O itapirense Rudá Serra e mais três amigos estão encarando neste mês de agosto, mais um grande desafio nas geladas montanhas da Bolívia. Durante a primeira semana, as atividades foram de aclimatação, ao tempo, ao clima e a escassez de oxigênio a mais de 5 mil metros de altitude. A partir desta semana, você pode acompanhar aqui e no jornal Cidade esta aventura. Confira abaixo o relato de Rudá durante a primeira escalada, o monte Tarija, a 5.368 metros de altitude.
"Fala Beto, beleza? Espero que estejam todos bem aí em Itapira. Por aqui está tudo ótimo. Estamos em La Paz descansando por alguns dias após a primeira escalada, onde ocorreu tudo bem, mas somente eu e o Marcelo conseguimos fazer cume. O Honório estava muito bem até próximo ao cume e de repente creio que começou a sentir a falta de oxigênio. O Rafael Guardia também subiu até o mesmo ponto que o Honório, mas já vinha bastante cansado, não conseguindo fazer cume. Mas todos se divertiram muito. Isso é o mais importante. Além de que esta montanha, o Tarija (5368m), serviu de aclimatação para a próxima, Chachacomani, que tem aproximadamente 6200m de altitude.
No início estava um pouco cansado, normal, pois acordar 1h30 da matina para começar o dia, caminhar até o início do glaciar com temperaturas abaixo de zero, para então se equipar e começar a escalar, é muito desgastante. Com o tempo fui me sentindo melhor. Lá pelas 5h00 da matina já estava me sentido muito bem. Honório estava num ritmo mais forte que o Guardia e o Marcelo, então saímos na frente, deixando-os com o Nolberto, nosso guia. Não podíamos ficar esperando, pois estava muito frio e a única forma de se aquecer nestas condições é não ficar parado. Lá pelas 8h00 da manhã, Honório e eu chegamos ao col. até então a escalada não é muito técnica, apenas passando por algumas pequenas gretas. Do col ao cume, aproximadamente uns 100m de desnível, a escalada se torna técnica. Deste ponto em diante não se pode cometer nenhum erro. Respiramos um pouco e esperamos no tímido sol da manhã que Nolberto chegasse com Guardia e Marcelo, que estavam exaustos. Olhei pra cima, respirei fundo e decidir atacar em solo, ou seja, sozinho. Estava muito focado e determinado a fazer aquela montanha. Cheguei para o Nolberto e disse a ele: "vou em solo!"... ele sorriu me disse: "vai lá! vou me encordar com eles e subiremos em seguida". Foi demais! Uma sensação inexplicável. Às 8h55 do dia 28 estava no cume. Olhei para baixo e vi duas pessoas no col, Honório e Guardia, que não se sentindo bem, em uma decisão muito difícil, decidiram não atacar ao cume. Uns 20 minutos depois, curtindo a vista do cume, vejo o Nolberto, seguido do Marcelo a poucos metros do cume. Foi emocionante vê-lo chegar ao cume, pois vinha se "arrastando", tamanho o cansaço. Me disse que se não fosse a motivação que o Nolberto passa não teria chegado lá. Sei muito bem como é isso... grande guia e grande parceiro de escaladas aqui na Bolívia.
Curtimos mais um pouco o visual no cume e descemos. As decidas, muito diferente do que todos imaginam, são extremamente complicadas e difíceis, uma vez que o cansaço domina o corpo e é necessário muita, mas muita concentração. Nós encontramos no col e baixamos lentamente até onde tudo começou.
Caminhamos até o acampamento, onde chegamos as 12h00, onze horas depois de nossa saída. Cansados, desmontamos acampamento, caminhamos mais 1h até o transporte e voltamos a La Paz.
Agora é descansar bastante, comer bem e fazer hidratação. Neste sábado (hoje) sairemos para o segundo desafio. Estou muito ansioso, pois se trata de uma montanha muito pouco explorada.
Um abraço a todos!"
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