Notícia
26/03/2011 | Brasil vai colocar mais água na gasolina e importar álcool
Aumento no teor de água na gasolina é feito para adequar especificação à do
produto americano e viabilizar aquisição
Mudança não
afeta o álcool combustível; mistura do etanol continuará em 25% na gasolina
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
LEILA
COIMBRA
DE BRASÍLIA
Em nova tentativa de conter a escalada de preços
dos combustíveis, a ANP (Agência Nacional do Petróleo) autorizou o aumento na
quantidade de água no álcool anidro, que é misturado à gasolina vendida nos
postos.
A mudança, temporária, visa permitir a importação de álcool dos
Estados Unidos.
Desde ontem, o etanol anidro pode ter até 1% de água, que é a
especificação no exterior. Antes, no Brasil, o teor máximo era de 0,4%. O limite
para o etanol ser considerado anidro é 1% de água.
No longo prazo, a mudança
pode ser prejudicial ao motor.
A medida vale até 30 de abril, quando termina
a entressafra de cana no centro-sul. Conforme resolução publicada pela ANP, o
teor real de etanol no combustível cai de 98% para 92,1%.
Os 200 milhões de
litros comprados dos EUA por produtores nacionais serão misturados à
gasolina.
Para incentivar a compra, a Camex zerou no ano passado a alíquota
de importação, que estava em 20%.
A mudança não afeta o álcool combustível
(hidratado), vendido nos postos.
Neste ano, a estratégia do governo é
diferente da de 2010, quando decidiu reduzir a mistura de etanol na gasolina de
25% para 20% no período de entressafra de cana.
O cenário atual é outro: com
a alta recente do petróleo por conta da crise política nos países do Oriente
Médio, é mais vantajoso importar o etanol do que a gasolina.
Por isso, a
mistura do etanol continuará em 25% na gasolina. A Petrobras é a responsável
pela importação de gasolina no país e está comprando o combustível a preços
maiores do que ela revende no mercado interno.
A disparada dos preços do
etanol hidratado nos últimos meses provocou migração em massa dos consumidores
para a gasolina, fazendo com que as vendas de álcool nos postos recuassem
40%.
Essa mudança no perfil do consumo provocou a necessidade de importação
pela Petrobras de combustíveis derivados do petróleo.
Para o especialista em
energia Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infraestrutura, as medidas
mostram a falta de política de combustíveis do governo federal:
"Estamos
importando um etanol cujo custo de produção é três vezes maior que o nosso e de
um país que impõe barreiras comercias ao nosso produto", afirma.
Tanto a
gasolina como o álcool importados devem chegar em abril, momento crítico da
oferta de etanol.
A expectativa é que a produção da safra 2011/12 entre no
mercado em maio.
Fonte: Folha de São Paulo
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