As recentes cotações do dólar, ultrapassando a casa dos R$ 3, com alta de quase 20% desde o começo do ano, ultrapassando na última sexta-feira R$ 3,29, tem trazido incertezas principalmente para comerciantes que têm produtos importados em seus estabelecimentos. “É uma situação que nos deixa apreensivos, porque o valor da mercadoria sobe diariamente”, admitiu a comerciante Taís Bosso Bueno Consorti, proprietária do Empório Bueno.
Segundo Taís, as próprias importadoras se vêem numa situação de dificuldades porquê trabalham com grandes volumes e conforme aquilo que foi acertado, pode de um momento para o outro representar um enorme prejuízo. “Felizmente eu havia feito bom estoque dos meus produtos e desta forma posso administrar melhor este momento de turbulência e ficar torcendo muito para que a economia entre nos eixos”, comentou.
Nos supermercados a situação não é diferente. Renato Zeferino, do Supermercados Cubatão, comenta que a atual situação obriga o setor de compras a ficar permanentemente atento à cotação da moeda americana. “Não somente os produtos acabados e importados sofrem efeitos da desvalorização do real, mas também aqueles que de uma certa forma dependem de insumos que são cotados em dólar como é o caso da farinha de trigo. O impacto da alta nos produtos fabricados é imediato”, avalia. Zeferino disse que no caso do bacalhau, produto muito procurado nesta época, não houve repasse no custo atual porque as compras foram feitas no final de janeiro e enquanto o estoque permanecer, o preço não vai mudar. “Se formos comprar outro lote, certamente o preço será diferente”, intuiu.
Seu colega César Luis Barossi, gerente comercial do Antonelli Supermercados, fez avaliação parecida do quadro atual. “No caso do bacalhau, antes mesmo da forte desvalorização do real, os fornecedores já haviam aumentado os preços em cerca de 30% com relação ao ano passado. É uma situação difícil onde temos que estudar formas para não repassar este aumento na integralidade para o consumidor. Agora com a cotação do dólar do jeito que está, se for preciso reforçar o estoque, o preço vai ser maior. Não tem como segurar’, avaliou. O impacto maior, segundo seu entendimento, ocorre no setor de importados, onde se concentram principalmente as bebidas. “Quem fizer questão destes artigos já tem consciência de que vai ter que pagar mais por eles”, avisou.
Adilson Delalana, do Supermercado Delalana, informou que tem procurado segurar ao máximo o repasse dos custos mais elevados causados pelo dólar mais valorizado, advertindo que o comerciante em geral muito pouco pode fazer nestes casos. “Se você não repassa, vai operar com prejuízo. Temos que encontrar um ponto de equilíbrio”, afirmou. Sobre o bacalhau, disse que até o presente momento vem trabalhando com estoque adquirido no começo do ano. “Por enquanto estamos operando com os mesmos preços”, finalizou.
Comentários, artigos e outras opiniões de colaboradores e articulistas não refletem necessariamente o pensamento do site, sendo de única e total responsabilidade de seus autores.