O cirurgião-dentista Dalmir José Pegorari, 77 anos e 53 de profissão, é um dos remanescentes de uma equipe que há 42 anos aceitou o desafio de gerir os destinos do então asilo, localizado desde sempre no Bairro São Vicente e que no próximo dia 27 estará festejando 100 anos de funcionamento. Dalmir Pegorari recebeu a reportagem do A Cidade na tarde de quinta-feira, 15, em seu consultório, instalado na região central da cidade, onde no intervalo de um atendimento falou sobre a importância da efeméride. “Eu vivia torcendo para estar vivo quando a festa do centenário ocorresse”, revelou. Ele destacou que além da importância histórica, o Lar São Vicente de Paulo - denominação que passou a ser oficial a partir de 1982 - sempre foi espécie de catalisador da alma generosa da comunidade itapirense. “Por ser a entidade mais antiga o Lar simboliza como nenhuma outra este sentimento altruísta exibido por boa parte dos itapirenses, responsável pela manutenção de outras diversas entidades igualmente essenciais para os mais desfavorecidos”, opinou.
Segundo observou, a partir do devotamento, especialmente da comunidade católica local, para o bem estar dos idosos acolhidos na instituição, propagou-se uma rede de assistencialismo refletida no número de Vicentinos que hoje atuam na esfera das diversas paróquias locais. “Estas pessoas hoje têm ramificação nas igrejas da cidade promovendo principalmente o recolhimento de alimentos dentro de uma proposta clara e generosa de impedir a carência alimentar dentro de segmentos da população local. Chegaram a um nível de excelência em ter atualizada uma relação de pessoas vulneráveis neste aspecto da miserabilidade, que serve como parâmetro, por exemplo, para a ação realizada a cada final de ano pelos Noéis Anônimos no tocante à distribuição de cestas de natal”, lembrou.
Ele se recorda ainda dos tempos mais difíceis. Segundo descreveu, membros da comunidade que gravitavam em torno da Matriz de Santo Antonio foram incentivados a tomar as rédeas do antigo Asilo. “O grupo que cuidava da gestão, por uma série de motivos, desejava injetar sangue novo na entidade. Aí discutimos uma forma de ajuda e a decisão foi por assumir o comando”, relembrou. Com medo de ser traído pela memória, ele relutou em declinar nomes, mas ainda sim, lembrou de Aldo Piva Filho, Francisco de Assis Miranda e de Luiz Carlos Pires de Carvalho como alguns que integraram o grupo inicial e que ainda estão vivos.
Dalmir Pegorari disse que as condições encontradas no início eram muito precárias. “Quem visita a entidade e a encontra bonita do jeito que está, nem sequer tem ideia de como era antes. O mais relevante é destacar o trabalho comunitário, não de uma ou outra pessoa. Se o Lar chega ao seu centenário exibindo um inventário tão grande de realizações em prol do público a que se propõe oferecer cuidados necessários, foi porque sua causa foi abraçada por inúmeros itapirenses”, reforçou.
Usina
Fez questão de destacar ainda que durante a gestão do advogado Francisco Ruette, a entidade passou por uma de suas maiores transformações. Ruette, irmão da empresária Carmen Ruete de Oliveira, foi por muitos anos diretor da Usina Nossa Senhora Aparecida e, nesta condição, com total respaldo de sua irmã, não mediu esforços para promover reformas e adequações necessárias para o bem estar da coletividade atendida pelo Lar São Vicente de Paulo.
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