Os postos de vacinação da cidade do Rio de Janeiro amanheceram hoje (17) com grandes filas de pessoas que foram tomar vacina contra a febre amarela. No Centro Especial de Vacinação Dr. Álvaro Aguiar, no centro da cidade, um dos principais polos de vacinação do Rio, cerca de 150 pessoas esperavam atendimento, logo cedo.
Já no Centro Municipal de Saúde Heitor Beltrão, na Tijuca, na zona norte da cidade, a fila era ainda maior, com cerca de 200 pessoas.
A procura aumentou depois da confirmação, nesta semana, dos dois primeiros casos de febre amarela no Rio de Janeiro. Nas duas unidades visitadas pela reportagem da Agência Brasil, as palavras mais ouvidas eram "preocupação" e "desespero".
A psicóloga Daniela Pimenta levou o filho de 3 anos para ser imunizado no Centro Dr. Álvaro Aguiar. "Depois de confirmados esses casos, fiquei muito preocupada com ele. Eu não me vacinei, mas antes de qualquer coisa tenho que imunizá-lo. E o desespero aumenta devido à falta de informação que existe nos postos", disse Daniela.
O fotógrafo Júlio de Andrade contou que tanto na unidade da Cinelândia quanto em outras unidades está havendo confusão nas filas. "Ontem (16), fui ao posto da Tijuca, e estava uma tremenda confusão. Pessoas furando fila, outras guardando vez [lugar] para grupinhos de cinco pessoas, o que congestionava ainda mais o local e tirava do sério quem estava ali desde cedo."
O consultor de informática João Barbosa, de 63 anos, que vai viajar para Macaé, região com risco de contágio, também procurou o Centro de Vacinação Dr. Álvaro Aguiar. Barbosa disse que senhas estavam sendo distribuídas entre os que estavam na fila, mas que não havia ainda a certeza de que todos seriam vacinados. "Eles estão agindo assim. Um segurança veio até a porta nos passar essa informação. Eu, que cheguei cedo, provavelmente serei atendido, mas e quem está lá atrás? Muita gente não chegou antes porque não pode, trabalha etc."
Assustada com as notícias sobre a chegada da doença no Rio de Janeiro, a oficial de justiça Vanda Costa tem dito aos amigos que tomará a vacina, não porque vá viajar para uma área de risco, mas sim porque "a doença é que está viajando para o Rio". Vanda atribui ao governo a culpa pela situação: "isso nada mais é que fruto do descaso das nossas autoridades. Essa doença não era mais falada, então qual o motivo disso? Repito, por falta de atenção e competência de quem devia se preocupar com a saúde da população. É lamentável."
O jornalista Jorge Ramos conseguiu ser vacinado após mais de três horas de espera na unidade da Tijuca. "Eles nos entregam um documento, uma espécie de termo de responsabilidade, para que a pessoa se comprometa de que está apta a ser vacinada. Cheguei aqui às 5h50 e fui atendido às 9h20, aproximadamente", disse o jornalista.
A capital e a região metropolitana do Rio ainda não são alvo da campanha estadual de vacinação, que deu prioridade a 25 municípios próximos de Casimiro de Abreu, onde morreram as duas vítimas da doença no estado. Ontem (16), o Corpo de Bombeiros entregou um lote com 1 milhão de doses da vacina contra a febre amarela para essa região, volume solicitado na quarta-feira ao Ministério da Saúde em caráter emergencial.
Procurada pela reportagem, a Secretaria Municipal de Saúde não respondeu, até a publicação do texto, se vai haver um reforço no número de doses para a capital.
*Estagiário sob supervisão da Editora Denise Griesinger
http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2017-03/cariocas-enfrentam-fila-para-tomar-vacina-contra-febre-amarelaFellipe Flehr*Comentários, artigos e outras opiniões de colaboradores e articulistas não refletem necessariamente o pensamento do site, sendo de única e total responsabilidade de seus autores.