Foi sepultada na terça feira passada, dia 11,no Cemitério Monsenhor Albino, na cidade de Catanduva, a educadora, escritora e artista plástica; dona Maria de Lourdes Ribeiro Porto Ruette, carinhosamente conhecida como Deca Ruette. Tinha 83 anos e era esposa de Antonio Celidônio Ruette, um dos irmãos da empresária e benemérita Dona Carmen Ruete de Oliveira; pessoa de grande influência em Itapira tanto na área empresarial quanto na atividade política durante o tempo em que aqui permaneceu por 23 anos, de 1963 a 1986.
A notícia do falecimento de Dona Deca causou enorme comoção entre os diversos amigos que a família ainda possui em nossa cidade. Além do marido, deixa os filhos Antonio Ricardo, Regina Maria, Silvia Helena, Carmen Lucia e Antonio Eduardo.
Segundo testemunho de amigos e familiares, a falecida se destacou ao longo de sua vida por ser uma mulher que se dedicava com afinco à família e também às atividades profissionais e artística às quais se dedicava, a literatura e também a pintura. Foi professora e diretora de escola com destacada atuação em Itapira, Mogi Mirim e Bragança Paulista. Possuía ainda desmedida inclinação em ajudar os mais necessitados mantendo sempre uma postura de absoluta discrição pautada na máxima bíblica revelada no Evangelho de São Mateus (Mateus 6:3,4) “Não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita”.
Segundo testemunho do próprio esposo, esta sua inclinação em favor dos mais necessitados só fez aumentar o respeito e a admiração da comunidade de Catanduva em torno de sua pessoa. “Em Catanduva, era muito estimada por seu trabalho em favor das obras assistenciais , destacando-se sempre com seu trabalho em favor das entidades de benemerência”, disse Antonio Celidônio Ruette.
Na seara artística, era dona de raro talento na pintura de quadros, cujas obras ganharam notoriedade em São Paulo, aqui em Itapira e em Catanduva . Culta e sempre muito bem informada, foi autora de dois romances, “Esqueci de Viver” e “ Ninho das Águias”, nos quais deu vazão a seus pendores literários.
Dona Deca, deixa uma enorme lacuna nas vidas de amigos e familiares
Lágrima, sem volta
Sua partida levou o brilho das estrelas que, despeitadas reverenciam esplendor maior.
Ficam todos os jardins que você floriu.
O sol deixou de brilhar e a ausência habita em nossos corações.
O físico se foi, mas, seu espírito vive em cada célula do nosso ser.
Nunca mais sentir o calor do seu olhar, o conforto de seu tato e a imensidão do seu amor.
Hoje a dor dilacera nossas almas ceifando nossos sonhos. Escuridão.
“Vinde a mim todos os que estão cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei”, disse o Senhor.
A Morte não existe, é apenas uma passagem.
Se a face não pode mais ser tocada, o calor do nosso amor rompe qualquer fronteira.
Cada nascer do sol nos alegra, pois encurta a distância para reencontro que um dia ocorrerá.
Homenagem dos filhos
Notável Guerreira
Argemiro Repas (*)
Virtuosismo como marca de uma inteligência que só a situava no patamar diferenciado dos seres predestinados.O pontuado discernimento de suas ideias avançadas, fluindo sempre no magnetismo de seu rosto, lhe conferia algo que define aquilo que ela conquistou no contexto do bom relacionamento tão festejado por todos.
Diríamos , sem receios ( exatamente porquê tivemos a ventura de conhecê-la) que Maria de Lourdes Ribeiro Porto Ruette não era uma mulher comum: possuía luz própria na abrangência de sua inspiração literária que concebeu livros imortalizados no contexto de uma notável fluência de ideais que sempre defendeu de maneira obstinada.
Essa alma doce que foi Deca, como carinhosamente a chamavam, incursionou pelas artes plásticas, dando identificação às obras de sua magistral coleção, digna das mais festejadas vernissages.
A benemerência, impulsionada por um coração cristão, a colocou ao lado dos necessitados com iniciativas louváveis, corajosas , mas que não gostava de alardear como nas pessoas despojadas da frivolidade humana. Tinha , pelo testemunho de tantas admiradoras, a perfeita alma itapirense entrelaçada por amizades que floresceram ao longo de quase 25 anos de fraternal convivência. A luminosidade de seu talento extrapolava para definir a guerreira atuante que nunca renunciou. Deixou para os filhos e esposo a lição esculpida na grandeza de lutas abnegadas e repassadas de memoráveis triunfos.
Que a santa paz lhe sirva para moldar traços arquitetônicos no seu eterno panteão da saudade. Maria de Lourdes Ribeiro Porto Ruete (1930-2013)
(*) – Argemiro Repas é jornalista