O engenheiro José Flavio Vieira fez uma explanação técnica repleta de dados
Com a participação de cerca de 30 pessoas, entre representantes comunitários, associações classistas e representantes do setor imobiliário da cidade, foi realizada no final da tarde da quarta-feira, 18, uma audiência pública na Câmara Municipal para debater alterações no Plano Diretor do Município , aprovado em 2006 pela Câmara, submetido dois anos depois a nova reavaliação, entre as quais fixou a possibilidade de que cada nova gestão possa o prefeito convocar, caso entenda ser necessário, nova revisão sempre no segundo ano de mandato.
A abertura foi feita pelo secretário de Planejamento, o engenheiro José Armando Mantuan. Em seguida a arquiteta Flávia Maria Zacchi Robles fez um roteiro das discussões em torno do tema, esclarecendo detalhes a respeito da condução desse processo. A partir daí a palavra foi dada ao engenheiro José Flavio Correia Vieira , 70, cuja empresa de consultoria vem dando suporte para a revisão do Plano. Apesar de radicado em São Paulo, com vasto currículo na área técnica e presença nos quadros docentes de várias universidades de ponta, Vieira tem estreitos vínculos com Itapira, onde aportou em 1973 para dar embasamento à implantação do sistema de tratamento de água e esgoto da cidade.
Ele fez uma explanação audiovisual em torno de 50 minutos onde detalhou aspectos relacionados ao crescimento urbano da cidade ao longo do século passado, dados populacionais e econômicos. Seus estudos apontam para a destinação de áreas de expansão urbana para até 150 mil habitantes. “Em 40 anos a população de Itapira dobrou duas vezes. Temos que nos preparar para uma nova possibilidade de expansão”, asseverou.
A questão de abastecimento de água foi bastante enfatizada em seu pronunciamento, em que procurou dar ênfase à importância para a necessidade do município construir uma barragem na altura do bairro dos Pinheiros para represamento das águas do Ribeirão da Penha. Em sua análise, disse que o fato do Ribeirão da Penha ter sua trajetória no limite de duas cidades somente - Amparo e Serra Negra - representa uma certa garantia de que esta água não sofrerá interferências externas que acabem por representar uma ameaça ao abastecimento, dizendo que Serra Negra tem tratamento de esgoto e Amparo se situa numa posição geográfica que não traz ameaças ao Ribeirão. Segundo sua análise, retirar água do Rio do Peixe significa lidar com o imponderável, devido ao fato do rio cortar dois Estados e receber dejetos de muitas cidades. Caso a cidade tenha que planejar crescimento para uma população acima de 150 mil pessoas, ele vê como inevitável o uso deste rio.
Debate
O Plano Diretor suscitou debate na plateia. O médico Cassiano Martelli fez a defesa de uma tese na qual a revisão do Plano Diretor deve propor uma regulação mais rigorosa de áreas que em princípio serão destinadas à expansão urbana, de acordo com o plano apresentado. Ele entende que a impermeabilização de solo em vários locais apontados poderá ser nefasta para áreas hoje amplamente habitadas, como enchentes de grandes proporções. Propôs ainda a construção um grande reservatório de água dentro do atual perímetro urbano, que receba investimentos de urbanização em seu entorno para se tornar um local de frequência da população e ajude na tarefa de regular a vazão do ribeirão.
Mantuan, na qualidade de mediador do encontro, afirmou ao ouvir a propositura do médico de que está empenhado em promover um debate que resulte na reformulação de um Plano Diretor que tenha muita qualidade. Ficou ainda decidido que outras consultas serão realizadas no segundo semestre e que o estudo apresentado por Vieira seja facilitado à comunidade para melhores considerações.
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