
Um grupo de voluntários ligados ao Movimento do Orgulho Autista –TDAH - D.A (transtorno de déficit de atenção e hiperatividade) patrocinou na tarde de quinta-feira na região central da cidade uma movimentação na tentativa de melhor esclarecer a população em geral sobre o tema. A caminhada reuniu cerca de 60 pessoas e começou na rua Orestes Pucci e seguiu em direção à Praça Bernardino de Campos onde foi encerrada instantes depois.

Integrantes do movimento abordaram populares, distribuindo material informativo. O dia 02 de abril é o Dia Mundial de Conscientização do Autismo. A pedagoga Maria Ângela Basiloni da Cruz, coordenadora do movimento, disse que o grupo de apoio foi constituído há cerca de três anos. O fato de ter um filho com 11 anos que manifesta sintomas do transtorno, tem feito de Maria Ângela espécie de precursora em Itapira para a popularização da doença, com a pretensão de que os Poderes Públicos criem mecanismos mais adequados no trato com pacientes. “O caso do meu filho foi muito emblemático porque quando fui alertada de que ele poderia ser autista, eu já desconfiava que ele apresentava sintomas. É um tema que sempre despertou interesse em mim. Recebi atendimento na rede pública local, encaminhamento para o AME (Centro de Especialidades Médicas mantido pelo governo estadual em Mogi Guaçu) e apesar de todo esforço e carinho com que fomos tratados, este transtorno exige cuidados específicos que não estão disponibilizados pelo Poder Público nem municipal, nem estadual”, frisou.

Amigos da família indicaram uma ONG em São Paulo, que o garoto passou a visitar periodicamente, a Autismo & Realidade. “Tem sido notável sua evolução a partir deste contato”, observou. Segundo Maria Ângela , sua luta é para que mais pessoas possam ter acesso a um cuidado mais específico, como este que seu filho vem recebendo. Uma das metas da campanha deste ano é, segundo afirmou, sensibilizar a Secretaria de Saúde do Município para que realize uma espécie de censo para detectar o número de casos já confirmados na cidade. “Este tipo de informação é de fundamental importância para a elaboração de uma estratégia de atendimento”, defendeu.
A própria campanha de esclarecimento, segundo seu entendimento, é importante para que sejam diagnosticados novos casos. “Quando uma pessoa recebe a informação, poderá detectar um novo caso e fazer com que a família se mobilize na direção de um atendimento específico”, acredita. Ainda segundo sua pregação,o núcleo familiar é de suma importância para o amparo de casos confirmados. “Esta pessoa se fecha no seu mundo particular e normalmente este mundo fica restrito somente à sua família”, teorizou.
Saiba o que é o Autismo
O autismo é um transtorno de desenvolvimento que geralmente aparece nos três primeiros anos de vida e compromete as habilidades de comunicação e interação social das pessoas.
Em maio de 2013 foi lançada a quinta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Men¬tais (DSM-V), que trouxe algumas mudanças importantes, entre elas novos diagnósticos e alterações de nomes de doenças e condições que já existiam.
Nesse manual, o autismo, assim como a Síndrome de Asperger, foi incorporado a um novo termo médico e abrangente, chamado de Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). Com essa nova definição, a Síndrome de Asperger passou a ser considerada, portanto, uma forma mais branda de autismo. Dessa forma, os pacientes são diagnosticados apenas em graus de comprometimento, dessa forma o diagnóstico fica mais completo.
O Transtorno do Espectro Autista é definido pela presença de “Défi¬cits persistentes na comunicação social e na interação social em múltiplos contextos, atualmente ou por história prévia”, de acordo com o DSM-V.
Causas
As causas do autismo ainda são desconhecidas, mas a pesquisa na área é cada vez mais intensa. Pro-vavelmente, há uma combinação de fatores que levam ao autismo. Sabe-se que a genética e agentes externos desempenham um papel chave nas causas do transtorno. De acordo com a Associação Médica Americana, as chances de uma criança desenvolver autismo por causa da herança genética é de 50%, sendo que a outra metade dos casos pode corresponder a fatores exógenos, como o ambiente de criação.
De qualquer maneira, muitos genes parecem estar envolvidos nas causas do autismo. Alguns tornam as crianças mais suscetíveis ao transtorno, outros afetam o desenvolvimento do cérebro e a comunicação entre os neurônios. Outros, ainda, determinam a gra¬vidade dos sintomas.
Quanto aos fatores externos que possam contribuir para o sur¬gimento do transtorno estão a po¬luição do ar, complicações durante a gravidez, infecções causadas por vírus, alterações no trato digestó¬rio, contaminação por mercúrio e sensibilidade a vacinas.
CINEMA
O tema do autismo vem sendo explorado há muitos anos pelo cine¬ma. São pelo menos 19 obras que se dedicam ao tema, sendo o mais famoso deles Rain Man ( de 1988) dirigido por Barry Levinson e que arrebatou no ano seguinte o Oscar nas categorias de Melhor Filme, Melhor Direção (Barry Levinson), Melhor Ator (Dustin Hoffman) e Melhor Roteiro Original.
O enredo do filme gira em torno do insensível Charlie Babbitt que esperava receber uma grande herança após a morte de seu pai, a quem ele não vê há anos. Mas Raymond (Dustin Hoffman), seu irmão mais velho, internado em uma instituição médica, alguém cuja existência Charlie ignorava até então, é quemacaba recebendo toda a fortuna. O personagem Raymond é um “autista sábio” com habilidades mentais seriamente limitadas em algumas áreas, mas com capacidade de gênio em outras. Quando Charlie rapta Raymond, a longa e maluca viagem atravessando o país, rumo a Los Angeles, ensina a ambos algumas lições sobre a vida. Um filme belíssimo e que ajudou a popularizar o tema do autismo em todo mundo.