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Itapira, 21 de Novembro de 2024
Notícia
07/05/2014 | Emprego no corte manual da cana mingua em todo Estado

 

Um anúncio institucional do Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), veiculado recentemente em horário nobre da televisão, falava da preocupação da entidade em dar treinamento para uma verdadeira legião de trabalhadores rurais que perderam emprego nos cana­viais do Estado de São Paulo em virtude das exigências ambientais que pedem ao setor sucroenergético um maior esforço em direção da mecanização do corte da cana. O fenômeno, segundo a assessoria de comunica­ção do Senai, tem feito com que o órgão se desdobre para oferecer possibilidade de treinamento em vários segmentos atendidos, como metalurgia e alimentação.

Embora a propaganda do Senai ensejasse alguma medida específica para o caso, o órgão informou que o atendimento é direcionado dentro do portfólio de cursos aberto a outras categorias de trabalhadores. Itapira, de acordo com a informação levantada, ficou de fora deste tipo de esforço.

Quanto ao programa para requalificação dos cortadores de cana, informou que as usinas e outras entidades ligadas ao setor agrícola têm contato direto com as escolas do Senai-SP, o que possibilita que os profissionais que antes trabalhavam no corte manual da cana possam ser orienta­dos a procurar unidades do Senai-SP para a realização de cursos que os capacitem em áreas afins ou até mes­mo outros setores. Várias escolas do órgão têm cursos, por exemplo, nas áreas de manutenção e operação de máquinas agrícolas, que fa­zem parte do universo desses profissionais que atuam no corte da cana. Esses profis­sionais que atuam no corte de cana são atendidos em várias unidades do Senai-SP, dentre elas as escolas que funcionam em São José do Rio Preto, Ribeirão Preto, Sertãozinho, Araçatuba e Presidente Prudente.

Para o presidente do Sindi­cato dos Empregados Rurais de Itapira, João Batista de Araújo Junior, a situação é mais complexa do que aparenta ser. “Temos um fenômeno muito claro de exclusão de trabalhadores de algumas atividades específicas relacio­nadas à mecanização, como é o caso da cana de açúcar. Por outro lado, devemos lembrar que o emprego na roça vem perdendo interesse das pessoas mais novas. É complicado”, avaliou. Inda­gado se sabia da existência de um programa do Senai para trabalhadores rurais se requalificarem, afirmou que desconhecia sua existência. “Nunca tive informação a respeito deste tipo de aber­tura e jamais fui procurado por qualquer representante do Senai para discutir esta questão”, informou.

Ele próprio conta que já foi cortador de cana. Afirmou que é difícil fazer um cálculo exato de quantos empregos foram eliminados em Itapira, mas imagina que há uma década havia pelo menos cinco vezes mais cortadores de cana do que hoje. “É uma atividade que sente muito de perto os reflexos da mecani­zação”, conforma-se.

Teto

Uma fonte consultada junto a Usina Nossa Senho­ra Aparecida confirmou que o número de cortadores de cana vem caindo ano a ano e que isso reflete uma nova realidade determinada por exigências governamentais e também como estratégia para aumento de produtividade e redução dos custos de produ­ção. Questionada se haveria um teto para a eliminação destes postos de trabalho, a fonte consultada informou que isso dependerá muito das condições dos terrenos onde a cana é plantada. “No caso de Itapira chegamos a um ponto onde a colheita mecanizada atinge todas as áreas onde os equipamentos podem operar sem oferecer riscos aos operadores e pes­soal de apoio. Evidentemente que ainda existem áreas onde a mecanização ainda não chegou por causa da declividade do terreno e utilizamos a mão de obra convencional em larga escala. A gente enxerga um cenário onde a tecnologia irá permitir futuramente que também estas áreas sejam trabalhadas com equipamen­tos mecânicos. É um caminho sem volta. Mas a experiência nos tem demonstrado que as novas exigências são também porta de entrada para outras funções dentro da cadeia pro­dutiva: elimina-se um posto de trabalho aqui e abre-se outro ali”, minimizou.

Máquinas substituindo o trabalho manual é caminho sem volta

Mecanização chega onde máquinas e outros equipamentos não ofereçam risco aos operadores

Fonte: Da Redação do PCI

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