Leandra Felipe
Correspondente da Agência Brasil/EBC
Bogotá - No Dia Nacional em Memória e Solidariedade às Vítimas do Conflito Armado, lembrado hoje (9), milhares de colombianos marcharão em diversas regiões do país em apoio ao processo de paz, iniciado em novembro do ano passado, entre as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e o governo do país em Havana, Cuba. O próprio governo lidera a marcha, com o objetivo de buscar respaldo da opinião pública ao processo. A mensagem direcionada à sociedade civil é "Sua contribuição é acreditar”.
O presidente da República, Juan Manuel Santos, é o principal porta-voz e incentivador da marcha. Em cadeia nacional e mensagens no site da Presidência e em sua conta pessoal no Twitter, ele chama a população a marchar. “A melhor homenagem que podemos assegurar às vítimas é que no futuro não haja mais vítimas”, declara.
O presidente participará da manifestação em Bogotá. Na capital, a marcha sairá de cinco pontos diferentes, a partir das 9h (11h em Brasília), até a Praça Simón Bolivar, no centro histórico da cidade, em frente à Casa de Nariño (palácio presidencial).
A marcha tem o apoio de diversos partidos políticos, associações camponesas, sindicatos e também de vítimas, além de ministros, deputados e senadores. A manifestação convoca a sociedade civil, em um momento em que as críticas ao processo de paz se aprofundam. Os ex-presidentes Álvaro Uribe e Andrés Pastrana têm feito diversas críticas à negociação.
Na semana passada, o procurador-geral da Nação, Alejandro Ordóñez, fez críticas ao Marco Jurídico para a Paz, um conjunto de leis aprovado pelo Congresso para permitir que um acordo seja implementado após o fim das negociações.
Segundo o procurador, o marco pode gerar impunidade por abrir a porta da participação política aos ex-guerrilheiros, caso o desfecho da negociação seja pelo fim do conflito.
As negociações, no entanto, ainda não chegaram ao ponto de discutir a participação política e a reparação das vítimas, dois dos temas que fazem parte da agenda. Os negociadores em Cuba ainda estão debatendo o desenvolvimento agrário, primeiro item da pauta.
Nas redes sociais, as manifestações também são controversas. Há apoiadores e pessoas que se negam a marchar pela paz, por entenderem que a manifestação “respalda” as Farc. Mesmo assim, o presidente Juan Manuel Santos mantém o discurso e tenta motivar o país.
“A paz está cada vez mais perto, as condições estão dadas e nos permitem, pela primeira vez, a possibilidade de uma Colômbia sem guerra”, concluiu.
Além de lembrar as vítimas, o dia 9 de abril é importante para a história colombiana. Há 65 anos, em 1948, o país viveu um de seus momentos mais violentos, quando o líder liberal e candidato à Presidência, Jorge Eliécer Gaitán, foi assassinado no centro de Bogotá. O episódio culminou no chamado Bogotazo e marcou o país com anos violentos a partir de então.
Edição: Graça Adjuto
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