A revista IstoÉ publicou entrevista com o presidente do PTB, Roberto Jefferson.
Roberto Jefferson - Não. Aquele esquema que o PT montou para comprar apoio parlamentar morreu. Como o PT não queria dividir o poder com ninguém, preferia pagar para ter apoio nas votações. Com o PTB e os outros partidos a conversa era de aluguel mesmo. Já outra coisa era o João Paulo Cunha, que, sendo do PT, não precisava receber dinheiro para votar com o governo. Ele sacou do esquema do Marcos Valério para quitar dívidas de campanha. Hoje em dia a sociedade está mais atenta. No caso do PR, o mais provável é que o partido estava fazendo caixa.
Roberto Jefferson - Pagando dívidas de campanha ou fazendo caixa para as eleições, pois não se ganha eleição neste país sem estrutura.
Istoé - E isso não é corrupção?
Istoé - Se há loteamento político dos ministérios e estatais, qual é o limite dos partidos?
Istoé - A presidente Dilma Rousseff tem optado pela nomeação de técnicos para evitar o uso da máquina por partidos e políticos. O sr. concorda?
Istoé - Profissionalizar a gestão não é o ideal?
Istoé - O financiamento público de campanha ajudaria a evitar esses esquemas de corrupção?
Roberto Jefferson - Financiamento público é um escândalo. Sou contra. Defendo é que se pare de bater no financiador privado, que hoje é visto como bandido. O doador privado tem presunção de culpa. É preciso entender que não existe almoço grátis, nem na relação entre marido e mulher. Manda a mulher negar amor ao marido durante um mês para ver se ele paga as contas dela!
Istoé - O sr. impôs uma quarentena ao PTB?
Istoé - A tempestade a que o sr. se refere é o risco de retaliação e um eventual racha na base aliada?
Istoé - O PTB apoiaria uma CPI dos Transportes?
Istoé - Mas, se a Polícia Federal não abre um inquérito, a CPI não seria uma saída para esclarecer as denúncias?
Roberto Jefferson - A PF não abre inquérito porque não tem elementos para isso. A própria Dilma já reconheceu que nem todos os demitidos são culpados. É preciso um fato jurídico relevante para que a PF investigue. Além disso, a Dilma não vai a lugar nenhum com um governo policial. O que ela precisa é de um novo articulador. Ela perdeu o Antônio Palocci, e nem a Gleisi Hoffmann ou a Ideli Salvatti são habilitadas para essa função. Falta um algodão entre cristais.
Roberto Jefferson - Penso que o processo está indo bem, apesar de o ministro-relator Joaquim Barbosa ter faltado muito e atrasado os trabalhos. Ele era o presidente do inquérito, mas faltava, faltava e faltava. Tanto que o STF se reuniu e falou para ele: “Volta a trabalhar ou fica no botequim.” Ele faltava com dor de coluna, mas aparecia no botequim. E depois botava a culpa no processo democrático da defesa. Mas acho que agora está chegando a bom termo. O procurador-geral Roberto Gurgel apresentou suas alegações finais e as defesas estão agora fazendo as suas. Vai ter muita gente condenada.
Istoé - O sr. teme ser condenado?
Istoé - Voltando ao caso do mensalão. O sr. espera um julgamento técnico no Supremo?
Roberto Jefferson - Ah, espero sim. O problema é que tenho uma visão muito particular sobre o relator. Penso que ele não sentencia para o direito, mas joga para a galera. O Joaquim Barbosa não é um homem do Tribunal, ele quer aplauso em botequim. Ele se coloca acima dos demais ministros, como se fosse corregedor. Mas não acho que seja um grande jurista. Tenho para mim que foi para o STF na cota racial e não por notório saber jurídico. Quer ser político, atravesse a rua, inscreva-se num partido e vá disputar uma eleição. Fazer demagogia com sentença é golpe baixo.
Istoé - O sr. acha que o Lula sai candidato em 2014?
Roberto Jefferson - Penso que sim. E acho que a Dilma devia assumir isso. Dizer que não é candidata à reeleição e que seu compromisso é com a reforma eleitoral e a reforma tributária. Era uma maneira de ela se liberar dessas pressões pequenas, sem se render ao toma lá da cá da política.
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