Patrícia Duarte
BRASÍLIA - O aumento da alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) que incide no crédito a pessoas físicas, de 1,5% para 3%, já está surtindo efeito nas taxas de juros cobradas aos consumidores. De acordo com o Banco Central (BC), até o dia 12 passado, os juros médios das famílias haviam subido 2,1 pontos percentuais, para 47,1% ao ano, o maior patamar desde maio de 2009 (47,3%). Em março, essas taxas já haviam crescido de 43,8% ao ano para 45%.
Para as empresas, em abril, os juros médios não tinham mudado, mas em março eles saltaram de 30,6% ao ano para 31,3%. Entre as principais modalidades de crédito das famílias, destaque para o cheque especial, com alta de 7,2 pontos percentuais em março, para 174,6% ao ano.
- Já estamos vendo o impacto do IOF (nas taxas de juros de abril) - afirmou o chefe do departamento Econômico do BC, Túlio Maciel, acrescentando que outras medidas macroprudenciais também ainda são sentidas.
Em dezembro passado, o BC anunciou uma série de ações que encareceram e limitaram o crédito de longo prazo voltado para bens de consumo duráveis. O governo tem buscado segurar as concessões de crédito para evitar mais pressões na inflação, reduzindo o consumo. Essas medidas também já estão sendo refletidas no crescimento do volume de crédito na economia brasileira, que perdeu um pouco de força em março, ao avançar 1% sobre o mês anterior. Em fevereiro, esse crescimento havia sido de 1,3%.
Maciel chama a atenção para as concessões médias diárias de crédito, que também perderam força, sobretudo em abril. Até o dia 12, elas haviam recuado 5,4% para pessoas físicas e 8% para as empresas. Em março, o BC também havia apurado que a média diária de concessões cresceu 3,5%, sendo que para as empresas ele foi de 5,5% e para as famílias de 0,7%.
Ainda segundo o BC, a inadimplência acima de 90 dias em março ficou estável no segmento de empresas (3,6%), e para pessoa física houve uma leve alta de 0,1 ponto percentual, para 5,9%. Maciel, no entanto, não descarta a possibilidade de os calotes subirem nos próximos meses, já que as medidas macroprudenciais encareceram o acesso ao crédito.
- Deve haver um aumento (da inadimplência) na margem, mas nada muito significativo. Temos aumento de renda e de emprego que compensam (esse movimento).
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