Cartilha do Dropes – Lição C: Entender o que lê.
Assunto do dia: O político analfabeto funcional.
Princípio básico: a política é uma atividade ligada às humanidades. Para exercê-la é preciso ter algum conhecimento histórico, noção sobre o comportamento das pessoas, sensibilidade e, sobretudo, visão apurada de mundo, em compasso com todas as faixas etárias.
Conceito: quando se fala em preparação para ocupar qualquer cargo eletivo, a maioria das pessoas imagina a necessidade do mais alto grau acadêmico. Acredita-se que o diploma superior e complementos conferem ao eventual eleito as condições seguras para que ele não cometa bobagens no cargo. Nada disso. A história do Brasil é rica em contra-exemplos. O fator mais importante num político é a capacidade que ele tem de enxergar o território que governa ou legisla sob a luz dos interesses da maioria. Um atributo que não é concedido por láurea acadêmica, mas pela sensibilidade e visão de mundo que cada um carrega. Outro aspecto que é intrínseco à atividade política é a capacidade em lidar com as pessoas, cada qual com seus interesses, para que ele saiba balancear as reivindicações e orientar as prioridades. Para reunir tais fatores, além do dom natural, é indispensável o hábito da leitura compensatória. Não apenas a leitura informativa, mas ter acesso a variados títulos que permitirão ampliar conhecimento e repertório. Muitos políticos mal interpretam corretamente o que lêem. Acabam valorizando muito mais uma frase ou uma palavra de efeito em detrimento à idéia que o texto propõe. Uma atitude pode levá-lo a tomar decisões errôneas e às vezes, comprometedoras.
Tarefa de casa: para os leitores não habituais, a programação de uma lista de leitura é recomendável. Todos os partidos políticos sérios tem uma lista dessa natureza a oferecer aos seus filiados e simpatizantes. Professores gabaritados e intelectuais podem prestar ajuda nesse sentido.
Resumo da lição: Para ser político não precisa diploma de doutor, mas tem que saber entender o que lê.
Orestes de Jacomo. Os vereadores da atual legislatura prestaram sinceras e merecida homenagem ao ex-vereador falecido recentemente. Mas a ampliação das homenagens, suspendendo o pequeno expediente, segundo informações subterrâneas, deveu-se fundamentalmente a dois problemas vivíssimos: a questão do PSB e o entrevero previsível entre os Sindicatos dos Trabalhadores da Indústria de Alimentação.
Motivo PSB. Caso ocorresse o pequeno expediente Mino Nicolai teria que se manifestar e se colocaria como passista sobre uma tábua de ovos. Dependendo do que falasse poderia complicar tanto a mudança para outro partido, no caso o PT, como a manutenção do seu mandato.
Motivo Força versus CUT. Para aquela noite estava prevista a participação de membros do sindicato da alimentação de Mogi-Mirim atrelados à CUT, convidados que foram pela Sonia Santos. Acontece que Itapira sedia uma unidade sindical da mesma categoria, porém é ligada à Força Sindical. O assunto poderia ter a participação local, mas a vereadora quis puxar a sardinha para o outro lado. Certamente, haveria sururu.
Mino dificilmente perderá o mandato. A legislação é clara sobre a mudança de partido. Caso lhe seja solicitado o mandato, bastará apresentar um breve histórico. Acredita-se que o PSB, agora nas mãos do Vicente enfermeiro, não vai querer mexer nesse angu e dar a Mino qualquer possibilidade de sair como mártir vitorioso dessa história.
Atitude ambígua de Sonia. Além de ter sido considerada como a pessoa que convidou Mino para entrar no PT, sabendo que ele é totalmente contrário à candidatura de Alberto Mendes, a manobra de tentar furar o Contessoto, claramente ligado ao PDT, mostra que a vereadora está com idéias esquisitas pela cabeça. Afinal, ela apregoava apoio expresso a Mendes. O que foi que mudou?
