José Antonio Martarelli: vendas de inhame em alta
Mito ou realidade? Desde que a epidemia de dengue se alastrou pela cidade, nas página sociais muita gente passou a divulgar supostos benefícios que o inhame ocasiona a quem o consome com regularidade, no combate a alguns dos sintomas da doença. O efeito prático mais visível da propagação deste assunto foi o reflexo causado nas vendas do produto. “Vendíamos em média uma caixa por semana, passamos a vender mais de duas, seguramente”, comentou Ricardo Zeferino, do setor comercial do Supermercados Cubatão.
Ele não tem dúvidas em a atribuir ao fenômeno da dengue este aumento na procura pelo tubérculo. “Um colega que tem um comércio em Espírito Santo do Pinhal contou que tem vendido a mesma quantidade de sempre e em Pinhal a dengue está sob controle”, comparou. Ângela de Oliveira, da Fruta Boa, também comentou o aumento das vendas. “Vendia em média uma caixa por semana e passei a vender de três a quatro”, confirmou.
Na feira do Mercadão, o comerciante José Antonio Martarelli, 64, afirmou que muitos clientes chegam com receitas prontas para uso do produto, garantindo que ajudam no combate dos efeitos da doença. “Estou vendendo cerca de três vezes mais do que vendia antes. No próprio Ceasa os vendedores estão impressionados com o aumento das vendas”, disse.
O eletricista Cristiano Morais, 37, foi até a banca de Martarelli a procura de inhame e quase ficou sem. Tinha ficado doente há 20 dias, segundo disse. Comentou que o médico que o atendeu recomendou a ingestão do vegetal. “Ele me disse que ajuda a subir o número de plaquetas”, revelou.
A técnica em enfermagem Ana Claudia Araújo da Silva, moradora no Jardim Galego, também ficou doente há cerca de 20 dias e, ao contrário de outras pessoas, disse que sempre consumiu inhame - antes mesmo de se tornar tão popular por causa da dengue - e que não sentiu nenhum alívio nos sintomas quando pegou a doença. “Isso é mito. Sou uma pessoa que sempre faz uso do inhame em casa e até imaginei que fosse ter algum benefício quando peguei dengue. Mas não ajudou em nada”, garantiu.
Alimentação
Em meio a enxurrada de informações desencontradas que pululam na Internet sobre o assunto, existem também análises mais sensatas. Algumas delas até falam dos benefícios do inhame. “Esse tubérculo possui benefícios como a propriedade de manter a boa flora intestinal, o baixo índice glicêmico, que o torna um bom alimento para diabéticos e a capacidade de reduzir a absorção de colesterol”. Mas, segundo a mesma fonte, não há nada específico que explique a recomendação do inhame em casos de dengue. O que existiria de concreto seriam benefícios produzidos pelas propriedades do vegetal. Um outro benefício do inhame apontado seria o fortalecimento do sistema imunológico. “O inhame tem uma quantidade boa de vitamina A, importante para o sistema imunológico e para a integridade das mucosas. Em recentes trabalhos, tem sido estudado que o inhame, como um tubérculo, possui também uma proteína capaz de estimular o sistema imunológico, aumentando a fagocitose, a resposta das nossas células para incorporar as bactérias ou vírus que estão atacando o organismo para destruir uma infecção”, aponta um comentário colhido na rede de computadores.
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