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Itapira, 17 de Janeiro de 2025
Notícia
09/10/2013 | Em noite de gala, Antonio Celidônio Ruette recebe título de cidadão itapirense

A noite do dia 27 de setembro se perpetuará para sempre na memória itapirense. Em uma solenidade das mais concorridas, que atraiu dezenas de pessoas ao prédio da Câmara Municipal, o empresário Antonio Celidônio Ruette protagonizou um momento histórico para o Poder Legislativo ao receber o título de cidadão itapirense, maior honraria concedida pela Casa. O título foi concedido em 2004, mas só agora foi entregue.

 
Natural de Jaboticabal-SP e hoje com 84 anos, dono de umarica experiência acumulada no campo político, empresarial, das artes e da benemerência, Antonio Ruette chegou em Itapira, juntamente com a esposa Maria de Lourdes Porto Ruette (falecida em junho passado), em 1963 incumbido em auxiliar sua irmã, a empresária e benemérita Carmen Ruete de Oliveira, na condução dos negócios da família. O tempo de permanência durou cerca de 23 anos, até 1986, quando atraído por oportunidades de negócios , estabeleceu-se no setor sucroenergético a partir da região de Catanduva-SP. Durante o tempo em que permaneceu no município, teve destacada participação na vida política, empresarial e social da cidade. Foi vereador por sete mandatos e presidente da Câmara em cinco ocasiões: 1969,1970,1971, 1977 e 1978. Dona Deca, além de educadora e diretora de escola, se destacava no campo da benemerência e também como artista plástica e escritora.
 
Todos estes atributos foram relevados durante a cerimônia de entrega do título de cidadania pelos oradores que se sucederam no púlpito do plenário da Câmara Municipal.Destaque para a presença dos 10 vereadores da atual legislatura e dos filhos do homenageado, Antonio Ricardo, Regina Maria, Carmen Lúcia, Silvia Helena e Antonio Eduardo, além de noras, genros e netos. Integraram a mesa principal o ex-prefeito David Moro Filho, o vereador e ex-prefeito de Catanduva, José Alfredo Luiz Jorge (PMDB); o prefeito José Natalino Paganini (PSDB), a primeira–dama Sônia Maria MarquesPaganini, o presidente da Câmara, vereador Carlos Alberto Sartori (PSDB) e o deputado estadual José Antonio Barros Munhoz (PSDB), além do homenageado.
 
Carlinhos Sartori traçou um perfil do homenageado e destacou a importância daquele acontecimento como forma de retribuir toda dedicação e empenho do homenageado em favor da coletividade itapirense. Em seguida falou o vereador José Jorge, de Catanduva, representando a Câmara daquela cidade e também seu prefeito, Geraldo Vinholi (PSDB). Ele destacou a atuação do empresário como grande empreendedor e também como agente que contribui para causas nobres em Catanduva e nos municípios vizinhos com os quais se relaciona.
 
O prefeito José Natalino Paganini deixou sua mensagem de gratidão em nome do povo de Itapira relevando exatamente a vocação do homenageado em zelar pelas causas da maioria da população. “Ele é um homem plural”, destacou. Depois foi a vez do deputado estadual José Antonio Barros Munhoz externar sua admiração e amizade para com o homenageado e seus familiares.
 
Munhoz lembrou que ambos estiveram em trincheiras opostas na atividade política local, mas que, quando estavam em jogo os interesses da coletividade itapirense, havia sempre uma convergência de propósitos. “Não é segredo que fomos adversários sem sermos jamais inimigos”, afirmou.
 
Depois foi a vez do aguardado discurso do homenageado. Fazendo um preâmbulo onde mencionou o orador e estadista romano Marco Túlio Cícero (106 a.c 43.ac), ele agradeceu a homenagem e fez um apanhado comovente sobre seu relacionamento com Itapira e sua gente (veja abaixo o discurso na íntegra).
 
Exposição
 
 
Ao final da cerimônia , foi solicitado aos convidados que se dirigissem até a Casa da Cultura João Torrecillas Filho para prestigiarem aquilo que pode ser definido como espécie de “segundo tempo” das homenagens dirigidas Antonio Celidônio Ruette e seus familiares. Foi montada no local uma exposição de quadros de dona Deca e realizada uma cerimônia de relançamento da obra literária Esqueci de Viver, de sua autoria, datada originalmente de 1984.
 
O presidente da Câmara, vereador Carlos Alberto Sartori, procedeu a entrega de um cartão de prata para assinalar formalmente aquela homenagem, recebido por uma das filhas do casal, Carmen Lúcia, que é itapirense. Emocionada, ela agradeceu com palavras de gratidão àquela inesquecível recepção. Foi exibido ainda um vídeo elaborado especialmente para a ocasião, revelando detalhes da vida da homenageada, inclusive de sua presença em Itapira. Carmen Lúcia e seu pai fizeram às vezes de anfitriões, autografando exemplares do livro requisitado pelos convidados que foram prestigiar o acontecimento.
 
