutos para os próximos dois anos?
ARILZA: Sim estamos no bom caminho. O basquete masculino está mais fortalecido, hoje já conta com muitos patrocinadores. O basquete feminino começou a caminhar para isso, agora. Mas a vantagem que Liga deu, Brunoro arrumou os patrocinadores para a Liga, então os clubes participaram do campeonato sem ter nenhuma despesa, nada. Nem passagem de avião, ônibus, estadia em hotel, alimentação, tudo...
LAIS: Até a arbitragem.
PERGUNTA: São quantas equipes?
LAIS: São oito. Estão pensando em chegar a doze. Eu, particularmente, prefiro dez.
PERGUNTA: O basquete continua concentrado em São Paulo. É possível atingir outros estados como está acontecendo com o masculino, como Londrina que está indo bem, Rio também?
LAIS: Não existem tantas equipes femininas nos outros estados como existem no masculino, mas a idéia é pegar um centro como o Paraná, por exemplo, a cidade São José dos Pinhais que tem uma estrutura, tem um projeto interessante, tem muitas escolhinhas, então você pode levar um time pronto de São Paulo pra lá para ser um espelho para aquelas crianças, participar da Liga, ser mais um Estado, porque eu acho que Santa Catarina já tem uma estrutura boa já, Joinville e Blumenau, enfim.
ARILZA: Mas alguns Estados fazem, como Pernambuco faz o basquete feminino há muito tempo, lá eles têm dificuldade de manter o feminino adulto. Maranhão tem o Betinho que faz. O que acontece assim, é que as crianças vão se sobressaindo e vindo para São Paulo. A Iziane, que está na WNBA, é do Maranhão, começou com o trabalho do Betinho.
PERGUNTA: É fato que o basquete não consegue seguir a mesma sequencia do vôlei, com altos e baixos. Por que isso acontece?
LAIS e ARILZA: Aí já é uma outra história. É um outro patamar. É questão de gestão, de massificação. O vôlei tem atrás dele o Banco do Brasil, e hoje você sabe que o BB, a potência que é, aí você pega a Globo e os principais programas de TV da Globo e o BB patrocinando a maioria dos programas, a Globo dá todo apoio ao esporte que o banco patrocina. Isso faz a diferença.
PERGUNTA: Mas o basquete também já teve grandes patrocinadores, não teve?
ARILZA e LAIS: Sim, nós tivemos da Arcor, Lacta, Vaporeto, Pirelli, enfim, patrocinadores fortíssimos, mas era um vai e vem danado. Na década de 90 o basquete feminino era muito forte. Nós tínhamos o campeonato regional nosso, era um dos melhores do mundo, muitas estrangeiras e tudo. E o que aconteceu? De repente a Europa começou a pagar muito e nós tivemos um êxodo mais de dezoito jogadoras de nível A foram embora... Aí os patrocinadores começaram a sair. Houve a Inversão da moeda, lembra que era um para um? Nós trazíamos jogadoras. Depois, foi o contrário, o dólar subiu...
PERGUNTA: O basquete, antigamente, era pouco conhecido, pouco praticado. Hoje, ele está na maioria das escolas, pelo menos nas particulares. Toda cidade que tem uma quadra, tem o basquete sendo praticado, ou seja, está bem difundido. Talentos também existem, estão por aí e fora do país. Vocês acreditam que a consolidação do basquete, chegou o momento?
ARILZA: Eu trabalhei vinte e sete anos numa escola pública, por opção, uma missão, eu sempre gostei de trabalhar com a criança. A maioria das crianças que praticam basquetebol são carentes, moram na periferia, lá eu descobria mais talentos. Só que a Educação Física era masculina e feminina. Hoje, é dentro do período e turma mista, então a criança, pela falta de segurança, é difícil sair sozinha... Enfim, há alguns fatores que na Educação Física escolar foram modificados e isso está dificultando a massificação. Eu creio que muitos talentos estão sendo perdidos, principalmente nos grandes centros, onde a criança não consegue chegar nos locais que oferecem a iniciação esportiva.
PERGUNTA: Você não considera que a falta de ídolos também compromete o desenvolvimento do interesse das crianças para o basquetebol feminino? Depois de Hortência, Paula, mais recentemente, Karina, o basquete viveu um vácuo.