Barros Munhoz prefeito de São Paulo? Está ganhando força o grupo paulistano favorável à indicação de Munhoz como candidato à prefeitura de lá no próximo ano. Esse grupo é formado por gente do PSDB e do PSD do Kassab. Sabe-se que Serra e Kassab vêem essa possibilidade com bons olhos, resta saber como Alckmin vai se comportar, principalmente agora que seu pupilo, Bruno Covas, se envolveu na história da venda das emendas, ao informar que ele teria sido assediado com R$ 5.000,00 em propina por um prefeito.
Por outro lado, está ganhando força na cidade que Munhoz deverá anunciar a sua candidatura à prefeitura de Itapira. Essa semana circulou a seguinte armação: Munhoz sairia candidato e uma vez eleito renunciaria ao cargo, voltaria para a Assembléia e o vice da sua chapa, talvez Paganini, assumiria o cargo. Será que pode? Será que dá certo?
Vizinhos nada bobos. Na sábado, 1º, o prefeito de Mogi-Guaçu, Dr. Paulinho, do PV, fez a maior festa e distribuiu elogios rasgados ao deputado Barros Munhoz. Segundo a oposição guaçuana, Munhoz colocou o pevista na briga para a reeleição. Este sábado, 8, foi a vez de Paulo Miota, prefeito de Amparo, do PT, organizar um evento de inauguração para louvar as qualidades de Munhoz, assim como as ajudas que ele deu ao município. As festas foram grandes, mas também pudera, pelo tamanho do caminhão de recursos que o deputado levou essas duas cidades, a dupla “Paulo e Paulinho” vão demorar para tirar a música do Falamansa, “Rindo à toa”, do repertório.
Tem itapirense que não se conforma, de jeito nenhum. Como pode o prefeito de Mogi-Guaçu, que é do PV, o mesmo partido do prefeito de Itapira, e o de Amparo, que é do PT, o mesmo partido do vice de Itapira, conseguirem mais benefícios estaduais para as suas respectivas cidades com Munhoz, enquanto que Itapira, a cidade que mais deu voto ao deputado, fica só chupando o dedo, com uma ou outra coisa que vem aos trancos e barrancos. Alguma coisa deve estar errada nessa história. Com a palavra Toninho Bellini e Barros Munhoz.
Os vices de Alberto. Nas contas do pré-candidato do PSB são contabilizados cinco candidatos a vice: Luizinho Pasté, Sonia Santos, Orcini, Dado Boretti e uma quinta pessoa que ele guarda a sete chaves. Ele anda dizendo que esse quinto - e secreto nome - revolucionará a eleição do ano que vem. Resta saber até quando ele vai conseguir segurar esse suspense, sem vazar.
Orcini no PDT. A grande novidade da dança propiciada pelos partidos da cidade foi sem dúvida a filiação do vereador mais antigo, em atividade, ao grupo de Alberto Mendes. Dentre os vereadores que foram eleitos pela oposição, o único que procurou Munhoz para uma conversa, foi o decano Orcini.
Por essa ninguém esperava. Todo mundo apostava na reintegração de Orcini ao grupo de Munhoz pela quantidade de votos que ele representa. O que todos querem saber, agora, é porque Munhoz teria desdenhado ou nada fez para segurar o vereador evangélico de longa e duradora ligação?
O “up grade” Orcini. A ida de Orcini para o PDT leva um reforço e tanto à candidatura de Alberto Mendes. Seja como vice ou como candidato a vereador, Orcini levou oxigênio ao grupo. Se antes os mais pessimistas projetavam três ou quatro mil votos a Mendes, agora as previsões alcançam seis a oito mil votos. Já os otimistas...
Engenharia política. Não se sabe se o vaivém das peças partidárias foi planejado com requintes intelectuais. Mas que foi um movimento e tanto, isso ninguém negará. Orcini com Alberto reforçou o PDT. Dado e Flávio colocou peixes graúdos no PCdoB. Mino revigorou o PT. Depois de aparentemente destroçados, à exceção do PDT, os demais partidos da base aliada reverteram com primor a perda do PSB.
