Balneário Camboriú-SC, Guarulhos-SP, Pontal do Paraná-PR, Praia Grande-SP, São Bento-PB, Taboão da Serra-SP. Isso não é roteiro de viagem, apenas uma pequena mostra da variedade de cidades que marcam presença com seus ambulantes durante a Festa de São Benedito.
Nesse período em que a festa é realizada, as ruas e imediações do Largo de Benedito viram uma seara de variedades e até de idiomas. São pessoas de diferentes localidades que fazem essa vida de nômade em busca do sustento da família.
Mas, como há os que vêm para cá com o intuito de ganhar a vida, existem os que saem daqui para vender seus produtos em outras festas e eventos culturais. Pessoas que vivem na estrada, com família e funcionários, dormindo no trailer ou em caminhões, improvisando na hora do banho, mas se virando como podem para conseguir alguma renda.
É o caso de Luiz Donizete da Silva, o Zetão, 53, que abandonou a profissão de caminhoneiro para enfrentar a estrada de uma outra forma, em busca do sustento da família. “Parei com a vida de caminhoneiro porque as dificuldades eram muitas e o ganho cada vez menor”, explica. “Estava ficando cada vez pior e decidi trocar de ramo”.
Zetão, ao lado da esposa Gisela, comanda dois trailers que percorrem diversos eventos em cidades dos estados de São Paulo e Minas Gerais. Da Festa de São Benedito, a comitiva segue para Anhambi-SP, depois vai até Águas de Lindóia-SP para a exposição de carros antigos e em seguida pega o rumo de Monte Sião-MG, “Ao todo são 12 cidades que a gente percorre durante o ano com dois trailers, comercializando lanches e bebidas”, explica Zetão, que em Itapira marca presença em eventos como Festa de São Benedito, Motor Rock, Tratorata, Carnaval e na praça de alimentação da praça central durante o final de ano. “Mas já está ficando complicado e é bem possível que daqui pra frente a gente venda só bebidas”.
A mudança de planos, segundo ele, deve-se ao fato do movimento estar caindo de forma preocupante. “As pessoas estão cada vez mais sem dinheiro”, constata. “Pelo menos a bebida a gente não perde como os produtos alimentícios, que têm prazo de validade e, se não usar, é preciso jogar fora e, com as bebidas, dá para reduzir o número de pessoas que trabalham”.
Movimento
Segundo Zetão, as festas e eventos que mais oferecem resultados positivos são a Festa de São Benedito, o final de ano na Praça Bernardino de Campos e a exposição de Águas de Lindóia. “São os lugares que garantem, porque nos outros o movimento caiu cerca de 40%”, revela.
E assim, com cerca de 10 funcionários, incluindo os familiares, Zetão vai levando a vida de ambulante, de festa em festa. “A gente vai se virando, dormindo no trailer, tomando banho de latinha...”, diverte-se. “Mas, como não tem outro jeito, o negócio é se adaptar e ir levando”.