Começaram em junho último as visitas de Griots aos pacientes internados no Hospital Municipal e seus acompanhantes. Formado em Itapira pela técnica de enfermagem Zuleica Aparecida da Silva, e Andréia Aparecida da Silva, esse projeto teve origem nos Griots, antigos contadores de histórias africanos, que tiveram importante papel na evolução e manutenção da cultura e tradição de todo o continente africano. Inspiradas nesse trabalho, as Associações Griots de Contadores de Histórias levam alegria, cultura e lazer para crianças, jovens, adultos e idosos nos hospitais.

 

Para desenvolver o grupo em Itapira, Zuleica – que trabalha na USF Vila Ilze - e Andréia realizaram treinamento na Associação Griots de Campinas, passando por cinco etapas de preparação junto a psicólogos e outros profissionais de saúde, durante os meses de abril e maio últimos. Além das técnicas desenvolvidas para se contar histórias, as participantes tiveram orientações de assepsia, evento de formatura e visitas iniciais a pacientes, acompanhadas dos instrutores. O treinamento de Zuleica, no valor de R$ 50,00, foi custeado pela Secretaria Municipal de Saúde.

 

Devidamente trajadas com aventais, crachás e alguns enfeites, Zuleica e Andréia estão fazendo suas visitas aos sábados à tarde (Zuleica) e terças-feiras à tarde (Andréia) nas clínicas médica, pediátrica e cirúrgica do Hospital Municipal. Os antigos Griots viajavam pelas aldeias, contando histórias dos ancestrais daqueles povos, sendo reconhecidos por todos como pessoas sábias, além de alegres e comunicativas. Nas guerras, os Griots eram poupados pelos inimigos, porque a morte de um Griot correspondia à queima de uma biblioteca inteira.

 

Ao lado da terapia médica, a proposta do projeto Griots tem um enfoque bem abrangente no tratamento da doença do paciente internado e seu acompanhante: Envolve presença, acolhimento, acompanhamento, partilha e descontração, acompanhados de sorrisos e alegrias, junto aos pacientes, familiares, amigos, profissionais da saúde e os próprios Griots, procurando todos reconfortar os internos. 

 

Contar histórias produz estímulos e gera força para superação; as mensagens inseridas nos contos levam incentivo e vontade de viver, produzindo esperança na solução da adversidade. Estudos feitos no Hospital de Clínicas da Unicamp logo após a passagem dos Griots constatou o aumento da percepção global e da energia vital das crianças, trazendo como benefícios a maior facilidade para o paciente na compreensão e aceitação do tratamento, e bem estar à alma e ao coração das crianças. ”A presença alegre, carinhosa e descontraída das Griots melhora o ambiente hospitalar, colaborando certamente no tratamento e recuperação dos pacientes”, destacou a secretária municipal de Saúde, Rosa Ângela Iamarino.