Há pouco mais de um mês a presidente Dilma Rousseff estava nas nuvens: seu governo havia sido aprovado por mais da metade dos brasileiros na primeira pesquisa de opinião após a cerimônia de posse. Mas a paz que reinava sobre o Palácio do Planalto sofreu grandes abalos nos últimos dias. A semana começou com a oposição tentando convocar na Câmara dos Deputados o ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, e terminou com a ameaça de abertura de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar o aumento do patrimônio do número dois do Planalto.
Uma coisa é certa entre os governistas: já existe uma crise a ser contornada. Até agora, essa função está a cargo da assessoria da Casa Civil – que, aliás, terceirizou o serviço. A agência FSB é especializada em gerenciamento de crises. A Presidência, por enquanto, não cogita realizar nenhum tipo de pesquisa de opinião sobre o provável abalo na aprovação do governo diante das reportagens que têm afetado a imagem de Palocci.
Por coincidência ou não, o ex-ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência, Franklin Martins, esteve nesta sexta-feira com a presidente Dilma no Palácio da Alvorada. Franklin já havia se deparado com crises no governo anterior e, neste quesito, tem mais experiência politica do que a atual ministra Helena Chagas. Ela, aliás, não foi chamada ao encontro. Oficialmente, a reunião foi para tratar de questões pessoais.
No Congresso Nacional, os governistas também lançam suas armas em defesa de Palocci. O deputado Eduardo Cunha (PMDB -RJ), por exemplo, vai argumentar em plenário na próxima semana que os requerimentos semelhantes ao rejeitado na Casa para convocação de Palocci sejam prejudicados. Ele ainda é daqueles que negam abalos no governo. “Não há nenhuma crise”, avalia.
O líder do PSDB na Câmara, deputado Duarte Nogueira (SP), pensa exatamente o contrário: “Há uma crise instalada no governo que se agravou com o caso Palocci, mas que já era objeto de desalinhamento do entendimento da base governista”. Alvaro Dias (PR), líder do PSDB no Senado, faz coro. “São as primeiras turbulências do novo mandato. O caso Palocci certamente tirou a paz da presidente, que terá dificuldades de blindar o ministro e mantê-lo na função”.
Para a semana que vem, os líderes governistas terão mais uma tarefa: impedir a instalação da CPI. Levando-se em conta que o governo tem maioria na Casa, não será uma função difícil. De qualquer jeito, o movimento da oposição tem dado muito trabalho ao Planalto.
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