A Procuradoria-Geral da República apresentou, nesta quinta-feira, denúncia contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ao Supremo Tribunal Federal. Acredita-se que ao desgastar o principal opositor, a denúncia poderá beneficiar a presidente Dilma Rousseff e, consequentemente, enfraquecer a oposição.
Não é bem assim. Caberá aos ministros do STF aceitar ou não a denúncia. Somente aceitando é que Cunha se tornará réu. Até lá nada muda e pelo andar da carruagem, tal decisão não deve ocorrer tão cedo. Enquanto isso, Cunha prossegue na presidência e mesmo que o Tribunal acate a denúncia, o afastamento dependeria dos deputados. Dez partidos, PSOL, PSB, PT, PPS, PDT, PMDB, PR, PSC, PROS e PTB pediram que Eduardo Cunha se afastasse durante as investigações.
A denúncia proposta pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, acusa o Presidente da Câmara de participar do esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato. Diz que ele recebeu propina de US$ 5 milhões (cerca de R$ 17 milhões) por ter viabilizado a construção de dois navios-sondas da Petrobras. Uma acusação que é veementemente negada por Cunha, como costume. Porém, para alguns analistas jurídicos, a denúncia é consistente e pode complicar a vida pemedebista. Até a Igreja Evangélica Assembleia de Deus foi citada por intermediar o recebimento de pelo menos R$ 250 mil em propinas ao presidente da Câmara.
Foram denunciados, também, a ex-deputada federal e atual prefeita de Rio Bonito (RJ) Solange Almeida (PMDB) e o senador e ex-presidente da República Fernando Collor (PTB-AL). É a primeira vez que políticos com mandato e com foro privilegiado são denunciados à Justiça na Operação Lava Jato. Ninguém sabe dizer até onde irão as descobertas...