Apontada como uma profissão em extinção, o alfaiate ainda resiste bravamente na cidade graças a abnegação de alguns profissionais que desafiam prognósticos e mantêm sua atividade no dia-a-dia. O dia 6 de setembro é dedicado o Dia do Alfaiate.
Curiosamente dois profissionais que passaram pela famosa alfaiataria de Antonio Secolin e Antonio Sartorelli, fundadores da loja Sase, Milton de Oliveira e Nelson Malandrin. Milton tem 79 anos e também é músico. Toca e ensina violino. É pai da famosa cantora Mildred, estabelecida há várias décadas na Suiça.
Disse que começou no ofício aos 11 anos e aos 16 já havia aprendido todos os macetes. Tentou exercer outras atividades, como a de corretor de imóveis que o levou a se aventurar certa vez na cidade de Ituiutaba, no Triângulo Mineiro. A viagem em termos profissionais, segundo seu relato, não deu muito certo, mas, por outro lado, foi lá que conheceu a esposa Alice, com a qual se casou em 1959 e com quem teve além da famosa cantora, o filho Miltinho, já falecido, e as filhas Sara e Raquel.
Nunca mais abandonou o ofício de estreia. Ele conta que durante estes anos todos conseguiu estudar as filhas e manter um nível razoável de vida. “O pouco com Deus é muito e o muito sem Deus é nada”, filosofa.
Na fase atual, Milton diz que já não faz mais ternos, como antigamente. Restringe-se a consertos de peças de roupa na oficina estabelecida tradicionalmente na avenida Rio Branco. “Sou partidário da filosofia que envelhecer sem fazer nada faz o corpo e a mente se degenerarem, por isso não abandono meu ofício”, ressaltou.
Nelson Malandrin tem 74 anos e sua oficina funciona há décadas na Vila Pereira. Ingressou na alfaiataria de Secolin e Sartorelli no ano de 1956, aos 15 anos e com 17 já estava afiado. Disse que sua pretensão inicial era ser mecânico de automóveis. “Gostava de fazer serviços gerais, foi desta forma que fui recomendado à alfaiataria. Só que depois que aprendi o ofício, gostei e jamais pensei em desistir”, relatou.
Apesar de registrar que o ofício ajudou na formação dos filhos Nelson Junior e Cristiane, direciona elogios a atuação da esposa Maria Izete, que é cabelereira. “Sem a ajuda de minha esposa teria encontrado muito mais dificuldade para as conquistas que obtive no plano familiar”.
Malandrin ainda hoje corta ternos. Disse que ainda existe mercado para isso. “Quem conhece sabe que não tem termo de comparação entre o terno feito sob medida e aquele comprado em lojas”, propagandeia. Ele ensina que o termo ‘terno’ refere-se ao conjunto calça, colete e paletó. Caça e paletó segundo ele, deve ser chamado de ‘costume’.