ARILZA: Então, mas quando a gente começa a exportar talentos a gente precisa detectar que alguma coisa de errado está acontecendo. Se você pegar no voleibol masculino, hoje a Superliga me faz acompanhá-los, eu que nunca tive paciência de assistir jogos pela televisão, habitualmente. A Superliga está maravilhosa. Os nossos talentos que estavam na Itália e pelo resto da Europa, com a crise, foram repatriados.
PERGUNTA: Você está dizendo que a chance do basquete voltar aos bons tempos seria o retorno das nossas grandes estrelas?
LAIS: Os que estão nos EUA, nem pensar. Lá a coisa é de milhões de dólares. Não temos a menor chance.
PERGUNTA: Mas não dá para se fazer alguma coisa, mesmo eles jogando fora?
LAIS: Sim, a CBB tem feito algumas ações nesse sentido. Quando eles vem de férias ou quando estão servindo a seleção, alguns deles, são levados nas favelas do Rio, mas isso a cada dois anos. É alguma coisa, mas é muito pouco. Nós temos que crescer. Mas como a Arilza falou, o problema maior é a falta de Educação Física como era antes, masculino, feminino, fora do período, quando não tínhamos a massificação, mas tínhamos condição de levar o esporte até a criança e não esperar que a criança vá onde tem o esporte, porque a condução é cara, a dificuldade dos pais...
PERGUNTA: Nós tempos uma Liga Regional que pega Itapira, Iracemápolis... Outras regiões a gente quase não vê isso. Falta um pouco disso? Ter alguma entidade que promova algum tipo de competição?
ARILZA: Eu acredito que sim, e o que é importante também você trazer a competição, várias vezes nós fomos fazer jogos de exibição em cidades do interior levando duas equipes, mais ou menos do mesmo nível, colocando as crianças para assistirem. Agora na final em São José dos Campos, Santo André mandou seis ônibus de torcida, sendo três ou quatro com torcedores, mas o resto eram crianças que já praticam e assistem o treinamento do adulto. Só deles verem a final, um novo formato, os olhos delas brilhavam.
PERGUNTA: Com a olimpíada de 2016, existem projetos de preparação?
LAIS: Para chegarmos às olimpíadas de 2016 não podemos pular etapas. Aliás eu tenho uma grande preocupação com que a Hortência está fazendo agora. Por exemplo: nós temos o pré-olímpico classificatório para 2012. Ela quer levar as novas. E eu já falei. Corremos o risco de ficar fora de Londres e a modalidade ao invés de ter aquele impulso para 2016, ela vai cair. Então a proposta nossa é de que se leve o melhor time agora, as melhores jogadoras que estão em atuação e ela tem muito tempo, de 2012 a 2016, para trabalhar a nova geração. A nossa sugestão é que se pegue o talento da sub 14, deve ter umas duas ou três, o talento da sub 15, duas no máximo, pega todas as gerações e as coloquem, juntas, treinando até 2016. Jogando, treinando, aqui, na Europa, nos EUA. Do que adianta pegar uma seleção da sub 19, onde não faríamos nada e gastaríamos uma fortuna fazendo um pré-mundial, com doze jogadoras, onde nove são medianas. Penso que o ideal é juntar os talentos pensando em 2016. Tem cabimento deixar Micaela, Ega, tudo de fora dessa seleção para ficar levando sei lá quem?
ARILZA: Nós conhecemos o Barbosa e sabemos que ele é uma pessoa muito inteligente, eu acho que tudo o que ele fez e continua fazendo, mostrou agora, em Ourinhos, ele assumiu e a levou à final, é uma experiência que não pode ser desrespeitada e simplesmente ignorada, a mesma coisa é quando você cuida de atleta. A Hortência, com 36 anos, foi resgatada, foi para a competição depois de ter sido mãe e de ter parado de jogar. E quando perguntaram ao Barbosa o que ele achava se a Micaela deveria voltar para a seleção brasileira, ele foi enfático – ela nunca deveria ter saído, pois foi afastada por uma pessoa que desconhece a cultura brasileira, que não fala o nosso idioma, não se sabe se ele se fez entender pelas atletas, ela tem 31 anos e se mostrou na Liga, na nossa equipe, uma das principais jogadoras.
PERGUNTA: Com esse, quantos títulos nacionais?
