Durante quase quatro horas de premiações, a cineasta Gabriela Amaral Almeida subiu ao palco da Sala Villa-Lobos, do Teatro Nacional, por seis vezes. A sequência de conquistas da diretora paulista, com o curta-metragem de ficção A Mão Que Afaga, comemorada com os aplausos do público na noite de ontem (24), surpreendeu a própria diretora.
“É a primeira vez que passo isso”, disse. “É meu terceiro filme e ter a aceitação desde o júri até a crítica é uma coisa muito bacana e um reconhecimento amplo”, acrescentou Gabriela que estreou, este ano, no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. Em pouco menos de 20 minutos, A Mão Que Afaga conta o desafio vivido por uma mãe que planeja o aniversário de 9 anos do único filho.
A cineasta tem dois curtas-metragens de relativo sucesso em competições de cinema: Náufragos e Uma Primavera, vencedor do prêmio de melhor direção no Festival de Paulínia. “Mas o Festival de Brasília é bem especial, eles dialogam com a obra de forma especial. É um presente para o cineasta”, avaliou.
A diretora confessa que terá pouco tempo para celebrar a vitória, já que está preparando o primeiro longa-metragem de sua carreira. A produção, em fase de captação de recursos e aprimoramento de roteiro, terá como título Semente.
“O filme conta a história de uma menina que tenta trazer a mãe morta de volta à vida. É o momento agora de gestar esse projeto, que é de fôlego, o primeiro longa. Não terei muito tempo para comemorar esses prêmios agora”, disse.
Na categoria de curta-metragem documentário, a gaúcha Liliana Sulzbach dominou a festa com três premiações. Com A Cidade, a diretora levou para o Rio Grande do Sul as estatuetas de melhor direção, melhor fotografia e melhor som. Os principais prêmios da categoria foram disputados por tramas que tratavam da opressão e especulação imobiliária e as questões sociais em São Paulo e no Distrito Federal.
A única produção brasiliense que disputou as mostras competitivas conquistou o prêmio melhor curta-metragem de ficção pelo júri popular. Mais de 20 integrantes da equipe do filme subiram ao palco para comemorar o título conquistado com A Ditadura da Especulação e reforçar o discurso de manifesto contra a construção de um bairro nobre na capital do país, em uma região que sediava um santuário indígena.
O prêmio de melhor curta-metragem documentário foi entregue aos diretores paulistas Thiago Mendonça e Rafael Terpins pelo filme A Guerra dos Gibis, que retratou o ínico da produção de quadrinhos eróticos no país, em plena ditadura militar.
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