“Eu era da roça. Foi por um atraso de pagamento que eu me vi participando de uma conversa para paralisar a área da saúde. Antes disso eu nem tinha ideia do que era um sindicato”. Essas palavras proferidas pela atual presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de Itapira dão uma ideia do processo de transformação pessoal por que ela passou desde aqueles distantes dias (1994) quando foi germinado o embrião da entidade que acabou sendo sua segunda pele ao longo de tantos anos.
Ainda hoje ela se recorda das dificuldades dos tempos iniciais, quando segundo ela “não havia uma viva alma que acreditasse na viabilidade de se constituir um sindicado de servidores em Itapira”. O começo de tudo, segundo Cristina, foi assinalado pelas mais terríveis dificuldades. “Não bastasse você ter que articular um movimento cujos maiores interessados por razões óbvias morriam de medo de se manifestar, havia ainda o problema material”, comentou ao relembrar tempos de absoluta dureza, quando o Sindicato foi ter sua primeira sede numa pequena sala na região do bairro Santa Cruz.
Ao superar tantas adversidades, Cristina foi moldando sua própria personalidade e angariando simpatia não só dos colegas da Prefeitura, mas de movimentos sociais. Ela tem sido figura constante, por exemplo, nos movimentos de emancipação da mulher.
Mas a grande transformação ocorreu por volta do início da década de 2000. Sob o pretexto de se municiar contra alegadas ofensivas oficiais para desestabilizar o Sindicato, Cristina se aproximou da Força Sindical, hoje entre as três maiores Centrais Sindicais do País. “Foi um período assim onde a gente passava por um momento de afirmação. Éramos constantemente afrontados por quem comandava o poder político e isso me fez enxergar que precisava de uma retaguarda mais firme para lidar com essa situação. Eu tinha algumas opções para filiar o Sindicato, mas encontrei na Força Sindical uma afinidade que me cativou à primeira vista. Ali troquei experiências com colegas que viveram a mesma situação que eu vivia naquela oportunidade e isso me ajudou a fortalecer o movimento dos servidores municipais aqui em Itapira”, recordou.
Depois de se enturmar com o pessoal da Central, Cristina passou a ser arroz de festa em tudo quanto é tipo de encontro de trabalhadores. Sua determinação não passou despercebida das lideranças e começou a galgar postos dentro da Força. Basta dizer que atualmente, Cristina é Secretária da Executiva Nacional, cuja atribuição é a de organizar o setor público em todo o Brasil. Representa ainda a Força Sindical na Comissão Bipartite estabelecida pelo Ministério do Trabalho ( com a classe política e representante de todos os trabalhadores) que estuda formas de regulamentar assuntos espinhosos que até hoje aguardam regulamentação, como o direito à greve por parte dos funcionários públicos, sua organização sindical entre outros itens. Por causa disso visita com cada vez mais assiduidade gabinetes diversos em Brasília, como ocorreu recentemente quando participou de um encontro no Senado Federal. Ela contou que também acumula função de diretora de capacitação e organização da Federação Estadual dos Servidores Municipais.
Pit Stop
Sobre um eventual afastamento depois de 2015, quando expira o atual mandato, Cristina admite pensar no assunto. Cristina não tem dúvida de que hoje em dia o Sindicato dos Servidores já tem estrutura para caminhar com suas próprias pernas e isso a tranquiliza. Mas nada que possa tirar dela uma única palavra sinalizando de que sua carreira local esteja caminhando para um pit stop.” Estou exaurida. Embora com muito boa vontade a gente consiga controlar a agenda, o fato é que preciso focar uma coisa de cada vez, senão fico doida”, despistou.
Cristina Gomes em recente participação no Senado da República: cargos de importância no universo sindical