A ‘novela’ que envolveu a permanência da unidade local do SENAC (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial) teve seu capítulo decisivo na noite de quarta-feira, em solenidade abrigada na sede da ACEI (Associação Comercial e Empresarial de Itapira). Na ocasião foi assinado um acordo de comodato entre a instituição de ensino técnico e o Centro Comércio e Indústria, o Centrão. O evento teve a presença do prefeito Toninho Bellini, do presidente da ACEI, José Natalino Paganini e do presidente do Conselho Deliberativo do Centrão, Devaldo Cescon, além do diretor regional do SENAC, Luiz Francisco de Assis Salgado, a gerente de operações do SENAC São Paulo, Ana Maria de Ascenção, a gerente do SENAC Itapira, Sueli Cristina Firmino Miwa, o presidente do Sincovit (Sindicato do Comércio Varejista), Ariovaldo Maniezzo, além de demais membros e diretores dos órgãos envolvidos. Em um rápido discurso antes das assinaturas, o prefeito Toninho Bellini enalteceu a atuação de Paganini em busca da permanência do SENAC em Itapira mediante o impasse gerado a partir do término do contrato com a Sociedade Operária Itapirense, que pediu o prédio onde a instituição funcionou por quase 20 anos. Bellini classificou a conquista como sendo o resultado de uma união de forças entre o Centrão, a ACEI e a Prefeitura. “O Paganini foi falar comigo e sugeriu que o SENAC funcionasse no prédio que estava sendo ocupado pelo Paço Municipal. Foi uma idéia brilhante e imediatamente consultei o Departamento Jurídico, que não viu nenhum problema em realizar os trâmites. A partir disso conversamos com o Devaldo Cescon e fomos á São Paulo falar com o Luiz Francisco de Assis Salgado, que também achou a idéia bastante viável após realizar a análise técnica do local”, relembrou. Bellini fez questão de agradecer ao Paganini pela sugestão, ao Devaldo Cescon e á todo o Conselho Deliberativo do Centrão, ao SENAC, Sincovit e à própria Prefeitura. “Em nenhum momento houve alguém que fosse contra a idéia, todos se preocuparam em encontrar uma solução que fosse boa para todas as partes”, frisou o prefeito.
Município passou perto de perder instituição
Engana-se quem pensa que as informações sobre a desativação do SENAC no município era algum tipo de especulação ou até pressão para que providências fossem tomadas no sentido de ‘dar’ uma casa nova à escola. O diretor regional do SENAC, Luiz Francisco de Assis Salgado, enfatizou que a probabilidade de Itapira perder a instituição era de 95%. “Os planos estavam direcionados ao encerramento das atividades em Itapira. Toda a programação do SENAC já estava suspensa, e só estávamos esperando a conclusão dos cursos em andamento para fechar as portas. O que nos fez permanecer foi o acordo com o prefeito, a partir da gestão feita pelo Paganini e pelo Devaldo. Eu falei ao prefeito que confiava em sua palavra e por isso iria manter a unidade funcionando”, disse. Salgado afirmou que cidades como Amparo e Mogi Mirim “manifestaram desesperadamente” o interesse em abrigar a unidade do SENAC que deixaria Itapira. “Várias cidades da região ofereceram condições até melhores do que as de Itapira. Até mesmo em relação às condições atuais, já que estamos reformando o prédio. Algumas cidades, como Amparo, ofereceram um ótimo espaço com tudo pronto, era chegar e começar”, afirmou. Segundo ele, o que pesou na decisão em manter o SENAC em Itapira foi o “respeito com a história do SENAC na cidade”. “Temos a unidade há 20 anos em Itapira, mas já atuamos aqui há muito mais tempo. A Prefeitura, com a ACEI e o Centrão se comprometeram conosco e se empenharam em manter a unidade, por isso ficamos”.
