A equipe de esportes da Rádio Clube de Itapira festejou nesta semana os 15 anos de sua criação. Muito embora, conforme admitiu o sócio-proprietário Luiz Norberto da Fonseca, o Betuska, em seus quase 60 anos a emissora tenha tido outras equipes que acabaram se desintegrando com o passar dos anos, a atual equipe trouxe uma tradição de narrações esportivas ao longo da semana.
Segundo cálculos de Betuska, são em média oito transmissões esportivas por mês, o que totaliza quase 1,5 mil delas ao longo destes 15 anos. O comandante da equipe é João Roberto Panizola, o JP, que revelou ter caído de paraquedas naquela formação original que no dia 02 de dezembro de 1999, uma quinta-feira, transmitiu a final de um torneio municipal de futsal direto do ginásio Benedito Alves de Lima, o Itapirão, registrando o empate em 4 a 4 entre Itavel e Paulista, dando o título a este último. A ideia de criar a equipe foi de Jorge Ferreira, que naquele jogo foi o narrador. Ivan Rezende foi o repórter e JP convidado a comentar. Na retaguarda Marcelo Rojas e Eduardo Vieira.
JP pegou gosto pela coisa e com o passar dos anos ganhou o apelido de Lorde dos Comentaristas. No ano seguinte a equipe que contava com o narrador Batista Gabriel e o repórter Ivan Rezende, acompanhava jogos do Mogi Mirim. Como a audiência crescia e era preciso captar o gosto popular pelo futebol, entrou no radar da equipe a necessidade de transmitir jogos das grandes equipes. No começo havia deslocamento para os locais das disputas e muito pouco tubo, forma de narrar os jogos a frente de uma TV ao invés de ocupar uma cabine no estádio. Com o passar dos anos, o tubo tornou-se predominante.Na última Copa do Mundo, por exemplo, a equipe ficou impressionada com a audiência registrada nos jogos do Brasil, apesar de todo mundo estar grudado na TV.
E não foram poucos os jogos que a equipe cobriu presencialmente, alguns deles memoráveis, como uma final de Campeonato Paulista (Botafogo x Corinthians em 2001), uma final de Campeonato Brasileiro (em 23 de dezembro de 2001 no Estádio Anacleto Campanella, São Caetano x Atlético Paranaense) e uma final de Libertadores em 2002 (São Caetano X Olímpia do Paraguai, jogo disputado no estádio do Pacaembu).
No Estádio do Mineirão a equipe esteve duas vezes,uma em novembro de 2001 num jogo em que o Atlético-MG venceu o Palmeiras por 2 a 1 e em 2004, num Brasil e Argentina, com vitória do Brasil por 3 a 0, três gols de Ronaldo.
Com a volta da Esportiva ao profissionalismo a equipe da Clube perambulou por campos menos competitivos desde os tempos da Série B. Ao longo destes anos a equipe foi sendo reformulada. Na narração Batista Gabriel foi substituído por Humberto Panizola, depois foi a vez de Ivan Rezende e atualmente está a cargo de Lucas Valério. O próprio JP que era espécie de vitalício na função de comentarista, abriu mão para convidados especiais e, atualmente, apesar de eventualmente ainda dar o ar da graça, comenta aos jogos da equipe Jota Sobrinho. Na equipe de reportagem atuam Emiliano Palmeira e Gil Costa. No plantão Paulo Antonelli e na sessão Gente que se Liga na Gente, Silvio Rosa com apoio de Mariana Saraiva Torres.
Apuros
João Panizola lembra ainda que foram 15 anos de muito aprendizado. Foram incontáveis improvisos graças às tradicionais mancadas da companhia telefônica. Chuva, trânsito parado e até ira de torcedores foram alguns dos obstáculos enfrentados.
Neste último caso, ele relembrou três episódios. Na final do Paulistão entre Botafogo e Corinthians, segundo ele, quando Marcelinho Carioca acertou o chute em cobrança de falta que deu o título ao Timão, Batista Gabriel precisou fazer a narração agachado para não despertar o furor dos torcedores do Botafogo. “Eu ficava com o microfone desligado, lamentando em voz alta o resultado, para que o Batista continuasse narrando”, relembra. No jogo entre São Caetano e Atlético-PR, como não havia cabine disponível para sua equipe, foi colocado literalmente no meio da torcida do São Caetano. “O clima era tenso porque o São Caetano precisava reverter o placar do jogo de ida e estava perdendo. A torcida estava enfurecida.Aí peguei um torcedor espalhafatosamente trajado e o convidei para comentar o jogo ao nosso lado.Foi o nosso salvo conduto para sairmos de lá ilesos”, recordou.
Finalmente, num jogo entre Ponte Preta e Palmeiras, no Moisés Lucarelli, enquanto aguardava o momento da partida - o normal era chegar pelo menos umas quatro horas antes da partida ao local - foi dar uma volta e comprar pipoca. De repente se viu cercado por um grupo de torcedores da Ponte que deixou clara a intenção de agredi-lo. “Quando percebi que a coisa tava preta para o meu lado, algo me iluminou e disse bem alto para o grupo que era da imprensa. Eles me olharam cismados e me perguntaram se eu não era o Loebeling (Alfredo dos Santos Loebeling, ex-juiz de futebol e que iria apitar aquela partida). Acontece que eu estava trajando um blazer e me acharam parecido com o juiz. Quase apanhei por causa disso”, diverte-se.
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