Fundada em 10 de abril de 1909, a Banda Lira Itapirense celebrou na quinta-feira, dia 10, 105 anos de atividades ininterruptas. É um marco importante na história de uma das mais tradicionais bandas musicais de toda a região, com forte atuação social e educacional. A instituição, hoje presidida por Luis Fernando de Almeida, 45, com direção artística e regência a cargo do maestro Maurício Perina, 47, soma 40 componentes em sua formação principal, e 490 alunos divididos em nove núcleos de atividades, incluindo a sede à rua Comendador João Cintra, 41, no Centro.
Com apoio da sociedade local e de sucessivas administrações municipais, vem recebendo reconhecimento ano após ano por seu importante trabalho. Em 15 de julho de 1970, a instituição foi declarada de utilidade pública através de decreto municipal assinado pelo então prefeito Hélio Pegorari. Mais recentemente, em 2009, foi criado o Dia Municipal da Banda Lira Itapirense, também celebrado na data de hoje por ocasião de seu aniversário, a partir de um projeto de lei do vereador Carlos Alberto Sartori (PSDB).
A Banda Lira Itapirense marca presença quase que constante nos mais diversos eventos da cidade, em ocasiões cívicas, religiosas, culturais, didáticas e populares. Entre seu vasto histórico de memoráveis apresentações, destacam-se concertos especiais dentro dos projetos ‘Clássicos em Cena’ e ‘Cantos da Primavera’ – este último realizado em Campinas-SP -, bem como apresentações conjuntas ou de suporte, como com Kleiton & Kledir, em 2009, e o concerto especial, no mesmo ano, alusivo ao centenário da corporação, ao lado de diversos artistas locais.
Agora, essa lista contará com mais um grande evento, a ser realizado neste sábado, 12, quando a Lira divide palco com o cantor e compositor Jorge Aragão. “Vamos comemorar em grande estilo. Este show veio bem a calhar”, comenta Perina. Por ocasião do evento, a corporação adiou para o dia 17 de maio seu jantar comemorativo de aniversário. No dia 25 do mesmo mês, de acordo com o maestro, será realizado o primeiro de uma série de cinco concertos especiais, batizados de ‘Brasileiríssimo’, novamente reunindo convidados. Os detalhes acerca dos próximos eventos serão divulgados posteriormente pela instituição.
Formado em regência orquestral pelo Conservatório Dramático e Musical Dr. Carlos de Campos, de Tatuí-SP, e Educação Musical pela Unasp (Universidade Adventista de São Paulo), Perina chegou à Banda Lira em julho de 1999, depois de ser aprovado em uma espécie de seleção que recebeu propostas de diversos outros regentes. Antes disso, além de atividades ligadas a orquestras e experiências em regências junto a outras corporações, o maestro também atuou na Banda da Polícia Militar de Campinas.
Fomento Cultural
Atualmente, a Banda Lira Itapirense conta com uma importante e essencial parceria com a empresa Cristália Produtos Químicos e Farmacêuticos, por meio do ProAc (Programa de Ação Cultural do Estado de São Paulo). Além disso, a Lira ainda recebe apoio da Prefeitura, por meio convênio celebrado com a Secretaria Municipal de Cultura e Turismo.
São esses os incentivos que permitem à Banda Lira Itapirense ofertar os cursos de musicalização voltados a crianças do município – ação que se consolida como uma importante ferramenta de transformação social e cidadania. São 17 professores que atuam nos cursos de sopro (flauta transversal, clarineta, saxofone, trompa sinfônica, trompete, trombone, bombardino e tuba), além de violão popular, bateria e percussão oferecidos na sede da Lira.
Além disso, os núcleos externos espalhados por diversos bairros da cidade oferecem cursos de percussão corporal, coral infantil, percussão com material reciclável, fanfarra e flauta doce. Essas atividades acontecem junto a crianças entre 6 e 12 anos nos NAIs (Núcleos de Atendimento Integral) Balão Mágico (Jardim Raquel), Criança Feliz (Assad Alcici), Cristal A marelo (Flávio Zacchi), Arco Íris (Braz Cavenaghi) e Cantinho da Amizade (Barão Ataliba Nogueira). Atualmente, a Banda Lira Itapirense também desenvolve projetos musicais junto a al unos do Educandário Nossa Senhora Aparecida, Casa da Criança Celencina Caldas Sarkis e ADI (Associação Down de Itapira).
Os alunos dos projetos de educação musical da Banda Lira são inseridos nos grupos existentes a partir do nível de desenvolvimento técnico que alcançam – após alguns meses de aulas, eles já podem integrar a Banda Alpha e, depois, a Banda Escola. São os alicerces que os elevarão ao principal grupo da instituição – a própria Banda Lira Itapirense. “Temos uma metodologia diferenciada que privilegia o ensino coletivo. Inicialmente, o aluno tem aulas de prática instrumental com o professor, e depois o curso é complementado com aulas práticas em grupo, já nos níveis iniciais das bandas Alpha e Escola”, destacou o maestro Perina.
