No início dos anos noventa um médico pernambucano, Inocêncio de Oliveira, foi eleito presidente da Câmara dos Deputados, um deputado que permaneceu no cargo por quarenta anos, foi envolvido com trabalho escravo e com desvio de recursos destinados para combater a seca. As suas ações, quase diárias, viravam motivos de piada na imprensa brasileira. Deixou de ser deputado federal no ano passado sem que ninguém percebesse a sua falta.

 

Cerca de dez anos mais tarde, a eleição de Severino Cavalcante, um dos integrantes do chamado baixo clero e participante do escândalo dos “anões do orçamento”. Depois que o empresário que explorava um restaurante da Câmara dos Deputados denunciar que estava pagando propina, Severino renunciou. Morreu no ostracismo.

 

Mais dez anos, chegou a vez de Eduardo Cunha cumprir o destino. Eleito, destrambelhou-se com o poder, se desentendeu com o presidente do Senado, com a presidência da República, com o procurador geral da república. Cogitou em alterar as regras do jogo para reeleger-se em 2017, tentou vender a ideia de construção de um shopping ao lado do Congresso que devoraria R$ 1 bilhão. Conduziu a aprovação da PEC da Bengala com o intuito de agradar o STF, jogou fora os estudos da comissão especial sobre a reforma política e colocou em votação a redução da maioridade penal depois que a proposta já tinha sido rejeitada. Nesta sexta-feira, depois de ser acusado de receber U$ 5 milhões em propina anunciou rompimento pessoal com o governo federal.