‘Despejados’
Salgado teceu críticas à forma com que a instituição foi comunicada pela diretoria da Sociedade Operária Itapirense de que deveria deixar o prédio na Rua Alfredo Pujol. “O representante da Sociedade Operária nem ao menos conversou conosco. Ficamos extremamente chateados porque apenas recebemos uma carta dizendo que deveríamos deixar o imóvel”, contou. Segundo ele, em nenhum momento houve algum tipo de negociação, tampouco o representante falou diretamente com a diretoria da instituição. “Sempre através de intermediários”, ressaltou. Após deixar o prédio na Alfredo Pujol, o SENAC passou a abrigar, em caráter temporário, dois imóveis na Rua Comendador João Cintra. Questionado se isso representou algum tipo de prejuízo à instituição, Salgado foi incisivo: “o SENAC tem uma função social. O prejuízo foi para a sociedade, para os alunos que ficaram desconfortáveis”, pontuou.
Final feliz
Com a assinatura do acordo, o SENAC agora só espera a conclusão das obras de reforma para ocupar o imóvel na Praça Bernardino de Campos. Serão mais de 1.300 m2 disponíveis às atividades da escola, representando um aumento de até 38,5% na capacidade anual de atendimento, que poderá comportar até 2,4 mil alunos no período. Os investimentos na adequação do imóvel chegam a R$ 3,8 milhões. “No antigo imóvel não tínhamos muito espaço. Esse novo prédio é quase três vezes maior. Certamente vamos ter ampliação também no número de cursos. Será a unidade mais moderna do SENAC, já que cada vez que ampliamos ou abrimos uma unidade, os investimentos são grandes na infraestrutura e nos equipamentos. Quando tudo estiver pronto, vocês poderão ver o que é, realmente, uma unidade do SENAC”, discursou, otimista, o diretor regional. Engrossando o coro de Paganini e Cescon, Salgado concluiu: “O resultado foi satisfatório para todas as partes e quem ganhou mesmo foram as pessoas do município e das cidades da região”. A gerente do SENAC Itapira também se mostrou satisfeita. “É um acordo muito importante para a instituição. Com a nova sede e com instalações mais modernas, ganham tanto a cidade de Itapira como o SENAC. Seguiremos com a expansão da oferta de cursos, da qualidade de nosso ensino e de nossa política de bolsas”, finalizou. A expectativa é de que as obras estejam concluídas em novembro e, imediatamente, o SENAC ocupe o prédio. Será o capítulo final de uma história que gerou polêmicas e discussões, como o típico enredo de uma obra da teledramaturgia, mas que caminha para um final feliz para todos, com a garantia da unidade local do SENAC por, pelo menos, mais três décadas.
Atuação
O SENAC Itapira atende, atualmente, cerca de 1,7 mil alunos. Somente no primeiro semestre deste ano, 229 alunos foram contemplados com bolsas de estudo. Outras 70 deverão ser concedidas até o final do ano em cursos livres, técnicos e principalmente através do Programa Educação para o Trabalho – Novas Conexões. Iniciado em 1999, o programa tem como objetivo preparar jovens de baixa renda com idade entre 15 e 21 anos, para inserção no mercado de trabalho, tendo formado até o momento 1.367 novos profissionais. Atualmente a unidade oferece cursos em 15 áreas distintas: Administração Geral, Aplicativos, Computação Gráfica, Desenvolvimento Local e Meio Ambiente, Finanças e Contabilidade, Gestão de Pessoas, Logística, Marketing e Vendas, Nutrição, Redes e Infraestrutura, Saúde e Bem-estar, Visagismo e Beleza, e atuação ainda no segmento corporativo, com oferta de treinamentos customizados. Para o segundo semestre de 2010, o SENAC Itapira prevê novos cursos, como Matemática Financeira com Aplicação em Excel, Operador de Telemarketing, Prevenção de Perdas e Desperdício de Alimentos em Estabelecimentos Varejistas, Aprendizagem de Técnicas Básicas de Patchwork, Boas Práticas para Estabelecimentos Varejistas de Alimentos, AutoCAD 2010 – Modelando em 3D, Manutenção de Micro e Implantação de Rede Local e Como Formar Parcerias para Viabilizar Projetos Sociais.
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