Os cursos de musicalização também podem despertar aptidão profissional nos indivíduos. Exemplos disso não faltam na memória de Perina, que fala com orgulho e certa emoção dos alunos que hoje lecionam na própria instituição, além de ex-membros que hoje cursam níveis superiores e que também já atuam profissionalmente na área. “É muito gratificante ver o pessoal exercendo a música como profissão, ver vários deles bem empregados e se desenvolvendo pessoal e profissionalmente”, diz o maestro.
Nos 105 anos da Lira – e 15 anos após sua chegada –, o sentimento de Perina é de “dever cumprido”. “Na época em que cheguei existiam várias carências, na parte musical e estrutural, e aos poucos conseguimos mudar essa história. O sentimento é de dever cumprido mesmo, de ter a certeza da minha honestidade com a arte que faço e de saber que nunca atuei sozinho, e sim com uma equipe, com a diretoria da Banda Lira e com os colaboradores. Realmente é algo muito gratificante”, enfatiza.
Sonho Realizado
Luis Fernando de Almeida, 45, que desde 2011 ocupa a presidência da Banda Lira Itapirense, conhece bem a história da instituição, da qual faz parte há mais de 30 anos. “Sou da época em que a Banda Lira não tinha nem 20 músicos. Ver como a Lira está hoje e lembrar como era quando entrei é a realização de um sonho. Mais que isso, é muito mais do que eu imaginava”, comenta.
Ele lembra que não foram poucos os obstáculos enfrentados durante muitos anos e em muitas fases da longa trajetória da Lira. “Não tínhamos professores e o maestro tinha muitas dificuldades para dar conta de tudo sozinho. Existiam também as dificuldades financeiras. Nessa época, na década de 1990, a escola de música que existia começou a cair até acabar. Os projetos foram retomados com a chegada do Perina, em 1999, quando a Banda Lira ganhou novo fôlego e hoje todos que estão na Banda estão por amor mesmo ao que fazem”, lembra Almeida. “Agora, felizmente, podemos dizer que superamos todas essas épocas ruins. Hoje temos o apoio da Prefeitura e do Cristália, que é o nosso patrocinador.”
Para o presidente, o próximo desafio é transformar a Lira, atualmente qualificada como “banda musical” em uma “banda sinfônica”. “Acho que é a única coisa que nos falta mesmo. Tudo o que eu desejava ver já conseguimos, até mais do que eu esperava. É, de fato, um sonho realizado”, conclui Almeida. Perina explicou que essa transformação representará a conquista de um objetivo. “Já temos uma formação de banda sinfônica, e já conseguimos comprar alguns instrumentos exigidos dentro dessa composição. É o caminho que nos falta, é o objetivo que sempre almejei e acredito que ainda neste ano vamos nos tornar uma banda sinfônica”.
Memorial
Por ocasião do aniversário de 105 anos, a diretoria da Banda Lira Itapirense organizou, em sua sede, uma espécie de memorial que reúne objetos, instrumentos, documentos e fotos que integram a história da corporação. O acervo é aberto ao público e pode ser visitado de segunda a sexta-feira, em horário comercial, até o fim deste mês. Em paralelo, Perina diz que a direção da Lira atua no sentido de fazer um levantamento histórico de algumas informações sobre os regentes que passaram pela instituição. “Temos uma lista com nomes, mas sabemos que faltam alguns”, destaca. Nesta lista, aparecem as seguintes pessoas, nesta ordem: Lafaiete de Oliveira, Antônio Rodrigues Gomes (Niquinho), Américo Passarella, João Brandão Júnior, João de Brito, Florindo Natal Fadel e Mário Bazani, ainda presente na Banda que presidiu e regeu, ao mesmo tempo, nos meses entre a saída de Fadel e a chegada de Perina. Entre os itens expostos, destaque para a partitura da música ‘Guarany’, de Antônio Carlos Gomes, o mais importante compositor de ópera do Brasil, nascido em Campinas em 1836 e morto em Belém-PA, em 1896. “É a cópia original da partitura, feita exclusivamente para a Banda Lira em 1912. É um documento histórico e muito importante”, destaca Perina. A intenção, em um futuro próximo, é criar um memorial permanente da Banda Lira Itapirense.
Memorial instalado na sede da Banda Lira para assinalar a passagem de 105 anos de relevantes serviços prestados ao povo Itapirense
Fonte de consulta e de apoio: jornal A Tribuna de Itapira
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