ARILZA: Nacional, o segundo. Nós fomos campeãs do Sul-americano. Só se adquire o direito de disputar o Sul-americano sendo campeã nacional. Depois da perda do patrocínio, a partir de 2001, a equipe foi mantida com mais dificuldade, com apoio da Prefeitura de Santo André. Bolsas de estudos em algumas escolas e universidade para as atletas, mas sempre estivemos entre as quatro melhores equipes. Um ano só é que ficamos em quinto. Fomos campeãs dos Jogos Abertos do Interior, Jogos Regionais, mas o nacional veio depois de onze anos.
PERGUNTA: Como você vê o basquete de Itapira hoje? Você tem acompanhado?
ARILZA: Eu quero dizer que a parceria de escolas com o esporte é muito importante. Eu gostaria que todas as escolas dessem a importância que o Anglo de Itapira dá ao basquetebol feminino da cidade. O marketing esportivo une as duas coisas: esporte e educação. Com relação ao time feminino de Itapira, antes eu acompanhava mais porque eu tinha as minhas sobrinhas que jogavam e até sobrinhas netas. Houve um hiato. Agora eu tenho a Mariane Paschoalim Reatti, que tem oito anos, estuda no Colégio Anglo de Itapira e joga na equipe. Ela me telefonou e já vai para a primeira competição. Eu brinco com ela. Eu vou com você para a Itália. Você vai ser uma excelente pivô, ela tem estatura, ama o esporte. Eu não acompanho o time. Eu tenho a certeza de que o Flávio plantou a sementinha, boas sementes que estão frutificando, as meninas que jogavam com ele fizeram faculdade e hoje já estão trabalhando o basquete. Essa sementinha foi plantada lá atrás pela Antonia Coraça. E antes da Antonia, que era a Coraçona e eu a Coracinha, a Dona Cida. Foi a professora Cida que me apresentou o basquetebol, aqui em Itapira, aos onze anos. Muitas vezes ela ia até o sítio me buscar e me levar. Hoje eu tenho uma lembrança maravilhosa, lembro até a cor do esmalte que ela usava, ela tinha a pele muito morena. Eu tenho um grande respeito e uma enorme gratidão por ela e pelo Seu Silas que era casado com ela e que felizmente, ele, continua conosco. Daquela sementinha, eu frutifiquei, fui fazer faculdade, me tornei jogadora, professora de Educação Física e plantei outras sementinhas que estão trabalhando. E aqui é assim, Dona Cida plantou, veio a Coraçona, Coracinha, o Flávio chegou e assim está indo. Eu creio que o basquete feminino de Itapira está bem.
PERGUNTA: Fale um pouco sobre o projeto Bola Laranja e o de vida, de voltar para Itapira.
ARILZA: O Bola Laranja foi aprovado com a Lei do Incentivo, mas, infelizmente, os dois anos reservados para a captação de um milhão e sessenta e dois mil reais, tinha que ser uma grande empresa, o projeto era ambicioso e nós não conseguimos, mas nem por isso deixamos de trabalhar com as crianças de Santo Andre e de outras regiões. Agora, mesmo, estamos com três meninas de Miracema. Atendemos cerca de 120 crianças, além do trabalho que é feito pela Prefeitura de Santo André, nessa área. Nós temos uma seleção sub19 que vai disputar o mundial, estão em Jundiaí, estudando e recebendo todo apoio do Ministério do Esporte, das 15 selecionadas no Brasil, três são nossas atletas. Agora houve a convocação da sub 17, onde temos uma. O meu projeto futuro é voltar para Itapira e implantar um projeto dedicado às crianças que querem praticar o basquetebol, incorporando, evidentemente, o que já existe na cidade.
PERGUNTA: Esse projeto para Itapira tem data?
ARILZA: Não. Não tem data ainda. Eu preciso primeiro encontrar um parceiro para me trazer de volta, é difícil a gente sair de um lugar onde está consolidado é complicado. Por isso que eu falo sempre do prefeito Aidan Ravin por ele ter acreditado no nosso projeto. Ele conseguiu o retorno desejado.
PERGUNTA: Quando será o Sul-americano?
LAIS: Ainda não está definido. Essa é uma briga da CBB para se colocar um calendário fixo. Devem definir para junho.
PERGUNTA: Arilza, fale um pouco da sua carreira, de Itapira até hoje.
