POR MARINA DIAS
No segundo andar de uma tradicional cantina no Jardins, bairro nobre da capital paulista, o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), almoçou com deputados e dirigentes tucanos de São Paulo, região de forte influência de seu colega de partido e desafeto, o ex-governador José Serra. Durante o encontro, que durou cerca de duas horas nesta quinta-feira (29), Aécio fez discurso rápido e ponderado, em que pregou a "união" da sigla. Apesar disso, ouviu de diversos correligionários que a possibilidade de fazer prévias para definir o nome do PSDB para 2014 é "quase inexistente" e que ele já está "credenciado" como candidato.
"Reconhecemos a importância de José Serra, mas falamos abertamente sobre a candidaura de Aécio à Presidência da República em 2014", disse um dos participantes do almoço. O deputado estadual Pedro Tobias e Cesar Gontijo, integrande da Executiva Nacional do PSDB, foram dois dos que defenderam as prévias. A ampla maioria, porém, foi contrária à ideia,
De acordo com tucanos, a reunião serviu para que os deputados reconhecessem a necessidade de trabalhar pela unidade, mas também pela renovação e diálogo com os jovens e os mais pobres, recortes em que o PSDB ainda tem dificuldades para avançar.
Onze deputados pediram a palavra após a exposição de Aécio e, segundo relatos, a maior parte deles já "credencia" o mineiro como candidato do partido nas eleições do próximo ano. Teve até quem brincou e disse que "Serra será um ótimo ministro" e, por isso, não sairá do PSDB.
O deputado estadual Orlando Morando, um dos coordenadores da campanha de Serra à Prefeitura paulista em 2012, solicitou um almoço nos mesmos moldes para receber o ex-governador. O presidente estadual do PSDB, deputado federal Duarte Nogueira, um dos principais entusiastas de Aécio, afirmou que "se houver consenso na bancada, ajudarei a organizar". "Só não sei se terá o mesmo quórum", brincou outro tucano que ouvia a proposta.
Segundo relatos, até mesmo Barros Munhoz, ex-presidente da Assembleia Legislativa e serrista histórico, falou em favor de Aécio e ponderou a necessidade de criar um discurso único no PSDB para os próximos meses.
Em público
Publicamente, os tucanos preferem não ser tão assertivos quanto à candidatura do partido para 2014. "Tem gente que acha que tem que definir logo [as candidaturas]. Nem todos falaram, mas quem falou retratou uma média de pensamento. Todo mundo se sentiu contemplado e esclarecido", explicou o presidente do PSDB-SP, Duarte Nogueira. "Foi uma reunião de trabalho".
O líder do governo na Alesp, Carlos Bezerra, afirmou que "a candidatura de Aécio não esteve em discussão". "O que discutimos foi a conjuntura nacional". "Vemos um desejo partidário na direção da unidade e o senador Aécio se colocando num processo de partido não personalista. Mas só com um discurso unificado é que caminharemos para um candidato único, o melhor candidato do PSDB para o próximo ano", finalizou o tucano.
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