O engenheiro chefe da Casa da Agricultura, Ivo Marcos Peres de Faria, é espécie de testemunha ocular da aflição que a estiagem está causando no produtor rural de Itapira. Em suas andanças pela zona rural, ele tem trazido relatos de nascentes, poços e minas de água que estão secando. Dentro de seus próprios domínios, Faria encontrou uma outra situação, que segundo ele, possui relação direta com a situação de momento.
As 200 sacas de semente de um milho mais resistente, testado e produzido pela Secretaria de Estado de Agricultura, disponibilizadas para serem vendidas aos pequenos agricultores da cidade, acabaram já no final do mês passado. “Normalmente no começo de outubro ainda existiria um pequeno lote para comercialização. Mas o produtor, já rescaldado com os estragos que a seca causou na safra anterior, veio e levou tudo o que tínhamos”, disse.
Segundo Ivo Faria, a variedade é comercializada a custos vantajosos em comparação a outras comercializadas nas casas do ramo, conhecidas por sementes híbridas. “A maioria dos agricultores prefere a híbrida porque ela rende mais por hectare plantado. Problema é que com um clima adverso como este, ela não tem a mesma resistência da outra semente. Então, é natural que alguns produtores prefiram apostar no plantio da semente recomendada para solo de menor fertilidade”, revelou.
Segundo sua estimativa, o milho híbrido de forma geral costuma produzir nove toneladas por hectare, enquanto que a semente especial fica pouco abaixo disso, cerca de oito toneladas. “Na safra passada quem plantou o milho híbrido teve problemas”, apontou. Na Casa da Agricultura, a saca de 20 kg foi comercializada a R$ 70. Com a experiência de uma pessoa que possui grande conhecimento de causa no assunto, o chefe da Casa da Agricultura local acha que o governo estadual poderia enviar uma quantidade maior de sementes especiais, não só do milho. “São Paulo é um estado que exibe grandes resultados em tecnologia na produção de sementes, numa parceria que envolve universidades e a própria iniciativa privada. Para uma cidade como Itapira, 200 sacas de semente , convenhamos, é pouco”, raciocina.