A tão sonhada reforma política no Brasil não pode, sob hipótese alguma, ser idealizada e concretizada pela atual classe política. Como disse a cerca de 15 dias, eles não cortarão da própria carne, não farão as mudanças que a população brasileira espera para acabar com regalias e privilégios. Senão vejamos: esta semana, o Senado não aceitou mudanças no que diz respeito aos suplentes, que são simplesmente indicados pelos candidatos. Pessoas nada a ver com política e, talvez, com os próprios partidos, de uma para outra hora, podem ser chamados a assumir vagas de eleitos sem que seu nome tenha sido levado a consideração do eleitor. Quer dizer, praticamente entra na vida política nacional pela porta dos fundos, aproveitando a brecha que a lei eleitoral oferece.
Enquanto isso, a Câmara rejeitou o plebiscito pretendido pela presidenta Dilma Rousseff, sobre a reforma política, objetivando mudanças no sistema, ainda para as eleições do próximo ano. Considerando que não haveria tempo hábil, ficará a cargo da própria Câmara Federal, designar um grupo de parlamentares para estudar uma minirreforma que, tão logo seja concluída, será colocada à aprovação do povo.
Sobre isso, o senador Cristovam Buarque tem plena razão ao expor seu pensamento, sobre a necessidade de uma reforma política, cuja elaboração do documento não contasse com a participação de políticos. Para o senador do PDT, interessante seria a formação, por convite, de um grupo de notáveis que se debruçariam sobre um estudo de profundidade, oportunizando um documento isento que, posteriormente, seria levado à consideração do povo brasileiro para, depois de discutido pelo próprio Congresso, com a fiscalização do eleitor, possa ser levado à homologação. Fazer a reforma pelas mãos dos políticos jamais será isenta e, com certeza muito ficará por ser feito, como deveria, já que os parlamentares chamados trabalharão, como sempre acontece, em causa própria, elaborando um remendo de reforma e, jamais aquilo que se poderia esperar com vistas ao futuro político brasileiro. A própria rejeição de mudança sobre o sistema atualmente utilizado para a indicação dos suplentes de senadores, já pode dar uma ideia do que se poderá esperar de um documento trabalhado pelos próprios políticos. Será como colocar a raposa para cuidar do galinheiro.