Na referida sessão, estava tudo certo para que o primeiro suplente da bancada do PT, o ex-vereador Mino Nicolai - irmão de Toninho Bellini - assumisse a vaga do colega Cesar Augusto da Silva, o Cesar da Farmácia, que apresentou pedido de licença não remunerada para aquela sessão. A bancada da situação, majoritária, indeferiu o pedido de licença sob argumento de que o vereador estava tentando realizar uma manobra política. Contrariado, Mino Nicolai assistiu à sessão das galerias e Cesar teve registro de falta em seu prontuário. O caso gerou saia justa entre o petista e lideranças da situação.
César, um fenômeno político a ser decifrado
A carreira política do vereador Cesar Augusto da Silva, o Cesar da Farmácia (PT), vem sendo marcada por alguns princípios estranhos à política itapirense. Cesar foi o único vereador da oposição eleito em 2012, ele integrava a coligação PDT/PT/PSDC.
Dos situacionistas, poucos conheciam o petista eleito e, entre oposicionistas, inclusive os integrantes da coligação, Cesar era tido como um candidato mediano, que poderia ficar no máximo na faixa intermediária de votos. Ninguém chegou a colocar o nome dele entre os mais votados. Na época, entre os petistas, Mino Nicolai reunia todas as condições para receber o maior número de votos. Diziam que Mino, com o apoio do irmão Toninho Bellini, teria pelo menos dois mil votos. Outra esperança petista residia em Marcos Cavini. O nome de Cesar nunca figurou entre os possíveis mais votados. Cesar amealhou 707 votos; Mino, 514 e Cavini, 347.
Diante dos resultados, vários políticos dos grupos participantes passaram a analisar o fenômeno Cesar. A melhor conclusão ficou assim entendida: o PT detinha nas pesquisas 23% da preferência do eleitorado. Em Itapira, essa tendência podia ser menor, mas ostentava um percentual significativo. Teriam votado em Cesar os eleitores do PT insatisfeitos com a administração anterior, optaram por um petista light. Durante a campanha, Cesar teria se comportado como um candidato petista, mas não criticava Barros Munhoz ou Paganini com ferocidade. Acredita-se que a maioria dos votos para vereador dada a Cesar teve José Natalino Paganini como preferido para prefeito.
Nos primeiros meses do ano passado, até a expulsão de Rafael Lopes do grupo político situacionista, Cesar se comportava como um vereador oposicionista, mas que apoiava as iniciativas do prefeito Paganini. Chegou a rejeitar as contas de 2010 de Toninho Bellini.
Pressionado pelos seus pares e parte da oposição que tinha em Cesar a única voz contrária, o vereador petista mudou o tom e passou a acompanhar o vereador Rafael.
Quando da apreciação das contas de Toninho Bellini neste ano, Cesar abriu mão da sua cadeira para colocar o suplente Mino Nicolai para defender o irmão. Naquela oportunidade, os pedidos de licença não remunerada foram aceitos e Mino Nicolai acabou retornando ao acento. Na época, ficou a dúvida se Cesar tinha se ausentado de caso pensado ou se realmente precisava daquele afastamento. Ventilou-se, contudo, a informação que Cesar assumiria a presidência do PT e renunciaria ao mandato para dar lugar a Mino Nicolai, definitivamente. Ao retomar o posto, Cesar afastou a boataria e garantiu que nunca renunciaria.
Bastou o assunto contas do ex-prefeito retornar à pauta para que Cesar da Farmácia voltasse a pedir um novo afastamento e na primeira fila, lá estava Mino Nicolai, devidamente paramentado, pronto para assumir a vaga petista. Mas como o pedido de licença passa pela votação da casa, a maioria dos vereadores votou contrariamente e Mino não pode assumir.
Espera-se para a próxima terça-feira um novo pedido de Cesar da Farmácia.
O pedido de licença, mesmo que seja para tratar de assuntos particulares, é um direito do vereador. Para evitar que um vereador use o direito de forma indevida, a maioria qualificada poderá negar o requerimento. Nesse caso, o suplente não assume.
O afastamento das atividades legislativas para tratar de assuntos particulares somente é justificável quando o vereador evidencia a necessidade real desse afastamento. Tal necessidade ocorre de forma aleatória e é perfeitamente explicada. No caso, ficará difícil ao vereador petista provar a aleatoriedade da necessidade diante da ocorrência simultânea dentro do mesmo motivo: a apreciação das contas.