A vaia que cresceu. Depois de quatro manifestações restritas à capital paulista, nascido a partir do Movimento Passe Livre, no sábado, durante a abertura da Copa das Confederações a presidente Dilma recebeu uma sonora vaia, que ganhou rapidamente as redes sociais, rádios, tvs e jornais. Na segunda-feira, no inicio da noite, ninguém falava mais da vaia a Dilma, mas na mais vigorosa passeata desde o impeachment de Collor, em 1992.
Mais de 250 mil: esse foi o número da onda de protestos que varreu 12 cidades brasileiras na noite de segunda. Em São Paulo, mais de 65 mil se concentraram no Largo da Batata, de onde se dividiram em três grupos: um foi para a Paulista, dois pegaram caminhos diferentes, mas se concentraram em frente ao Palácio dos Bandeirantes.
Jovens sem partido. Dos 65 mil manifestantes na capital paulista, 84% não declararam preferência partidária, situaram-se na faixa de 26 a 35 anos e 81% tomaram conhecimento do movimento através da Internet, de acordo com a pesquisa Datafolha. O protesto contra o aumento da tarifa do transporte ampliou-se para mais investimentos na saúde, mais dinheiro na educação, fim da corrupção, rejeição ao projeto de emenda constitucional que retira poderes de investigação do MP e contrários aos esbanjamentos nas copas.
Pacífico. Ao contrário dos protestos paulistas da semana passada onde a ação de alguns vândalos e a contrapartida exagerada dos policias resultaram em violência, na segunda-feira a manifestação transcorreu de forma pacífica, com os manifestantes entoando frases como "O povo unido não precisa de partido" e "Sem partido, sem partido", e pediam para que as bandeiras de partidos políticos fossem guardadas.
Inédito. O movimento ganhava pela primeira vez duas grandes diferenças: a primeira é não ter partidos declaradamente no comando. A segunda ficou por conta da ausência de lideranças em busca de holofotes. Característica que acabou deixando os governantes perdidos na hora de buscar interlocutores para as chamadas “rodadas de negociações”.
Não funcionou. As rodadas de negociações, como se sabe, eram usadas para esfriar o movimento e dar visibilidade aos líderes que diante da fama e assedio da imprensa deixavam de comandar para cuidar da própria imagem e do futuro político. Desta vez, a estratégia, por hora não está sendo usada.
Com o c* na mão. Os políticos brasileiros sentiram o baque do movimento e se assustaram, mas na hora de falar dos protestos, todos reconheceram a força e a legitimidade das manifestações e rasgaram elogios. No máximo questionavam os atos de vandalismo. Todos, cada um do seu jeito, estão tentando entender o que de fato a rua está dizendo. No fundo, no fundo...
Mea culpa. O símbolo do erro de avaliação do movimento certamente será creditado a Arnaldo Jabor que depois de dizer que se tratava de um bando de irresponsáveis fazendo provocações por causa de 20 centavos, teve que pedir desculpas. A Globo que num primeiro momento fez de conta que nada estava acontecendo de importante, agora dá sinais de que está com a pulga atrás das orelhas.
Menos pacífico. Nesta terça-feira, mais 50 mil ganharam a Praça da Sé em São Paulo. Parte foi para o prédio da prefeitura, a outra para a Avenida Paulista. Outras manifestações pipocaram por várias cidades do país, vinte e um na contagem divulgada pelo site da revista Época. As manifestações também chegaram ao interior de São Paulo, como Bauru, Itapetininga,, Votuporanga, Araraquara e Tupã. Várias manifestações estão agendadas para esta semana.
Preocupante. Mas o movimento voltou a apresentar sinais de violência, sem a ação da polícia, como foi o caso de São Paulo, onde a PM mal apareceu depois da rusga mantida entre o Ministro da Justiça, José Eduardo Cardoso que acusou Alckmin de tentar se eximir de responsabilidades em resposta ao senador Aloysio Nunes Ferreira. Para os organizadores, se esses manifestantes violentos não forem controlados poderá levar a opinião pública ser contraria ao movimento. O que não é bom!
Na roda. Itapira também entrou no circuito. Nesta terça-feira cerca de sessenta manifestantes ocuparam a galeria da câmara municipal com palavras de ordem e xingamentos contra os vereadores. Apesar da retirada do projeto que criava ou alterava secretarias municipais elevando diretores à categoria de secretários a moçada não arredou pé. Neste sábado está programada uma grande concentração na Praça Bernardino de Campos a partir das 10h30min. Até o fechamento desta coluna, quase duas mil pessoas tinham confirmado presença.
