Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – As diferenças no mercado de trabalho entre negros e não negros na região metropolitana de São Paulo diminuíram nos últimos anos. Segundo levantamento feito pela Fundação Seade e pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), a diferença na taxa de desemprego de negros (segmento composto por pessoas pretas e pardas) e de não negros (composto por brancos e amarelos) caiu 2,4 pontos percentuais em 2012, a menor na série histórica da pesquisa, que teve início em 1985. A taxa de desemprego dos negros no ano passado chegou a 12,4% e, a de não negros, a 10%. Isso se deveu, segundo o levantamento, principalmente ao crescimento econômico brasileiro da última década.
A formalização, ou seja, o trabalho com carteira assinada, ocorreu de forma mais forte para os negros. Entre 2003 e 2012, a proporção aumentou 13,4 pontos percentuais para negros e 11,3 para não negros.
No entanto, apesar da redução das desigualdades nos últimos anos, ainda existem diferenças significativas nas condições de trabalho entre negros e não negros. Os rendimentos médios por hora, por exemplo, ainda são bastante desiguais, apesar do avanço apresentado: em 2003 os rendimentos dos negros representavam 51,8% dos não negros, passando para 63,2% no ano passado.
A proporção de negros ainda é maior que a de não negros em setores como o da construção civil e o de serviços domésticos, aqueles, segundo a Fundação Seade e o Dieese, "em que predominam postos de trabalho com menores exigências de qualificação profissional, remunerações mais baixas e relações de trabalho mais precárias, sendo, por consequência, menos valorizados socialmente". Mas, de acordo com o levantamento, as recentes mudanças na legislação trabalhista para empregados domésticos e nas condições de trabalho na construção civil têm atenuado algumas das distorções.
Para a Fundação Seade e o Dieese, o levantamento aponta que as desigualdades no mercado de trabalho entre negros e não negros ainda persistem, apesar das diferenças terem diminuído nos últimos anos. “O crescimento econômico por si só não é capaz de garantir igualdade de oportunidades em um horizonte razoável de tempo para as atuais e futuras gerações de trabalhadores, enquanto não se atenuarem as discrepâncias socioeconômicas e, mais especificamente, do nível de escolaridade, importante elemento na melhoria de acesso e trajetória dos indivíduos no mercado de trabalho e das suas possibilidades de ascensão social e econômica”, diz o estudo.
Edição: Aécio Amado
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