“Ohh... Minas Gerais, quem te conhece não esquece jamais!”, já dizia sabiamente a música de Tonico e Tinoco. E foi assim, inesquecível a aventura de nove itapirenses que percorreram de bike entre os dias 12 e 20 de julho o Caminho dos Diamantes, uma das rotas da famosa Estrada Real. Ao todo, foram mais de 405 quilômetros entre Diamantina e Ouro Preto, passando por várias outras cidades e distritos num roteiro cercado por belezas naturais, tradição, cultura, história, curiosidades, culinária típica, tudo percorrido com muita disposição, entusiasmo e claro, reverência às mais belas paisagens desta região ainda desconhecida por muitos.
O ponto de partida foi Diamantina, fundada como um povoado em 1717 e batizada de Arraial do Tejuco. A descoberta de diamantes nos arredores impulsionou seu crescimento, fazendo com que, no fim do século 18, tivesse a terceira maior população do que então era conhecido como Capitania Geral das Minas. Nela, morou Chica da Silva, escrava alforriada, e sua casa hoje é um ponto turístico, bem como a de Juscelino Kubitscheck, que nasceu ali. Em 1999, a cidade foi tombada pela ONU como patrimônio da humanidade.
O Caminho dos Diamantes, como os outros que fazem parte da Estrada Real, tem marcos de cimento enterrados a cada dois quilômetros para guiar o visitante. Setenta e cinco por cento de sua extensão ainda é de terra com pouco tráfego de veículos – à exceção dos pontos – felizmente curtos – onde há exploração de minério, quando há bastante trânsito de caminhões.
Há muita história ao longo da estrada, nas cidades e nos distritos por onde passamos. Há muitas subidas e descidas no percurso, afinal, Minas Gerais é assim, marcada por relevo irregular. Além disso, o Caminho dos Diamantes segue ao longo da Serra do Espinhaço, considerada reserva da biosfera pela Unesco desde 2005 e responsável por muitas das belas paisagens que nos cercam durante o trajeto.
Nos lugares por onde passamos, sempre há algo interessante para se ver, como igrejas, museus, monumentos, calçamentos do período colonial, casarões ou cachoeiras, como a do Tabuleiro, com seus imponentes 280 metros, a terceira maior do Brasil. Interagir com os moradores dá um tempero especial ao roteiro.
Por falar em tempero, as comidas típicas que comemos nesses dias deixaram saudade, como frango com quiabo, tutu de feijão, feijão tropeiro, polenta, carne de porco, pudim de leite e doce de leite com queijo, entre outras delícias.
Ver o por do sol do alto da Serra da Piedade; esquecer-se do tempo curtindo a vista do vale antes de chegar a Tapera; refrescar-se nas piscinas naturais e nas cachoeiras de Itambé; curtir o clima místico de Milho Verde; sentir-se pequeno diante da grandeza da montanha que protege Morro da Água Quente; ver as pinturas rupestres no Sítio Arqueológico da Pedra Pintada, no distrito de Cocais; conhecer o bicame de pedra; trocar um dedinho de prosa com algumas pessoas que encontramos pelo caminho; entre tantas outras experiências, agora fazem parte da nossa bagagem e são lembranças que guardaremos com muito carinho do Caminho dos Diamantes.
Seu significado tornou-se ainda mais relevante porque aqueles conhecidos que haviam se visto poucas vezes, no fim era uma galera unida, brincalhona, que dava força um pro outro no meio do pedal, que estava ali para ajudar quando uma corrente quebrava, um pneu furava ou alguém ficava mais para trás. Nossos almoços e jantares eram alegres, com muitas histórias para compartilhar. Nos tornamos amigos de verdade!
Portanto, programe-se e conheça mais do Brasil e de nossa história, ajudando a preservá-la. Vá de bike, a cavalo, a pé ou num 4×4, mas vá!
Ficha Técnica
Bikers: Luis Eugênio Cima Jr., Erik Zangelmi, Rodolfo Recchia, Gabriel Burani, Ivan Banzatto, Milton Cavenaghi, Alexandre Pilen, Alexandre Campana e Beto Coloço.
Apoio: Josué
Distância Total: 405km
SubidasAcumuladas: 9015m
VelocidadeMédia: 14,5km/h
Tempo Total: 28h30m
Fotos: Erik Zangelmi/
Geninho/Rodolfo
Texto: Beto Coloço
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