ARILZA: Você sabe que eu comecei a minha carreira como professora, eu fiz 18 anos – aliás estava tudo preparado para uma grande festa de aniversário, dia 18 de fevereiro, pois tenho uma família maravilhosa e uma legião de amigos conquistados, mas por conta da Liga eu adiei essa comemoração para o próximo ano, pedi para as meninas o título como presente de aniversário – então algumas coisas eu fui apagando, principalmente as negativas, só fiquei com as alegrias, fui para São Paulo para fazer a faculdade e comecei a trabalhar, pois naquela época tinha falta de professor de Educação Física. Comecei em Osasco. No ano seguinte eu fui para Carapicuiba. Veja o que eu fazia diariamente: eu morava em São Paulo, no Butantã, ia até Carapicuiba para dar aula, ia para Santo André para treinar e voltava para São Paulo. Eu tinha um fusca, gastava um tanque de combustível com a maior facilidade, praticamente, o apoio financeiro não mantinha nem o combustível que eu gastava. Mas o meu trabalho como professora e como a faculdade era pública, eu fiz USP, e assim foi. O início foi no ESO com a Dona Cida, minha irmã já estava em São Paulo,na faculdade. Ela resolveu montar uma equipe da cidade para disputar os jogos abertos, eu fui com ela. . Fui campeã por Itapira, no jogos de 1968. Na faculdade, em 1971, teve o mundial de basquete, quando o Brasil foi medalha de bronze e a Lais era a jogadora. Lembro-me do jogo com o Japão, eu trabalhava na estatística, e faltando um segundo a Nilza fez uma cesta da lateral e nós ganhamos o jogo por um ponto. Disso veio a motivação para eu procurar um clube. Eu estava com 19 anos. Escolhi Santo André. Disputei a Universíade como jogadora e como técnica. Fui para a seleção paulista. Seleção universitária. Seleção brasileira. Como jogadora fui campeão sul-americana, logo depois disso lesionei o joelho. Fiquei só no clube. Tenho uma admiração, hoje, pelo Fenômeno e lá atrás pelo Reinaldo, não sei se vocês lembram, pois vivemos uma dificuldade parecida. Joguei até os 33 e foi difícil parar. Se não fosse a lesão chegaria mais adiante. No esporte o envelhecimento é cruel.
PERGUNTA: No Santo André a única função que falta é ser técnica?
ARILZA: Do adulto. Eu já fui técnica até da seleção brasileira sub 17 e sub 19 e voltamos campeã. Hoje, sou assistente técnica do adulto.
LAIS: Ontem, eu fui fazer uma matéria no jornal e fui perguntada sobre os meus planos. Na hora eu falei, eu estou pensando – até falei, em primeira mão, posso até levar uma bronca do meu diretor e até do prefeito – estou pensando seriamente em dirigir a equipe este ano, até segunda Liga e depois eu quero passar o bastão para a Arilza, eu quero continuar a minha carreira como dirigente, mais no sentido de estar ajudando, fora da quadra, dando muito respaldo para o basquete feminino de Santo André e talvez, sei lá, se a Hortência mudar um pouco de cabeça, de achar que os técnicos brasileiros tem condições, os mais experientes de estar passando alguma coisa aos novatos, a gente está aí à disposição, já falei isso para o Brunoro. A primeira coisa é a Arilza assumir primeiro.
PERGUNTA: O Santo André estará entregue em boas mãos?
LAIS: Com certeza! Ela está preparada.
ARILZA: Eu e a Laís trabalhamos juntas. Eu não me vejo trabalhando sem a presença dela. Ela e o Barbosa são grandes estrategistas ofensivos. O meu olhar é defensivo. Porque a vida me ensinou assim. Sou uma guerreira. Eu tive que conquistar as minhas coisas com garra. Isso a minha mãe me ensinou desde pequenininha. Até para estudar, eu morava no sítio, ela que me acompanhava. A Laís estará sempre por perto. É uma pena, aproveito o momento, para dizer que as pessoas não devem ser afastadas por que estão velhas ou novas, mas pela troca do incompetente pelo competente, você usa a experiência das pessoas que estão lúcidas. O Barbosa fez uma queixa para mim, na final, estou muito feliz por que esse jogo será entre amigos, entre pessoas que se respeitam. A maior vitória da nossa equipe foi a vitória do amor, a vitória da fé, a vitória do respeito ao próximo, dos tementes a Deus, um grupo de fé; além de muito treinamento. Valores que eu como professora de Educação Física prezo demais, é a parte educacional. Infelizmente, a Hortência que para mim foi a melhor jogadora do mundo, eu a vi crescer, eu fui uma defensora ferrenha dela. Eu dificultava as ações dela na quadra, porque nem duas defensoras conseguiam pará-la. A Lais sempre mandava marcar BOX ONE a Hortência. Talvez ela tenha até uma mágoa. Muitas vezes o ex atleta leva a mágoa do passado para outras atividades. Me disse o Barbosa que ela se referiu a ele, como se ele estivesse “gagá”. O Barbosa é um jovem senhor de sessenta e poucos anos, lúcido,perfeitamente consciente, maduro e mostrou na quadra o que sabe. Eu costumo dizer que a gente prova as coisas com atitudes e não com palavras, com resultados. Como disse o Barbosa quando ele foi arguido: os resultados estão aí.