 
 
 
Discurso de Antonio Celidônio Ruette
 
Exmo. Sr. Vereador Carlos Alberto Sartori, DD. Presidente da Câmara de Vereadores desta cidade;
Exmo. Sr. José Natalino Paganini, DD. Prefeito Municipal;
Exmo. Sr. Dr. José Antonio Barros Munhoz, DD. Deputado Estadual e Líder da Maioria junto à Assembléia Legislativa Estadual;
 
Nobres Vereadores;
 
Senhoras, Senhores;
 
Os sentimentos da mais pura alegria me envolvem neste momento por ver realizado o sonho que acariciei durante todo o tempo de saudável convivência com a fidalga gente Itapirense.
 
Ser recebido neste augusto templo, representativo de suas mais nobres tradições é benção, é privilégio que poucos ousam aspirar.
 
A liturgia desta solenidade leva-me a contar-vos que a roda do destino trouxe-me para conviver convosco, conviver com este povo conhecido por sua tradição e generosidade.
 
Eu trazia para esta cidade minha alma moça, uma grande energia e a consciência de minhas novas responsabilidades para com a minha querida irmã, Carmen. E em meu coração vicejava a esperança de, entre vós, findar os meus dias.
 
Senti de imediato, a suavidade deste clima privilegiado e, desde logo, o meu espírito se desenvolveu ao bafejo do sol desta terra.
 
Se o meu coração trazia a tristeza pela recente perda de um ente querido, meu cunhado Virgolino de Oliveira, que se eternizou em vossos corações, pelas obras realizadas e pelo acendrado amor à sua terra natal, também aqui logo experimentei as grandes alegrias, pois, Itapira surgia, ante meus olhos, linda, como cantou um dia nosso poeta maior.
 
Itapira era fada e poesia. A natureza e a arte resplandeciam em todos os quadrantes. Itapira era virtude e generosidade. A sua formosura tornava-a sedutora para os que aqui chegavam.
 
Do alto do aprazível parque dos biris, eu me perdia em sonhos, ao contemplar a suavidade das águas do ribeirão da Penha, espraiando-se mansamente pelo bairro do Cubatão.
 
Era a emoção de estar no mesmo parque em que Menotti Del Picchia sonhou e compôs “Juca Mulato”, um dos maiores poemas, senão o maior, da língua pátria.
 
Até, então, eu vivera distante de vós.
 
Ignorava tanta tradição e grandeza.
 
Desconhecia os encantos da fada Itapira, que, à semelhança da filha da patroa, olhou-me apenas por acaso, num olhar que passou longínquo e indiferente.
 
Essa irresistível Itapira, envolvente com seu perfume suave, tornou-se, então, para mim, expressão inatingível da graça dominadora, do amor imortal.
 
Escravizou-me.
 
Submeteu-me aos seus pés.
 
Da dor cruciante, da dor sagrada que se sofre amando, também eu passei a sofrer as desventuras do nosso caboclo do mato.
 
Assim cantava o poeta:
 
Sofre, Juca Mulato, é tua sina, sofre.
 
Fechar ao mal de amor nossa alma adormecida.
 
É dormir sem sonhar, é viver sem ter vida!
 
Nessa vertigem pela fascinante Itapira, enveredei pelos mesmos caminhos que Juca trilhara um dia, para buscar, no feiticeiro Roque, remédio para tamanha dor.
 
O bruxo adivinhou-me os pensamentos e repetiu o que dissera a Juca: sei arrancar a lepra do corpo, mas, nunca achei remédio para o mal do amor; curo a peçonha da cobra, mas nada posso fazer contra o veneno sutil do olhar de uma mulher.
 
Só poderás esquecê-la, fugindo para longe.
 
Caminhei, então, para o alto do parque dos biris, e contemplando, pela última vez, seus bosques e seus ondulantes canaviais, fui embora, resignado, aninhando no coração a minha amada Itapira, com seu olhar longínquo e cada vez mais indiferente!
 
Retorno, nesta noite, para rever aquele olhar que amei, sem ter alcançado até hoje a razão dela sorrir, por duas vezes, para Antônio Caio, David Moro Filho, Caetano Munhóz e, para os filhos deste, nem sei quantas vezes, enquanto que, para mim, nenhuma vez...
 
E daqui partirei sangrando mágoa,
tristonho por onde for,
corro atrás da minha dor!
Nobres vereadores;
Senhoras e Senhores:
 
Confesso-vos que na eloqüência dos oradores que me antecederam, mal pude reconhecer minha figura, retocada com a pátina da amizade.
 
Ao recolher, para mim e para os meus, esta espuma branca de dignidade cívica, estarei proclamando: - muito obrigado, nobres vereadores que compõem este sodalício de leis, e muito obrigado a vós todos que viestes festejar comigo esta noite de glória cidadã.
 
E abrangendo tudo que é Itapira, seu poema de amor impossível, que tanto me fascinou pela sugestão da luz que cintila naquele languido e triste olhar, que nunca olhou para mim, permití que eu vos relembre estes versos de Martins Fontes, poeta santista laureado, fonte de inspiração do saudoso prefeito Caetano Munhoz, também natural de Santos:
 
Aceitai, Itapira, a minha devoção,
 
“E incapaz de servi-la como devo,
 
Quero ao menos amá-la quanto posso.”
 
ANTONIO CELIDÔNIO RUETTE
 
Fonte: Da Redação do PCI

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