O empresário Fernando José de Cunto, de 54 anos, é a pessoa que está por detrás de um imbróglio envolvendo a Prefeitura e a empresa Extrutécnica, um fabricante de rações para cães e gatos que celebrou ao final do ano passado um contrato para instalação de uma unidade fabril no distrito industrial de Barão Ataliba Nogueira. Ele garante que foi informado “pela imprensa”, no começo do mês passado, de que o terreno que havia sido designado para a construção da fábrica havia sido retomado pela prefeitura.
Desde então, conforme declarou em entrevista que concedeu na manhã da última quinta-feira com exclusividade para A Cidade, a partir do escritório de uma empresa que dirige ( Pet Atacado de Rações) em Campinas, tem procurado entender o que ocorreu. Ele disse que manteve contatos com o atual Secretário de Desenvolvimento Econômico Sergio Augusto Pinheiro e que este o colocou ao par de todos os problemas , os quais, segundo ele, foram de responsabilidade da própria prefeitura. “ Ele (Guto Pinheiro) me dizia de forma insistente que todos os problemas foram causados pelo GEIF( órgão criado na gestão anterior para gerir questões relacionadas a incentivos para instalação de empresas na cidade) como se o GEIF fosse um órgão autônomo e eu de minha parte insistia a ele que GEIF e Prefeitura são uma coisa só”, comentou. Ele garante que tudo o que foi exigido pela Prefeitura foi entregue.
Diante de tantos problemas disse que solicitou uma audiência com o Prefeito Paganini para discutir melhor a questão. “ Estávamos trabalhando em pleno vapor para nos instalarmos em Itapira. Este ainda é nosso pensamento. Evidentemente se não quiserem nossa presença, teremos que procurar uma outra alternativa. Mas, pelo menos por enquanto esta possibilidade não passa pela minha cabeça”, afirmou. Cunto garante que até o presente momento investiu do próprio bolso cerca de R$ 2 milhões com o projeto de instalação. O investimento total exigirá desembolso na ordem de R$ 10 milhões. “ Já compramos pré-moldados, alguns equipamentos industriais e esperamos passar o período das chuvas para realizar a terraplanagem no local. De repente formos surpreendidos com a situação atual”, reclama.
Quando instado a esclarecer porque ele próprio e não a direção da Extrutécnica ( quem assinou a papelada para a instalação da empresa aqui na cidade) investe na construção do prédio, o empresário ingressou num ponto que tem sido motivo de constrangimento para o dono da referida fábrica.Punto conta que é amigo pessoal do acionista majoritário Leopoldo Fornais que detém 99% da participação na Extrutécnica. Ainda conforme argumento do empresário, Fornais cedeu 1% para Azel Monzoni Junior que assinou os papéis em nome da empresa durante as negociações com a Prefeitura de Itapira, porque Monzoni Junior seria especialista em administração de empresa.
No final do ano passado – depois de concluído o processo de doação da área - foi levado no programa Fantástico da Rede Globo um intrincado caso onde a Extrutécnica havia sido vitimada por uma ação criminosa que começou com incêndios e ganhou corpo com ameaças a funcionários. Monzoni Junior seria posteriormente acusado pelo Ministério Público de ser o mandante destas práticas criminosas. Punto mostrou trechos do processo, o qual corre em segredo de justiça.
Perguntado porque este fato não foi revelado nas conversas que ainda manteve ao final do ano com as antigas autoridades do município, disse “que não achou relevante”. “ A empresa havia sido vítima de uma ação criminosa e não o contrário”, prosseguiu. Voltando à questão da sua empresa decidir ela própria bancar a construção do barracão industrial, afirmou que a Pet Atacados compra toda a produção da Extrutécnica e que achou interessante a possibilidade dele mesmo construir e alugar o prédio para a fabricante.
Sergio Augusto Pinheiro estava a serviço em São Paulo durante o dia de ontem e não foi contatado. O prefeito Paganini disse que está ao par do assunto e que considera que seu encaminhamento até agora foi feito de forma inadequada. Disse que pretende conversar pessoalmente com os empresários para chegar a um entendimento satisfatório sobre a questão.
O empresário Fernando Cunto mostrou projetos de instalação
Empresa produz 4 toneladas de ração por hora
A pedido da direção da Extrutécnica , a reportagem do Jornal A Cidade visitou a sede da empresa estabelecida há cerca de sete anos na avenida John Boyd Dunlop . A visita foi conduzida pelo gerente Industrial Claudio Roberto Oliveira Pereira. Lá estavam também Edson Roberto Cavallaro , gerente de RH e Sergio Ricardo Smid, Supervisor de Produção.
Um dos motivos que levaram a direção da empresa a se mudar é a necessidade de investir no aumento da produtividade, estimada atualmente em 4 toneladas por hora , em turnos de 24 horas. Com os novos equipamentos já adquiridos esta produção será ampliada em pelo menos 50% na previsão de Pereira. O setor de estocagem de produtos mostrava-se também bastante acanhado. Outro fator que segundo ele foi preponderante para que os acionistas corressem atrás de novas instalações foi a mudança de zoneamento feita pela Prefeitura de Campinas que restringe a atividade industrial onde fica localizada a fábrica.
A Extruténica atua com várias marcas de ração, para diferentes segmentos, com distribuição em todo território nacional segundo Claudio Pereira. Emprega 60 pessoas fora o pessoal administrativo. Para Itapira, segundo Edson Cavalaro, a expectativa de que no início sejam oferecidas 40 novas vagas. “ Num esquema de mudança temos que levar nossos operadores chaves. Serão eles quem farão o trabalho de treinamento com os futuros funcionários”, explicou. Ainda segundo sua avaliação, a presença em Mogi Mirim da Master Foods (EFEM) ajuda na perspectiva da atração de mão de obra vinculada a este setor de atividade.
Funcionários em nível de chefia da Extrutécnica receberam a reportagem de A Cidade