Parecida. A pauta de reivindicações da manifestação em Itapira é contra: o aumento dos secretários municipais, o mau investimento em saúde pública, a insegurança constante em nosso município, o descaso quanto às escolas públicas e decisões sem consultar a opinião pública. E lutar por: mais cultura - teatro/eventos públicos/etc., mais lazer - projetos diversificados em bairros, melhora no transporte público e melhora nas vias públicas.
Democracia. Na câmara, os vereadores tiveram uma postura condizente com momento e o clima instalado. Apesar das agressões verbais a eles dirigidas, em nenhum momento houve qualquer sinal de desrespeito aos manifestantes. O presidente Carlinhos se limitou a suspender a sessão temporariamente e diante da impossibilidade de continuar, encerrou os trabalhos. Os manifestantes cantaram o Hino Nacional duas vezes.
Vândalos em ação. O único ato de vandalismo verificado na câmara nesta terça-feira foi em relação ao quadro do vereador Zé Branco ligeiramente danificado. Aliás, Zé Branco chegou um pouco atrasado, com a galeria lotada, foi obrigado a ouvir: “Aí Zé, perdeu o ônibus?”
Os vivos. Quando Carlinhos Sartori pediu para que os manifestantes respeitassem a leitura dos votos de condolências, gritaram: “nós não queremos saber de quem já morreu, precisamos cuidar dos vivos, cuidar da saúde, educação...”
Coragem. Na tentativa de controlar a situação e retomar a sessão, Marquinhos, Rafael e Cesar da Farmácia ocuparam a tribuna para conversar com os manifestantes, mas logo perceberam que ninguém estava disposto ao dialogo. Juliano Água Suco, também tentou, mas acabou entrando no clima e se comprometeu a conversar com o prefeito Paganini para que ele saiba das necessidades reais do povo de Itapira. Jogou para a galera e foi aplaudido.
Forte cutucão. Ninguém sabe dizer onde esse movimento vai parar. Mas certamente mudará a forma como os políticos encaram os brasileiros. Na prática, a sensação que eles passam é a mesma dos bandidos: certeza da impunidade.
A ferramenta Internet. O movimento que atinge quase todos os estados da federação mostrou que o povo brasileiro sabe usar as redes sociais a exemplo do que ocorreu na primavera árabe e noutras manifestações semelhantes. Para o prefeito Paganini e vereadores, passar por esse processo logo no início do mandato, servirá como um grande aprendizado, não só do ponto de vista do enfrentamento democrático, mas pelo entendimento das prioridades populares, a diferença entre tentar agradar todo mundo e o ter que fazer e, principalmente, o de não ter medo de cara feia.
Vai ser bom para o Brasil. Para o deputado Barros Munhoz essa manifestação é um alerta positivo, vai mexer não só com a classe política, mas com toda a sociedade, que está convencida que neste país não vale mais a pena ser honesto. É corrupção e desmando para todos os lados e nada funciona direito na saúde, educação, transporte, habitação...
Subprefeito. Munhoz acabou comentando neste início de semana sobre a tentativa de algumas pessoas em caracterizá-lo como prefeito de fato. Na verdade ele confirmou que se considera subprefeito de Paganini, assim como ele foi de José Serra. Traz para o prefeito de Itapira toda experiência adquirida administrando mais de três milhões de moradores da região de Santo Amaro.
R$ 5 milhões. Conforme noticiado pelo Dropes anterior, por força da renegociação de dívidas de inadimplentes e sonegadores com o Estado, 17 bilhões foram recuperados. Para Itapira, o incremento desse repasse deverá ser na ordem de R$ 5 milhões.
Mais arrecadação. Outro aumento na arrecadação deverá vir com a cobrança de dívidas para com o município abandonada nos últimos oitos anos. No cadastro dos imóveis, também desatualizados, poderá resultar numa arrecadação 30% maior, sem qualquer reajuste de imposto.
Vai baixar. Paganini anunciou nesta terça-feira que a empresa Itajaí, em face das negociações iniciadas com a publicação da Medida Provisória no início de junho zerando as alíquotas do PIS e COFINS. Feitas as contas, a partir deste sábado, a passagem na catraca passa dos R$ 2,85 para R$ 2,75. E na compra antecipada, dos R$ 2,65 para R$ 2,55.
Tudo bem. Para Dado Boretti, a questão da tarifa de água está totalmente superada e corrigida. A preocupação do superintendente do SAAE é o futuro, cuidar das propostas de governo e das mudanças prometidas. O resto é conversa de quem não tem o que fazer, nem falar.
Nino Marcati, da redação do PCI.
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