PERGUNTA: O Airton Sena dizia que na vitória ele se encontrava com Deus. Lais e Arilza o que vocês sentiram?
LAIS: Eu me encontro com Deus todos os dias, mas senti a sua presença maior a partir da semifinal. Senti a presença Dele nos treinamentos, no dia a dia, a cada jogo, posso até dar um depoimento: na última partida contra o Catanduva eu sabia que seria muito difícil, pois já estávamos sem a Tayara e eu não tinha troca e o adversário tinha muitas opções. Naquela hora, eu tenho certeza que foi o Espírito Santo que iluminou, eu não podia, em sã consciência, eu jamais colocaria a Cacá, essa menina de juvenil, para marcar a Palmira que estava acabando com o jogo, tirei a Ariadna, que tinha feito 34 pontos, no jogo anterior e coloquei a Cacá e ela deu conta do recado. Acabou com a Palmira. No final do jogo ela veio me abraçar e falou: eu não disse que estava pronta? Aí eu brinquei: falar não adianta, tem que mostrar. E você mostrou. Agora eu acredito que você está pronta. Eu senti. O grupo sentiu a presença de Deus. O nosso grupo, todas as jogadoras, elas tem muita fé. Elas estão sempre procurando muito Deus.
ARILZA: Esse foi o nosso sexto jogador.
PERGUNTA: Você poderia citar um talento de Itapira, que você levou para Santo André, que chegou à seleção?
ARILZA: Eu sempre cuidei da base. Um dia eu estava numa reunião na federação e eu estava procurando uma armadora. Aí o “Borracha” estava do meu lado e disse: eu conheço uma menina de Itapira – eu, naquela época não tinha contato com o Flávio, hoje ele faz parte da família, é casado com a minha sobrinha – e o “Borracha” talvez não soubesse que eu era de Itapira, é uma armadora de uma família Gattei. Eu disse, eu sou de Itapira, e Gattei deve ser parente. Fui me informar, era a Vanessa Gattei. Ela era infanto, levamos para Santo André. Lá ela terminou a formação de categoria de base, era um momento de vacas magras, para fazer dinheiro juntávamos jornais, amassávamos latas etc. E por isso os emails que recebi, os abraços que recebemos, sempre assim: vocês merecem, vocês não desistiram, vocês tem um trabalho maravilhoso, por conta das dificuldades que superamos. Então a Vanessa, de lá foi para Ourinho, onde foi campeã, foi para a seleção brasileira, hoje está em Catanduva, é também uma itapirense que disputa a Liga. Brilhando, com certeza.
Pergunta: A Liga de Basquete Feminino esteve bem organizada, por ser a sua primeira edição?
Lais e Arilza: Nós gostariamos de parabenizar e agradecer ao Marcio Cataruzzi (Presidente), ao seu fiel escudeiro Celso Diniz ,pelo comprometimento e incansável trabalho sempre procurando atender a todos com muita atenção. A Liga foi um sucesso, algumas falhas aconteceram, mas com certeza serão superadas com mudanças que devem ocorrer no regulamento nas próximas reuniões com todos os filiados. Agradecer também a Brunoro Sport Business.
Pergunta: Algum agradecimento?
Lais e Arilza: Agradecimento a todos as atletas que confiaram em nosso trabalho, a Preparadora Física Adriana Amado Bazani,Prefeito Aidan Ravin, Departamento de esportes de Santo André, Academia Biorítimo, Academia Gersom Dória, Agência 3 MB, ao Patrocínio do Semasa, nossos amigos e familiares, torcedores e amantes do Basquete feminino.
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