O PDT forte pode perder o PCdoB. Apesar de parte do PCdoB estar fechado com Alberto, a outra parte preferia apoiar a sucessão de Toninho desde que não fosse Manoel Marques. Agora com Dado e Flávio esse assunto deverá voltar à baila. O PCdoB poderá ter Dado à prefeito. Essa tal briga pode não ter passado de conversa mole para boi dormir.
O PT se engraça. Com Mino em suas fileiras, o PT vai querer lançar o candidato a prefeito, melhor a prefeita: Sonia Santos. Mino leva votos ao PT, que sonha com duas cadeiras, com Sonia como prefeita, abre caminho para mais companheiros. E o PDT fica sem o PT.
Mas tem petista bravo. Nem todos os membros do diretório - e simpatizantes - do PT aprovaram a filiação do Mino Nicolai. Acham que o partido ficará engessado. Terá dificuldades para buscar um caminho conveniente. De novo, segundo esse grupo, o partido foi prejudicado por pessoas que pensam só nelas.
O Mané perdeu o queijo. Manoel Marques acabou ficando com a pior parte, ficou isolado. Sua candidatura corre o risco de desabar, apesar de reunir a melhor estrutura entre os antigos aliados. É visível o seu descontentamento.
Novo tempo rejuvenescido. Juntando todas as possibilidades num caldeirão chegar-se-á à seguinte equação: a situação do grupo governista caminhará na prancha do navio pirata onde um monte de tubarões os aguardará, um a um, para a devoração. Desesperados, só a união será a salvação.
Munhoz não esconde. Munhoz tem dito em suas reuniões de trabalho que a melhor disputa para os oposicionistas será tem um só candidato representando a ala situacionista. O foco é um só, diz ele.
Pode não dar certo a engenharia. Alberto Mendes não dá sinais de que possa abrir mão da candidatura. Até aceita composição, desde que seja ele o candidato a prefeito. Mas como Toninho Bellini e grupo farão isso? Vão dizer que Alberto estava certo, eles errados?
Mané é mais complicado ainda. Quando Manoel saiu do governo, apesar dos panos quentes, Toninho não aprovou a saída. Toninho queria colocar Sônia na presidência da Câmara, mas não teve escolha. Depois disso, algumas atitudes e falas de Manoel Marques desagradaram e complicaram as relações do grupo. Do jeito que as coisas estão, Marques está mais para uma apresentação solo, do que em conjunto. Mané não abrirá mão da candidatura.
Se nada der certo, PCdoB bancará candidatura própria. Diante de um eventual racha e perder a estrutura jovem montada, o PCdoB poderá alçar vôo solo, também, lançando Dado e Pasté. Ou uma formação bem vista pelos dois partidos, Dado e Sônia.
Quatro candidatos ou cinco. Dependendo do andar da carruagem, quatro candidatos são vislumbrados: Alberto, Dado, Manoel e Sônia. Nesse imbróglio o PSOL poderá se apresentar, também.
Do jeito que o diabo gosta. Apesar das manifestações de Munhoz em relação a um único candidato a adversário, seus apoiadores pensam diferentemente: a partir de dois o trabalho da campanha é inversamente proporcional ao número de candidatos adversários.
A CPI do desvio. Uma informação publicada no Dropes há tempos foi finalmente confirmada pelo Secretário da Fazenda, Helio Citrângulo. O pivô do desvio foi um pagamento em duplicidade, descoberto por acaso..
Prezados Internautas
Os informantes desta coluna integram todos os matizes políticos da cidade.
As opiniões, aqui publicadas, não refletem, necessariamente, o pensamento da redação do Portal Cidade de Itapira.
PCI garante às pessoas citadas o direito de resposta. Para isso, basta que enviem email com a manifestação desejada para: [email protected].
A coluna não é porta-voz da verdade absoluta. Limita-se a democratizar a informação política que corre pela cidade. Usa o bom-humor como recurso redacional, sem apelar para as agressões gratuitas ou preconceituosas ou tendenciosas.
Nino Marcati, da Redação do PCI