Pesquisa aponta a produção de 97 novas substâncias sintéticas ilícitas ao ano. Mortes no país têm se tornado frequentes com o uso desse tipo droga
A cena tem se tornado comum. Nas baladas, além do consumo excessivo de álcool, tem sido frequente o uso de drogas sintéticas, especialmente pelo público jovem. Estudo divulgado pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) comprova a disseminação desse tipo de droga. Apenas em 2013, 97 novas substâncias foram identificadas. Dados do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD), mostram que no mesmo ano morreram 184 pessoas em razão do uso das substâncias ilícitas.
Presidente da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e Outras Drogas (ABEAD), Ana Cecília Marques, explica que a maioria dos jovens acredita que essas drogas não causam dependência, que o uso pode ser recreacional. Mas estas drogas são psicotrópicas, induzem tolerância e podem desenvolver a dependência, pois cada indivíduo produz uma resposta diante de seu consumo. Isto é, cada um tem seu modelo de proteção ou de risco para o desenvolvimento das mais diversas doenças.
“A maior parte das drogas sintéticas são metabolizadas no fígado. Comumente associadas ao álcool, elas causam problemas em diversos sistemas orgânicos. Trata-se de um coquetel muito perigoso”, esclarece Ana Cecília Marques. Com a liberação da dopamina, vem a desinibição de várias áreas cerebrais, quando o comportamento pode se alterar, com várias consequências, como problemas acadêmicos, sexo desprotegido, violência, consumo de outras drogas e transtornos mentais.
Outro problema é o padrão de consumo. Quando a ingestão for maior que a velocidade de metabolização - o que também depende de cada organismo, pode acontecer o acumulo de etanol puro no sangue e nos diversos sistemas, o que pode levar ao coma, acidentes vasculares, entre outras complicações.
Invenção urgente – Para Ana Cecília Marques, as intervenções para prevenção de drogas sintéticas têm que ser imediatas. Isso porque há 15 anos o Brasil vem sendo alertado sobre o aumento no consumo de drogas sintéticas, mas a falta de uma política para o tema é observada. “Precisamos desenvolver a prevenção, para que as pessoas saibam sobre os riscos do uso de tais drogas. Existe, também, a necessidade de tratamento especializado e controle da oferta das substâncias. Somente uma política integral, moderna é ética pode proteger o ser humano do impacto do fenômeno”, finaliza a psiquiatra Ana Cecilia Marques.
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